Bras�lia – A batalha da It�lia para que o ex-ativista de extrema esquerda Cesare Battisti cumpra a condena��o n�o acaba com a decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF), que na noite de quarta-feira negou o pedido de extradi��o feito pelo governo italiano. Al�m de o pa�s j� ter declarado que vai levar o caso � Corte Internacional de Justi�a de Haia, na Holanda, por considerar que foram violados os acordos entre os dois pa�ses, algumas autoridades pol�ticas italianas cogitaram ontem at� mesmo n�o participar da Copa do Mundo de 2014, que ser� realizada no Brasil, como forma de repudiar a decis�o brasileira.
Ele expressou que a decis�o tomada pelos ministros do STF “� uma decis�o que ofende”, e a qual classifica como “injusta e absurda”. “Um modo para fazer entender nossa indigna��o pode ser o de boicotar o Mundial de Futebol”, explicou.
A vers�o on-line do jornal italiano Corriere della Sera publicou ontem uma pesquisa com cerca de 8 mil internautas. Os dados apontam que 80% dos participantes da enquete s�o favor�veis ao boicote.
A Fifa reagiu e n�o descartou a hip�tese de aplicar san��es � It�lia, caso o pa�s boicote a Copa de 2014. “Se isso ocorrer, para eventuais san��es, ser� o Comit� Executivo da Fifa que dever� tomar uma decis�o em �ltima inst�ncia”, disse o porta-voz da entidade, Pekka Odriozola. Ele recordou que, no passado, alguns pa�ses n�o participaram de competi��es da Fifa por motivos financeiros. Mas, segundo ele, nunca houve uma ren�ncia volunt�ria ou por quest�es pol�ticas.
Cr�ticas
No campo diplom�tico, as autoridades italianas tamb�m n�o pouparam o Brasil de cr�ticas. O presidente da It�lia, Giorgio Napolitano, que n�o costuma se manifestar nas quest�es internacionais, classificou de “deplor�vel” a posi��o do Brasil de n�o extraditar Battisti. Segundo ele, tal decis�o poder� causar danos na rela��o bilateral. J� o primeiro-ministro Silvio Berlusconi disse ter esperan�a “de que a Justi�a ainda ser� feita”. “A It�lia continuar� empenhada e recorrer� �s inst�ncias judiciais que forem necess�rias para garantir o respeito aos acordos internacionais que aproximam os dois pa�ses.”
Para o subsecret�rio de Rela��es Exteriores da It�lia, Alfredo Mantica, o Brasil n�o est� pronto para ser uma pot�ncia mundial. “� um erro que outras pot�ncias emergentes, como China, R�ssia ou �ndia, jamais cometeram.” O ministro da Simplifica��o Normativa, Roberto Calderoli, por sua vez, sugeriu que a It�lia n�o participe da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, como rep�dio � decis�o do STF.
A ministra italiana da Juventude, Giorgia Meloni, classificou a posi��o brasileira de “en�sima humilha��o” para os parentes das quatro v�timas que teriam sido assassinadas pelo ex-ativista na d�cada de 1970. “A decis�o da Justi�a brasileira constitui um tapa nas institui��es italianas e um ato indigno de uma na��o civilizada e democr�tica”, criticou.
A It�lia exigia a extradi��o de Battisti para que cumprisse a condena��o � pris�o perp�tua no pa�s, por suposta participa��o em quatro assassinatos cometidos na d�cada de 1970, nos chamados anos de chumbo, quando era integrante de um grupo armado de ultraesquerda. O caso Battisti se arrastava nos tribunais brasileiros desde que o italiano foi detido no Rio de Janeiro em mar�o de 2007. O ex-ativista passou a maior parte dos �ltimos quatro anos na Penitenci�ria da Papuda, em Bras�lia, de onde foi libertado na madrugada de ontem.
Soberania
Apesar das reclama��es, o ministro das Rela��es Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, negou que as rela��es entre os pa�ses possam ser abaladas. “� uma decis�o do Judici�rio. Como representante do Executivo, n�o tenho o que dizer”, afirmou o ministro. O governo italiano afirmou que vai recorrer ao Tribunal Internacional de Haia contra a decis�o brasileira de n�o extraditar o ex-ativista.
O assessor especial para assuntos internacionais da Presid�ncia, Marco Aur�lio Garcia, minimizou a amea�a da It�lia de recorrer � Corte de Haia. Ele disse que a decis�o do Supremo n�o abala as rela��es entre os dois pa�ses. Ele argumenta que as discuss�es envolvem o Judici�rio e n�o o Executivo. “Esse � um problema que est� circunscrito � esfera judicial”, disse o assessor. "O Supremo soberanamente decidiu, e a It�lia tem todo o direito de usar as prerrogativas a que tem direito. Mas n�o � um tema que esteja nas m�os do Executivo. Foi resolvido pelo Supremo”, afirmou. (Com ag�ncias)
Pelo mundo
A decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve o ex-ativista de esquerda Cesare Battisti no Brasil e concedeu liberdade ao italiano, repercutiu na imprensa internacional ontem. Na It�lia, o La Repubblica destacou em sua p�gina na internet as declara��es do presidente italiano, Giorgio Napolitano, que condenou a decis�o do Supremo. O Corriere Della Sera destacou o primeiro-ministro do pa�s, Silvio Berlusconi, que afirmou que vai recorrer da decis�o brasileira em outras inst�ncias internacionais.
O espanhol El Pais tamb�m repercutiu em seu site o comunicado de Berlusconi. O di�rio espanhol citou ainda o chanceler italiano, Franco Frattini, afirmando que a decis�o do tribunal brasileiro � “contr�ria �s obriga��es firmadas por acordos internacionais”. O brit�nico The Guardian afirmou que as rela��es diplom�ticas entre Brasil e It�lia ficaram delicadas ap�s a decis�o da It�lia de recorrer ao tribunal internacional. O jornal brit�nico tamb�m citou na reportagem as amea�as vindas da It�lia de boicote � Copa de 2014, que ser� realizada no Brasil. O ministro italiano da Simplifica��o Normativa, Roberto Calderoli, indicou que o boicote pode acontecer como uma manifesta��o contra a decis�o de libertar Battisti.