Bras�lia – Chamado a Bras�lia pela presidente Dilma Rousseff, Luiz In�cio Lula da Silva fez uma interven��o branca na coordena��o pol�tica do governo. Nas 24 horas em que permaneceu na cidade, ele cuidou de “lubrificar” as engrenagens pol�ticas dos senadores do PT. Na ter�a-feira, jantou com Dilma e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci – a quem defendeu e elogiou em todas as conversas que manteve – e, num encontro privado entre os dois, Lula o aconselhou a cuidar mais da pol�tica e menos da gest�o dos programas governamentais. O p�riplo do ex-presidente terminou com um caf� da manh� para os senadores l�deres de partidos aliados ao governo Dilma, nessa quarta-feira, na casa do presidente do Senado, Jos� Sarney (PMDB-AP). Espera-se agora que venha um per�odo de maior proximidade do Planalto com os pol�ticos.
Do caf� com Lula e Sarney, participaram o vice-presidente da Rep�blica, Michel Temer, os senadores e l�deres Romero Juc� (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Francisco Dornelles (PP-RJ), Gim Argello (PTB-DF), Ant�nio Carlos Valadares (PSB-SE), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Magno Malta (PP-ES). O ministro Luiz S�rgio n�o foi convidado. No encontro, que durou mais de tr�s horas, Lula ouviu as pondera��es dos l�deres sobre o que falta para aproximar o governo do Congresso. Muitos falaram da necessidade de dar mais autonomia a Luiz S�rgio. Magno Malta (PP-ES) reclamou que Palocci n�o recebia ningu�m e Renan Calheiros (PMDB-AL) falou em necessidade de acertar a “sintonia fina”. Todos sa�ram do evento com a certeza de que Lula voltou ao cen�rio pol�tico com o p� direito. “Essa crise pol�tica teve um lado positivo: ter trazido o protagonismo de Lula. Ele n�o se apresentou. Foi chamado e aplaudido. Foi bom t�-lo de volta”, comentou o senador Crivella.
Derrota Exemplo claro da falta de sintonia do Planalto com o Parlamento foi a derrota na vota��o do C�digo Florestal. Todos os partidos da base aliada tiveram dissidentes que levaram o governo Dilma Rousseff a sofrer sua primeira derrota na C�mara. As maiores defec��es na base ocorreram no PMDB, PSC e PCdoB. Mas at� o PT apresentou uma dissid�ncia: o deputado Taumaturgo Lima, do Acre, que votou contra a orienta��o do Planalto. A bancada do PT deu, no entanto, uma demonstra��o grande de fidelidade � presidente Dilma: 78 deputados votaram contra a emenda que d� anistia aos desmatadores. Oito petistas estavam ausentes da vota��o. No PMDB, a situa��o foi inversa � do PT: 98,63% dos peemedebistas, o correspondente a 72 deputados, votaram contra o governo. Apenas o deputado Camilo Cola (PMDB-ES) votou com o Planalto – seis peemedebistas faltaram � vota��o.
An�lise da not�cia
O ex-presidente Lula pode at� assumir a condi��o de articulador pol�tico do governo Dilma, mas n�o oficialmente e nem de forma permanente. Lula, na verdade, vai atuar como uma esp�cie de bombeiro, em momentos de crise, como agora, quando o governo saiu derrotado na vota��o do C�digo Florestal, est� meio perdido diante das den�ncias contra Palocci e pisa no terreno minado dos kits anti-homofobia. Numa �nica visita a Bras�lia, Lula mexeu os pauzinhos e ajeitou a casa para Dilma. Jantou com Palocci, tomou caf� com l�deres da bancada governista no Senado j� preparando o terreno para a vota��o do c�digo e detonou a cartilha do Minist�rio da Educa��o. Lula sabe que uma coisa � atuar esporadicamente em momentos delicados, outra � assumir o papel permanente de articulador, o que pode, com o tempo, significar um s�rio desgaste � imagem de ex-presidente que saiu com mais de 80% de aprova��o. (Renato Scapolatempore)