
Morto no ex�lio, em dezembro de 1976, com atestado de �bito indicando apenas “enfermidade”, Goulart n�o passou por aut�psia. Agora, a vi�va e os filhos do ex-presidente pretendem exumar o corpo, certos de que o pol�tico morreu envenenado. “N�o temos interesses econ�micos, minha m�e j� foi at� anistiada. Queremos p�r um ponto final na nossa ang�stia”, diz o filho mais velho de Jango, Jo�o Vicente Goulart. O caso, aberto por determina��o da subprocuradora-geral da Rep�blica, Gilda de Carvalho, em junho, est� nas m�os do Minist�rio P�blico no Rio Grande do Sul.
Em 25 de agosto de 1961, em uma carta com refer�ncias a “for�as ocultas”, J�nio Quadros deixou o Pal�cio do Planalto depois de apenas sete meses de governo. Quando prefeito de S�o Paulo, antigos colaboradores relatam que n�o eram novidade pedidos de ren�ncia do pol�tico em momentos de tens�o. Para n�o correr o risco de o vice assumir, tratou de despachar Goulart a uma viagem oficial � China. A diferen�a � que, se na capital paulista as ren�ncias sempre foram engavetadas, em Bras�lia ela virou realidade. “N�o havia suspeita nenhuma de fragilidade do governo, nem instabilidade. A ren�ncia propiciou tudo isso”, diz o cientista pol�tico da Universidade de Bras�lia Octaciano Nogueira.
Sa�da
Jango soube da ren�ncia quando se preparava para voar, em Cingapura. Retornou �s pressas, mas, diante da amea�a iminente de golpe pelos militares, preferiu aterrissar em Montevid�u, Uruguai. Brizola montou uma r�dio nos por�es do Pal�cio Piratini, armou 2 mil civis e, de l�, passou a transmitir discursos pregando o respeito � Constitui��o e � posse do vice-presidente. Com a ades�o do 3º Ex�rcito, o protesto virou levante e Jango aceitou assumir a Presid�ncia. Depois de tomar posse, em 7 de setembro de 1961, Jango acabaria deposto em 1º de abril de 1964. “Brizola fez a campanha da legalidade, mas estava defendendo, na verdade, muito mais uma posi��o de poder do que a Constitui��o. Se Jango era o herdeiro primeiro de Get�lio Vargas, a linha sucess�ria tinha o pr�prio Brizola logo abaixo e ele vislumbrava isso”, analisa o cientista pol�tico do Insper Carlos Mello.
A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Ros�rio, acenou com a possibilidade de escalar o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, fundado pelo pr�prio Jo�o Goulart, para auxiliar nas investiga��es sobre a morte do ex-presidente. Quanto � exuma��o pedida pela fam�lia, o assunto deve ficar restrito ao MPF e � Justi�a. “N�o temos poder para investigar, chamar um general argentino para depor, mas o governo, uma Comiss�o da Verdade teriam”, afirma Jo�o Vicente.