
Na ocasi�o, os trabalhadores fizeram reivindica��es ao ministro do Trabalho e agradeceram por benef�cios recebidos, tudo documentado pelo Dops paulista. O informe, que s� foi difundido a outras ag�ncias de informa��o da �poca depois de um m�s, relatava que at� mesmo as esposas das autoridades presentes eram observadas. “Foi dada a palavra ao ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, que proferiu um breve discurso”, registraram os arapongas.
Al�m disso, “as reivindica��es apresentadas seriam objeto de estudo, havendo a possibilidade de algumas serem atendidas, enquanto outras deveriam encontrar solu��o conforme os maiores interesses do operariado e governo”. O discurso de Sodr� tamb�m ficou registrado no informe do Dops, que destacou que o governador paulista falou sobre a “necessidade de ser restabelecida a verdade e de acabar com a mentira”.
Depois que as autoridades deixaram o local — seguindo para outra festa de trabalhadores —, foi a vez de os sindicalistas serem os alvos da espionagem. Segundo o informe, que se encontra no acervo do Centro de Informa��es da Aeron�utica (Cisa), no Arquivo Nacional, em Bras�lia, os discursos passaram a ser contra o governo. “Falou, tamb�m, um representante do sindicato dos qu�micos de Osasco (estamos investigando para identificar), criticando violentamente aqueles que aplaudiram o ministro do Trabalho, que falava em liberdade, enquanto ‘beleguins’ do Dops prendem trabalhadores que lutam por seus direitos”, relatavam os agentes do servi�o de informa��o, que tamb�m atuavam na repress�o.
RIGOR
Com o passar dos tempos, a vigil�ncia em torno dos sindicatos ficou cada vez mais severa. O movimento sindical representava fonte de preocupa��o para os militares desde o golpe de mar�o de 1964 aos instantes finais do regime de exce��o, em 1985. Em 1º de maio do ano anterior � redemocratiza��o, por exemplo, os arapongas estavam no Sindicato dos Metal�rgicos de S�o Bernardo do Campo (SP), durante a elei��o de Jair Meneghelli � presid�ncia da entidade. “Para compor a chapa, Meneghelli indicou, tamb�m, mais tr�s elementos: Luiz In�cio Lula da Silva, Vicente de Paulo da Silva (o hoje deputado Vicentinho) e Jos� C�ndido Pereira. Esses quatro elementos, cassados de acordo com a lei trabalhista, s�o ineleg�veis, mas essas indica��es foram feitas com o prop�sito claro de desmoralizar as leis trabalhistas do pa�s”, relataram os agentes infiltrados entre a multid�o.