
A primeira informa��o sobre o suposto atentado foi dada pelas autoridades argentinas em 2 de mar�o de 1972. “Grupo de bandidos e asilados brasileiros no Chile estaria empenhado na perpetra��o de um atentado terrorista (sequestro ou atentado � bomba) contra o presidente M�dici. Tal atentado teria lugar antes da viagem do presidente Lanusse ao Brasil”, diz a mensagem enviada de Buenos Aires. O alerta foi dado pelo coordenador de opera��es do II Ex�rcito � chefia do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) de S�o Paulo e depois difundido para as �reas mais estrat�gicas do governo.
O suposto atentado seria executado por uma pessoa que estava asilada ou refugiada no Chile, segundo documentos secretos do Cisa. Ele s� retornaria ao Brasil para praticar a “miss�o terrorista seletiva”, como classificaram os agentes da �rea de informa��o do governo. O grupo estrangeiro que daria apoio seria o Movimento de Izquierda Revolucion�rio (MIR), do Chile. N�o h� entre os pap�is refer�ncias ao desfecho do caso ou se algum dos envolvidos chegou a ser preso. Os nomes constam no informe secreto, mas est�o tarjados, ileg�veis, uma pr�tica adotada pelo Arquivo Nacional.
O acervo do Cisa entregue esta semana tem mais de 35 mil documentos, ou cerca de 150 mil pap�is que mostram v�rios momentos da vida brasileira. Contempla o per�odo entre 1964, depois do golpe militar, e os anos 1990. Um relat�rio da Secretaria de Intelig�ncia da Aeron�utica, por exemplo, faz elogios ao ent�o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que pouco depois seria eleito presidente da Rep�blica. “O soci�logo tem um curr�culo invej�vel, todo constru�do na esquerda e na oposi��o aos governos p�s 1964”, indica um documento produzido em 12 de janeiro de 1994. O relat�rio — que deveria ser entregue ao ent�o ministro da Aeron�utica — tamb�m faz um contraponto sobre as contradi��es de FHC como senador e como integrante do Executivo.
Monitor
Outros documentos mostram o monitoramento de grupos esquerdistas do regime militar. Todos os nomes de integrantes est�o tarjados. Um dos casos � uma avalia��o dos documentos apreendidos em um dos “aparelhos” (sedes) da Var-Palmares — organiza��o a qual a presidente Dilma Rousseff pertencia —,no Rio Grande do Sul, em agosto de 1970. Outro arquivo, mais robusto, explica como o grupo agia, mas n�o h� a revela��o de nomes. Tamb�m constam do acervo arquivos incompletos ou mensagens sem relev�ncia que estavam guardadas h� d�cadas.