O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) desdenhou nessa quinta-feira da crise vivida pela sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff (PT), que j� teve de demitir quatro ministros desde o in�cio de sua gest�o em janeiro, e pediu aos aliados que saiam em defesa da petista. Em Belo Horizonte para uma s�rie de encontros partid�rios, Lula pediu que os companheiros deem tranquilidade e trabalhem pela governabilidade. Garantiu que sua escolhida para o Pal�cio do Planalto vai surpreender.
Com a demiss�o do ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), o governo completou quatro baixas em tr�s meses – antes sa�ram o ministro da Casa Civil, Ant�nio Palocci (PT), o dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), e o da Defesa, Nelsom Jobim (PMDB). Os tr�s primeiros por den�ncias de corrup��o e o �ltimo por cr�ticas ao governo. A sangria gerou uma crise entre os aliados no Congresso Nacional, cujo primeiro reflexo concreto foi a sa�da do PR da base governista.
Lula pediu que os aliados ajudem na sustentabilidade do governo Dilma. “Temos a obriga��o de ajudar a Dilma a fazer deste pa�s a quinta economia do mundo”, apelou. Segundo ele, a governabilidade n�o ser� positiva apenas para a petista. “Quando um governo d� certo n�o � apenas para o governo, mas tamb�m para aqueles que foram seus aliados”, lembrou. O ex-presidente afirmou que Dilma est� exercitando a democracia e elogiou a atitude dela de se reunir essa semana com partidos da base aliada para tentar apaziguar os �nimos diante da crise ministerial. “Temos de trabalhar para que ela tenha tranquilidade para governar este pa�s”, disse.
Imbecilidade
No discurso aos aliados, Lula disse ser uma “imbecilidade” iniciar as discuss�es para a sucess�o de 2014. “Se nem sentamos na mesa, nem afinamos a viola para 2012”, afirmando que seria “loucura” antecipar o debate. Mais tarde, repetiu: “Somente um imbecil poderia imaginar que quem acabou de deixar a presid�ncia e elegeu sua sucessora estaria em campanha. Isso � imposs�vel, ou � um imbecil ou � muita m�-f�”.
Conforme o petista, s� uma pessoa, a presidente Dilma, tem o direito leg�timo de ser candidata a reelei��o. A fala foi refer�ncia a uma declara��o do ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo, de que Lula seria o nome ideal para concorrer ao Pal�cio do Planalto em 2014.
No momento em que o governo mineiro enfrenta uma greve na educa��o por causa da discuss�o do piso salarial da categoria, Lula n�o perdeu a oportunidade de alfinetar o governador Antonio Anastasia (PSDB). “� uma pena que a gente tenha aprovado o piso dos professores h� tr�s anos e que tem governador neste pa�s que ainda n�o paga. E acham que � muito um sal�rio de pouco mais de R$ 1 mil para um professor que trabalha 40 horas por semana ou quatro horas por dia”, criticou. Em vez de descansar, Lula disse estar trabalhando mais agora, no seu instituto. Como todo ex-presidente, brincou, tamb�m ter� um livro e este vai ser escrito por Fernando Morais, ouvindo pessoas para dizer como suas vidas mudaram na gest�o do petista na Presid�ncia.
N�o foi bem assim
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva se equivocou ao dizer que demitiu muitos ministros no primeiro ano de governo, em 2003. Ele esperou um ano depois da posse para fazer sua primeira reforma ministerial. O motivo principal foi acomodar o PMDB, rec�m -aliado que na campanha eleitoral havia composto chapa com o PSDB, indicando a candidata � vice-presid�ncia, Rita Camata. O acordo foi acertado em mar�o de 2003, mas s� foi concretizado em janeiro de 2004, com a nomea��o de dois peemedebistas para a Esplanada: Eun�cio Oliveira substituiu Miro Teixeira (PDT) no Minist�rio das Comunica��es e Amir Lando foi para a Previd�ncia, no lugar de Ricardo Berzoini (PT) , deslocado para o Trabalho, que antes era comandado por Jacques Wagner (remanejado para o Conselho de Desenvolvimento Econ�mico e Social). Lula aproveitou para trocar quem n�o estava dando certo e acabou demitindo seis ministros, no total. Cristovam Buarque (ent�o no PT) foi demitido por telefone e substitu�do no Minist�rio da Educa��o por Tarso Genro (PT).
Alvo de cr�ticas desde o in�cio do mandato no Minist�rio de Assist�ncia e Promo��o Social, Benedita da Silva foi alvejada por den�ncias de uso da verba de viagem para um passeio particular � Argentina. A pasta foi extinta junto com a de Jos� Graziano (PT), a de Seguran�a Alimentar, dando lugar ao novo minist�rio de Desenvolvimento Social e Combate � Fome, sob o comando de Patrus Ananias (PT). Assim como Berzoini e Jacques Wagner, Graziano n�o foi demitido, virou assessor especial do presidente. No Minist�rio de Ci�ncia e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB) substituiu Roberto Amaral (PSB). E na pasta de Direitos da Mulher, Em�lia Fernandes (PT) foi substitu�da por Nilc�ia Freire (PT). Aldo Rebelo (PcdoB) assumiu a coordena��o pol�tica que era, at� ent�o, acumulada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Jos� Dirceu. Na mudan�a, o PT perdeu uma pasta.