Aos 65 anos, Nelson Jobim � um misto de pol�tico e jurista que ocupou sempre cargos de primeira linha nos tr�s Poderes da Rep�blica. No Legislativo, foi l�der do PMDB na Constituinte (1987/88), embora deputado de primeiro mandato; no Judici�rio, foi presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), do Conselho Nacional de Justi�a (CNJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); no Executivo, foi ministro da Justi�a no governo de Fernando Henrique Cardoso e da Defesa nos governos de Luiz In�cio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. Em todos, envolveu-se em pol�micas.
Se, por um lado, Jobim construiu sua biografia em cima de atos voluntariosos e posi��es de destaque, por outro sofre com uma esp�cie de incontin�ncia verbal em que revela segredos pessoais e o leva a fazer seguidas cr�ticas a seus pares ou a deixar no ar palavras de efeito amb�guo. Na festa de anivers�rio de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, disse que era preciso entender que os tempos mudaram. E, evocando o dramaturgo Nelson Rodrigues, afirmou: “O que se percebe hoje, Fernando, � que os idiotas perderam a mod�stia”.
Da fala, ficou a suspeita de que estava chamando aqueles com os quais convive de idiotas. Ao se explicar, disse que falava dos jornalistas. “E n�s temos de ter toler�ncia e compreens�o tamb�m com os idiotas, que s�o exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento.”