Uma mudan�a cir�rgica no estatuto dos Correios, feita em maio deste ano, permite ao Partido dos Trabalhadores aparelhar os principais cargos de dire��o, chefia e ger�ncia da estatal. “Dono” dos Correios no governo da presidente Dilma Rousseff, ap�s uma longa hegemonia do PMDB na era Lula, o partido poder� agora levar funcion�rios de carreira de outros �rg�os do governo para assumir vagas de presidentes de comiss�es de licita��o, diretores regionais, superintendentes executivos, diretores regionais, chefes de departamento, coordenadores de neg�cios e de opera��es, entre outros cargos.
At� ent�o, essas fun��es s� podiam ser ocupadas por servidores concursados da estatal. A partir de agora, o governo est� livre para tirar os funcion�rios de carreira e troc�-los por apadrinhados pol�ticos.
A manobra est� no Decreto 7.483, assinado no dia 16 de maio pela presidente Dilma Rousseff e pelos ministros Paulo Bernardo (Comunica��es) e Miriam Belchior (Planejamento). A decis�o, que n�o precisou passar pelo crivo do Congresso, criou dois artigos que n�o existiam antes, os de n�mero 43 e 44.
Os artigos permitem aos Correios requisitar, da administra��o p�blica direta e indireta, funcion�rios para ocupar “fun��es gerenciais e t�cnicas” na estatal. Ser�o atingidas as unidades regionais e as vinculadas � diretoria executiva da empresa.
Agora, no governo Dilma, o PT foi escalado para tentar mudar a fama ruim dos Correios.
Rea��o interna
As mudan�as nos estatutos foram coordenadas pelo vice-presidente de Administra��o, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, e abriram uma crise interna na empresa. Entidades ligadas a servidores de carreira da estatal apontam um aparelhamento por gente de fora, sem experi�ncia com os Correios.
“Isso vai prejudicar a profissionaliza��o da empresa e certamente atingir� o servi�o � sociedade”, diz Luiz Alberto Menezes Barreto, presidente da Adcap, associa��o dos servidores de n�vel superior dos Correios.
Para a entidade, cerca de 20 mil fun��es t�cnicas e gerenciais podem ser alvo da nova regra estabelecida por decreto.
A dire��o da estatal rebate a informa��o e alega que a mudan�a se restringe a 761 fun��es: “A cess�o (de servidores de outros �rg�os) � uma oportunidade de compartilhamento de experi�ncia entre pessoas que s�o subordinadas ao mesmo patr�o: o governo”.
Segundo a assessoria dos Correios, pelo menos 15 pessoas j� assumiram cargos na empresa pegando carona na mudan�a do novo estatuto.