
Gurgel foi direto no fim do parecer: “Com a mesma firmeza com que sustentei oralmente, no plen�rio do Supremo Tribunal Federal, a acusa��o contra o representado (Palocci) na PET 3.898 (o caso do caseiro Francenildo), entendo que os elementos trazidos pelas representa��es dos eminentes parlamentares e mesmo pelas mat�rias jornal�sticas s�o absolutamente insuficientes para um ju�zo de reprova��o no campo penal”.
O parecer do procurador diz em v�rias passagens que n�o h� ind�cio suficiente de tr�fico de influ�ncia. “N�o h� igualmente ind�cio id�neo da pr�tica do crime de tr�fico de influ�ncia, que, segundo os representantes, decorreria necessariamente do fato de clientes da empresa Projeto terem celebrado contratos com entidades que integram a administra��o indireta e fundos de pens�o”, informa o texto. Gurgel ressalta ainda que “os fatos, do modo como descritos nas representa��es, n�o se enquadram, sequer em tese, no crime de tr�fico de influ�ncia.”
Mas se Palocci ainda ter� for�a para permanecer no governo � uma pergunta que ontem � noite ningu�m conseguia responder. Isso quem vai dizer � a presidente Dilma Rousseff e o pr�prio ministro. Afinal, ningu�m descarta que ele de viva-voz avalie que � melhor deixar o cargo. Ontem pela manh�, entretanto, n�o tinha essa ideia. “Estou todo esfolado. Cotovelos, joelhos, bra�os, pernas.” Assim, Antonio Palocci, reagiu quando um amigo lhe perguntou sobre seu estado de esp�rito.
A frase dele, entretanto, n�o quer dizer que ele v� pedir demiss�o. � noite, em nota, Palocci comentou a decis�o de Gurgel. “Prestei todos os esclarecimentos de forma p�blica. Espero que essa decis�o recoloque o embate pol�tico nos termos da raz�o, do equil�brio e da Justi�a”, destacou.
O ministro conversou longamente com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no domingo. Juntos, avaliaram que a situa��o requer cuidados, mas nem tudo est� perdido. A presidente Dilma ainda n�o decidiu o que fazer. Vai depender do que vier pela frente. Ela considera que a crise n�o terminou e que as explica��es dadas por Palocci na televis�o deixaram a desejar, mas a decis�o de Gurgel ir� pesar. Ou seja, se a situa��o pol�tica se acalmar, Palocci fica. A oposi��o pretende ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o tema em alta e buscar as assinaturas necess�rias para a abertura de uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) no Congresso.
Cen�rio
A sensa��o entre os aliados � a de que Palocci voltou a respirar sem aparelhos. Ontem, ele participou inclusive da reuni�o de coordena��o com Dilma logo cedo — o encontro que avalia a semana anterior tra�a um cen�rio da conjuntura e analisa o que h� de mais urgente e importante para tratar nos pr�ximos dias.
A maior parte do dia foi ocupada pela visita do presidente da Venezuela, Hugo Ch�vez. Na cerim�nia de ontem no Planalto, Ch�vez desejou “fuerza, fuerza” ao ministro da Casa Civil. No fim do discurso, o presidente venezuelano citou Palocci, ao agradecer � Dilma e propor um relacionamento mais pr�ximo com o governo brasileiro.
Palocci evitou a imprensa a todo custo ao longo do dia. Ao chegar ao Pal�cio do Itamaraty, para o almo�o em homenagem a Ch�vez, usou a entrada privativa, diferentemente de outros colegas de minist�rio. Ele tem feito tudo para demonstrar tranquilidade e trabalhar normalmente. Na manh� desta ter�a-feira, participar� da reuni�o sobre a Confer�ncia da Organiza��o das Na��es Unidas sobre desenvolvimento sustent�vel, a Rio 20.
Colaborou Diego Abreu
Defini��o na C�mara
O presidente da C�mara, Marco Maia (PT-RS), vai definir nesta segunda-feira se mant�m ou n�o a convoca��o aprovada na �ltima quarta-feira pela Comiss�o de Agricultura e Pecu�ria da Casa para que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, preste depoimento sobre a multiplica��o de seu patrim�nio nos �ltimos quatro anos. A aprova��o se deu durante um descuido dos deputados da base aliada, que n�o se manifestaram, para que a convoca��o fosse validada. Os governistas classificaram de golpe a atitude da oposi��o. Pressionado pelos dois lados, Maia avisou que assistir� ao v�deo da sess�o antes de definir o caso.
Personagem da not�cia
O procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, decidiu pelo arquivamento do pedido de investiga��o, protocolado pela oposi��o, para apurar a evolu��o patrimonial do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, �s v�speras de concluir seu mandato de dois anos no cargo. A nomea��o dele como procurador-geral da Rep�blica vence em 22 de julho. A escolha do ocupante do principal cargo na estrutura do Minist�rio P�blico Federal � fun��o exclusiva do Presidente da Rep�blica. Em maio, a Associa��o Nacional dos Procuradores da Rep�blica (ANPR) realizou uma elei��o para escolha de uma lista tr�plice a ser enviada � presidente Dilma Rousseff. Gurgel foi o mais votado com 454 votos. Os nomes que completam a lista s�o Rodrigo Janot (347 votos) e Ela Wiecko (261 votos). A presidente da Rep�blica n�o � obrigada a seguir as indica��es, j� que ela disp�e da prerrogativa de indicar qualquer procurador da Rep�blica com mais de 35 anos para exercer o cargo maior do MPF.