O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou nesta quarta-feira que o l�der do governo no Senado, Romero Juc� (PMDB-RR), pediu que o irm�o, Oscar Juc� Neto, permanecesse na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mesmo depois de ter feito um pagamento irregular de R$ 8 milh�es. Rossi prestou nesta quarta-feira depoimento na Comiss�o de Agricultura da C�mara.
De acordo com o ministro, quando se tomou conhecimento da a��o de Oscar Juc� Neto ordenando um pagamento irregular, 10 dias ap�s assumir o cargo de diretor financeiro da Conab, o l�der do governo no Senado lhe pediu para tentar manter o irm�o na companhia, pelo menos como assessor, cargo que havia ocupado antes. Rossi disse que chegou a concordar com o senador e que levantou esta possibilidade na primeira conversa com Oscar Juc� Neto. Segundo o ministro, por�m, a evolu��o do caso tornou insustent�vel a manuten��o do irm�o de Romero Juc� na Conab.
"No in�cio, quando pens�vamos que poderia ter acontecido essa falha dele por um equ�voco, o senador Juc�, com a maior defer�ncia em rela��o a mim, pediu que, se tivesse condi��es, e se ele (Oscar) n�o fosse adequado � diretoria, pudesse retorn�-lo a um emprego de assessoria. Eu disse, s� na primeira reuni�o, que ia tentar a possibilidade dele voltar a ser assessor. Mas quando os dados completos chegaram a n�s, n�o teve como", disse Rossi.
O ministro negou que tenha oferecido vantagens a Oscar Juc� Neto para que ele n�o fizesse den�ncias. "Todas as outras afirma��es dele foram aleivosas, foram mentirosas", afirmou. Rossi disse ter elementos para processar o irm� de Juc�, mas disse ainda n�o ter se decidido sobre isso. "Tenho todos os elementos para poder process�-lo, mas a inconst�ncia dele me d� menos raiva e mais um sentimento de que a puni��o est� bem, mas vou avaliar", afirmou.
Oposi��o light
O depoimento, que j� dura duas horas, corre em clima de tranquilidade. Mesmo parlamentares da oposi��o t�m poupado Rossi e centrado fogo na atua��o de Oscar Juc� Neto. Como a bancada ruralista � favor�vel a Rossi, deputados de PSDB, DEM e PPS t�m feito uma abordagem suave sobre o tema.
O l�der do DEM, deputado ACM Neto (BA), por exemplo, criticou apenas a indica��o de Oscar Juc� Neto e tentou colocar a culpa na presidente Dilma Rousseff por ter aceitado nomear o irm�o do l�der do governo. "A responsabilidade � dela. Ela nomeou seus ministros, deu posse, autorizou a nomea��o de todos os diretores. O governo � dela, a responsabilidade � dela. � a l�gica do PT de governar. Esse governo j� est� marcado pela corrup��o", criticou. ACM Neto defendeu a abertura de uma CPI para investigar "todas as den�ncias de corrup��o" no governo.
O tom d�cil da oposi��o em rela��o a Rossi vem sendo comemorado pelos aliados. O l�der do governo na C�mara, deputado C�ndido Vaccarezza (PT-SP), destacou que a pr�pria oposi��o tem isentado Rossi de qualquer culpa no caso. O l�der do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), preferiu fazer ataques a outros partidos e lembrou que a origem do DEM � de uma dissid�ncia da Arena, partido que deu sustenta��o � ditadura militar. Curiosamente, foi o pr�prio Rossi quem defendeu o partido da oposi��o, dizendo que o DEM � aliado em quest�es ligadas � agricultura.
Extin��o
Rossi ainda manifestou discord�ncia com a opini�o do presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), de que a Conab deveria ser extinta. Rossi, que foi presidente da estatal antes de chegar ao minist�rio, defendeu o trabalho da companhia. "N�o concordo com palavras do meu presidente, embora tenha apre�o por ele", disse Rossi, que � filiado ao PMDB. O ministro afirmou que a Conab "presta servi�os admir�veis", elogiou o trabalho dos 4 mil servidores da estatal e manifestou apoio � diretoria da empresa.
Ele destacou que, al�m de compra de produtos quando o pre�o de mercado est� abaixo do chamado pre�o m�nimo, a companhia trabalha com instrumentos para interferir no mercado, vendendo produtos quando os valores estiverem altos. Rossi destacou ainda que a companhia atua tamb�m na compra de produtos provenientes da agricultura familiar.