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Estado de Minas

Deputada que teve o filho assassinado luta por pena maior a crimes hediondos


postado em 15/05/2011 07:02 / atualizado em 15/05/2011 08:27

Na manh� de sexta-feira, 13 de maio, a comerciante Iolanda Keiko Miashiro Ota subiu no p�lpito da C�mara dos Deputados para fazer valer a m�xima: “Se quer algo bem feito, fa�a voc� mesmo”. A camiseta com o rosto do filho Ives, morto aos oito anos em 1997, � velha conhecida dos corredores da Casa. Mas, pela primeira vez, subiu ao p�lpito, empunhada por 213.024 eleitores que elegeram a agora deputada federal Keiko Ota (PSB-SP). Desde que tomou posse no mandato, em fevereiro, a deputada e o marido, Masataka Ota, tomaram por miss�o aumentar a pena para crimes hediondos no pa�s. Objetivo que n�o foi poss�vel no passado, mesmo apoiado por 3 milh�es de assinaturas, mas que agora tem mais do que uma inten��o, um mandato.

H� 12 anos, Keiko e o marido iniciaram uma peregrina��o por altera��es no C�digo Penal. A miss�o de vida dos Ota teve in�cio depois que o filho do casal foi sequestrado e morto por seguran�as de Masataka, ap�s reconhecer o rosto de um dos algozes no cativeiro. Depois do crime, o casal recolheu 3 milh�es de assinaturas e entregou-as em 1999 ao ent�o presidente da C�mara, Michel Temer (PMDB-SP), pedindo que crimes hediondos fossem punidos com pris�o perp�tua e trabalho agr�cola. Desde ent�o, o processo nunca avan�ou no parlamento. Pior, os acusados de assassinar o filho do casal foram condenados a 43 anos de pris�o, mas acabaram soltos depois de apenas seis, com a regalia de cumprir o tempo em pris�o militar – eles eram policiais militares.

Inconformada com o desfecho anunciado para a morte do filho, Keiko decidiu criar um novo fim. “Fiz uma declara��o de vida para o Ives, de que, enquanto eu viver, n�o vou querer vingan�a, mas Justi�a. O perd�o pode e deve conviver com a Justi�a. S� cumpriremos nossa miss�o com 213 mil eleitores e 3 milh�es de pessoas se terminarmos nosso mandato com essa lei aprovada”, diz a deputada. Como a lei inicial que previa pris�o perp�tua para crimes hediondos � inconstitucional, Keiko decidiu alterar o texto. Quer agora estabelecer pena de 100 anos para criminosos como os que assassinaram Ives, sem possibilidade de progress�o.

Ritmo

Desde fevereiro, a rotina de Keiko passa pela C�mara de ter�a a quinta-feira. Na segunda, sexta e s�bado, ela o marido dois atendem a outras v�timas de crimes hediondos no Instituto Ives Ota, em S�o Paulo. Na tentativa de fazer o Legislativo caminhar com as pr�prias pernas, o casal admite que ainda pena para se acostumar ao ritmo do Congresso. “Todo dia recebemos uma lista de comiss�es, � comiss�o disso, daquilo. Mas s� comiss�o n�o adianta, vamos resolver! Passam o dia discutindo e nada. Noutro dia, muda-se o assunto mas n�o se resolve”, exalta-se Masataka. Japon�s de Okinawa, no Brasil desde os dois anos, o marido de Keiko gaba-se de ter sido o pioneiro em S�o Paulo nas lojas de R$ 1,99. At� hoje guarda no sotaque o tra�o da alfabetiza��o inicial no idioma nip�nico.

Desde a morte do filho, no entanto, a cabe�a do casal n�o se liga em outra coisa sen�o evitar que outras crian�as sofram o mesmo destino. O com�rcio, que chegou a somar 15 lojas, perdeu o antigo f�lego quando a prioridade dos Ota passou a ser o instituto que leva o nome do filho. Para manterem-se unidos, decidiram agarrar-se � religi�o e ao apoio �s v�timas de viol�ncia. “Minha maneira de exorcizar o que aconteceu com meu filho foi gritar ao mundo. Quantos pais passam por essa dor e n�o se recuperam? Matam por motivos banais e n�o podemos ficar assistindo. Por isso viemos a esta Casa”, conta Keiko, descendente de japoneses, nascida e criada na Vila Carr�o, Zona Leste de S�o Paulo.

Com a elei��o no ano passado, os dois se revezam no lobby com os parlamentares. “Desde que cheguei s�o v�rios os deputados que v�m falar conosco. Muitos perderam os filhos e v�m se consolar. Vamos recolher as assinaturas de todos os outros 512 deputados e 81 senadores”, ambiciona Keiko. “Eu e meu marido fizemos at� uma frente parlamentar para v�timas de viol�ncia. O culpado tem muitos mecanismos: indulto, progress�o penal, benef�cios, mas os parentes das v�timas, n�o”, diz. O objetivo da deputada � criar benef�cios como assist�ncia psicol�gica para os familiares de mortos em crimes hediondos.

Perd�o

Al�m do maior rigor em casos como o de Ives, Isabella Nardoni e Isabela Tainara, os Ota esperam aprovar em quatro anos apenas mais um projeto de lei, instituindo o Dia Nacional do Perd�o. “Depois do que aconteceu com o Ives, minha inten��o sempre foi matar os caras, de todo jeito. At� que um dia preparei meu 38 para ir ao pres�dio. No caminho, decidi jogar a arma fora e fui at� l� para perdo�-los”, relata Masataka. “A verdade � que a nossa Justi�a n�o condena os culpados, mas os inocentes”, afirma.

O primeiro discurso de Keiko na C�mara atraiu a aten��o de seis deputados, todos pedindo aparte — n�mero alto para uma sexta-feira de manh�. Quatro parlamentares afirmaram ter deixado o gabinete para pronunciar falas de apoio. Os outros 506 deputados que n�o compareceram j� est�o marcados na agenda de Keiko e Masataka. Receber�o em breve um pedido de apoio, que vir� apoiado por 3 milh�es de assinaturas.


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