
Os pouco mais de cinco meses de mandato ensinaram a dura li��o do regime presidencialista: os congressistas precisam de afagos. For�ada a fazer uma minirreforma ministerial logo no in�cio do governo — trocando os titulares da Casa Civil, da Secretaria de Rela��es Institucionais e da Pesca—, Dilma terminou a semana mergulhando na negocia��o pol�tica e disposta a retomar, a contragosto, o rumo tradicionalista da Presid�ncia.
Dilma percebeu que precisaria tomar as r�deas do varejo para construir apoio pol�tico �s suas decis�es e n�o ficar sujeita ao desgaste no Congresso. Ao receber relatos de que dificilmente Ideli Salvatti (PT-SC), ex-senadora e ministra da Pesca, teria sustenta��o no Parlamento caso fosse indicada como coordenadora pol�tica do Pal�cio do Planalto, a presidente decidiu tomar as r�deas das conversas e ela mesma consultar caciques do PMDB sobre sua escolha. Constrangidos, os peemedebistas n�o se opuseram. Ao escolher “dividir” a decis�o com o presidente do Senado, Jos� Sarney (PMDB-AP), e com o l�der do PMDB, Renan Calheiros (AL), os obrigou a se tornarem fiadores de Ideli, limitando as a��es de fritura que poderiam ocorrer devido a insatisfa��es sobre a escolha.
� esse o novo tom da Presid�ncia da Rep�blica. Dilma vai se envolver mais nas conversas com os pol�ticos, realizando reuni�es do conselho pol�tico com mais frequ�ncia, e atender � demanda do PMDB de que a coordena��o pol�tica n�o ficar� encerrada no Pal�cio do Planalto, mas ter� mais participa��o do Congresso. A ordem dada � ministra Ideli Salvatti � que ou�a mais os parlamentares. A promessa tamb�m � de portas abertas no gabinete presidencial —algo que Luiz S�rgio jamais teve.
Na rede
Dilma quer se concentrar primeiro nas conversas com os senadores aliados e depois ouvir as bancadas da C�mara — n�o o PT. Nesta semana, ela se re�ne com os senadores do PR e do PP. O encontro com a participa��o de Ideli e Gleisi � para apresentar aos congressistas o trabalho que as duas desempenhar�o. A Casa Civil de cara nova n�o mais ter� atua��o pol�tica — ficar� centrada na coordena��o de governo — como era at� dezembro de 2010. Ontem, a ministra Gleisi usou sua p�gina no Twitter para avisar que est� focada nas ordens de Dilma. “Pe�o que entendam se aparecer menos por aqui. Minha concentra��o ser� total nas tarefas que me foram dadas pela presidenta Dilma”, escreveu.
As Rela��es Institucionais voltam a ter o papel de atua��o pol�tica e a promessa de que Ideli n�o ser� uma mera anotadora de recados; ela ter� caneta e poder de influ�ncia. A ministra tamb�m mandou um recado pelo Twitter. “Nas Rela��es Institucionais, n�o vou usar s� os dois ouvidos. Vou usar o cora��o, o bom senso e sempre a busca do bom resultado para o governo e para o pa�s.”
PT Quanto ao PT, a presidente decidiu bater de frente com os correligion�rios e mostrar que n�o se curvaria �s press�es do pr�prio partido. Os petistas da C�mara travaram uma batalha para tentar influenciar o governo que resultou na fritura de Luiz S�rgio. Mas ela n�o quis atender aos pleitos e mostrou que � ela quem decide os rumos do Planalto. Dilma informou o presidente da C�mara, Marco Maia (PT-RS), sobre a mudan�a na coordena��o pol�tica. Mas o tom foi bem menos af�vel do que o usado com os peemedebistas. E, nessa briga interna entre as diversas correntes do PT na C�mara, Dilma n�o quer colocar o dedo. Espera que o pr�prio partido, por meio do presidente da legenda, Rui Falc�o, encarregue-se de resolv�-la.
Aprova��o
Pesquisa Datafolha mostrou que a aprova��o do governo Dilma Rousseff continua subindo, apesar da crise envolvendo Antonio Palocci, ex-ministro da Casa Civil, e a alta da infla��o. Segundo os dados divulgados ontem, 49% dos entrevistados disseram que o governo � bom ou �timo. Em levantamento realizado em mar�o, eram 47%. A maioria dos pesquisados tamb�m disse que gostaria de ver o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva dando mais opini�es sobre o andamento do Executivo Federal. A pesquisa foi feita na quinta e na sexta-feira e ouviu 2.188 pessoas no pa�s. A margem de erro � de dois pontos percentuais.