Dilma enquadra ministros e encerra era do "eu n�o sabia"

A presidente Dilma Rousseff encerrou na segunda-feira, durante a tradicional reuni�o da coordena��o pol�tica de governo �s segundas-feiras, a era do “eu n�o sabia”, propagada durante a gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva. Ap�s mais um fim de semana de acusa��es e desmentidos p�blicos em seu minist�rio - o epis�dio mais recente foram as acusa��es do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Juc� Neto, que apontou a exist�ncia de uma quadrilha na autarquia - , Dilma determinou que todas as a��es tomadas por subordinados, incluindo pagamentos e celebra��o de conv�nios, dever�o ser obrigatoriamente informadas para os titulares das respectivas pastas. E, nessa cadeia de comando, os ministros ter�o que prestar contas sobre quaisquer irregularidades praticadas.

A presidente j� havia ensaiado essa determina��o no epis�dio envolvendo o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento. Mas n�o tinha sido t�o incisiva. Ela obrigara o ent�o titular da pasta a colocar-se � disposi��o do Congresso para prestar todos os esclarecimentos necess�rios — estrat�gia que havia sido rejeitada pelo pr�prio Planalto na crise anterior, que culminou com a sa�da de Antonio Palocci da Casa Civil. Agora, os ministros n�o poder�o escorar-se na justificativa do desconhecimento para esquivar-se de responsabilidade, como fez Carlos Lupi (Trabalho) na sexta-feira, instado a explicar por que seu minist�rio havia firmado conv�nios para repassar recursos a entidades fantasmas. “Voc� acha que eu acompanho tudo isso? Eu n�o tenho como acompanhar. Eu sou obrigado a conhecer todo mundo?”, questionou ele na ocasi�o.

Para Dilma, esse tipo de declara��o n�o ser� mais tolerada. H� poucos dias, segundo uma fonte palaciana, ela convocou um ministro para sua sala, dizendo que havia um zum-zum-zum em sua pasta. “Vai l�, antecipe-se, apure o que est� acontecendo porque, depois, n�o vou aceitar o ‘eu n�o sabia’”, disse a presidente.

Conab

Na reuni�o de ontem, no Pal�cio do Planalto, que contou com a presen�a dos l�deres do governo na C�mara, C�ndido Vaccarezza (PT-SP); do Senado, Romero Juc� (PMDB-RR); e do Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), Dilma baixou a norma, citando especificamente o epis�dio envolvendo a demiss�o de Juc� Neto da Conab — ele � irm�o do senador roraimense. Den�ncias publicadas na imprensa mostram que ele autorizou o pagamento de R$ 8 milh�es a uma empresa de armazenagem chamada Renascen�a. Como n�o havia dinheiro em caixa, foram utilizados recursos de um fundo destinado � compra de alimentos e, por essa raz�o, a Justi�a penhorou um terreno de estacionamento da autarquia.

Ap�s a exonera��o, Juc� Neto revelou, em entrevista, que existe um “conluio entre PTB e PMDB” na Conab e declarou que “l� s� tem bandido”.

Enquanto isso...
…cinco na mira da oposi��o

De volta do recesso parlamentar, a oposi��o aproveita o clima de faxina instaurado na Esplanada para reunir as den�ncias contra ministros e criar a CPI da Corrup��o. Ontem, o l�der do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), apresentou requerimentos de convoca��o de cinco ministros e tr�s comandantes do segundo escal�o para comparecerem � Casa e prestar esclarecimentos sobre suspeitas que atingem suas respectivas pastas. Est�o na mira os titulares de Transportes, Paulo S�rgio Passos; Agricultura, Wagner Rossi; Desenvolvimento Agr�rio, Afonso Florence; Minas e Energia, Edison Lob�o; e Cidades, M�rio Negromonte; al�m do presidente do Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra), Celso Lisboa de Lacerda; do secret�rio nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar Tiscoski; e do diretor-geral da Ag�ncia Nacional do Petr�leo (ANP), Haroldo Lima. (Josie Jeronimo)