
Ter mais de um aliado para escolher em uma elei��o pode ser o sonho de qualquer pol�tico. Mas e quem ficar de fora? A situa��o se complica ainda mais se o preterido foi parceiro em outra disputa. O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), tem pelo menos quatro caminhos a seguir na briga pela reelei��o em 2012. Em tr�s dos cen�rios a decis�o implicar� uma rea��o, que poder� prejudicar sua campanha. Seja qual for a defini��o, PT e PSDB – os dois principais partidos que o apoiaram em 2008 e que ocupam cargos estrat�gicos na administra��o – podem ser atingidos, em conjunto ou isoladamente.
Na hip�tese de Lacerda optar pelo PT, a sa�da dos tucanos poderia ser lan�ar candidato pr�prio, empurrando o prefeito para o enfrentamento com o grupo de um dos principais caciques pol�ticos do estado, o senador A�cio Neves (PSDB). Se a escolha for pelos tucanos, o PSB enfrentaria ent�o o PT do antecessor imediato de Lacerda, o ministro de Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, Fernando Pimentel. Os petistas podem ter como candidato o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho (PT). Ficar com as duas legendas parece uma utopia e sem nenhuma delas, uma temeridade.
Alian�a com PT
Provocaria a candidatura do PSDB. Depois de se beneficiar da alian�a fechada entre A�cio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) para chegar � prefeitura, os tucanos n�o querem abrir m�o de participar do governo. Postos importantes no munic�pio, como o comando da BHTrans, s�o ocupados pelo partido. Pelo lado do PT haveria necessidade de indicar outro vice, j� que o atual, Roberto Carvalho, deixou de ter bom relacionamento com Lacerda. O prefeito teria Pimentel ao seu lado, junto com a press�o de acordo para 2014, j� que o ministro � pr�-candidato ao governo de Minas. “O prefeito j� deixou isso claro, se Pimentel for o candidato, n�o participar� da disputa pelo Pal�cio da Liberdade”, informou o presidente do PT em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas Pimentel confirmou a inten��o de disputar o governo. Na quinta-feira, em BH, Lula deu o aval. Em encontro com aliados, disse na frente dos petistas e de Lacerda que “em time que est� ganhando n�o se mexe”
A press�o para que Lacerda fique com o PT em 2012 � forte e vem da c�pula nacional do PSB. O presidente da legenda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, � aliado da presidente Dilma Rousseff e articula a uni�o. Conta a favor a influ�ncia da presidente sobre Pimentel. Em Minas, as negocia��es est�o a cargo do presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia, que foi ministro (Rela��es Institucionais e Turismo) do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Alian�a com PSDB
Seria o passo final para os tucanos tentarem realizar o sonho de comandar a Prefeitura de Belo Horizonte. A primeira bicada aconteceu com a alian�a fechada entre A�cio e Pimentel para eleger Lacerda. A segunda foi a vit�ria do partido para a Presid�ncia da C�mara Municipal, com Leo Burgu�s. Se a escolha for pelos tucanos, ser�o os petistas que passar�o � trincheira advers�ria. Com A�cio ao lado, o PSB enfrentaria ent�o o PT, que pode ter como candidato o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho. Assim como os tucanos, o PT n�o parece disposto a abrir m�o de Marcio Lacerda. “O partido est� consolidado com o prefeito”, diz Reginaldo Lopes. Sobre a poss�vel alian�a com o PSDB, o presidente afirma ser incorreto falar em repeti��o da elei��o passada. “Em 2008 era a uni�o de dois governantes, Pimentel e A�cio. Agora � a jun��o do PT com o PSB, dois aliados nacionais”, argumenta.
Fernando Pimentel, que governou a cidade por dois mandatos, poderia ser candidato forte a retornar, caso o PT tentasse candidatura pr�pria, mas � pouco prov�vel que deixe o minist�rio. O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate � Fome Patrus Ananias (PT), outro ex-prefeito da capital, mant�m influ�ncia dentro do partido, mas demonstrou alguma afinidade com Marcio Lacerda ao aceitar participar de um conselho administrativo municipal.
Com os dois
O cen�rio que se assemelha a 2008, com PT e PSDB juntos, em alian�a formal ou n�o, � o que mais agrada a Marcio Lacerda. Restaria amenizar a disputa para indica��o do vice. Reginaldo Lopes (PT) se coloca como um dos poss�veis indicados, al�m de citar o deputado federal Miguel Corr�a J�nior (PT) como alternativa. Para acalmar os �nimos tucanos, a negocia��o poderia envolver participa��o maior do partido na administra��o. Outro ponto favor�vel para Lacerda seria o de evitar o atrito entre petistas e tucanos que participam do governo, sem danos ao andamento da m�quina administrativa. Se � para ser inimigo em 2012, n�o h� motivos para permanecer amigo hoje.
A c�pula do PSDB passou a descartar a possibilidade de reeditar a alian�a branca de 2008 e admite se unir ao PT para participa��o “massiva” da legenda na disputa de 2012. “N�o haver� alian�a informal (como em 2008) e n�o fechamos as portas para conversar com ningu�m. Poderemos chegar a um desenho de alian�a que inclua o PT”, admitiu o presidente do partido em Minas, deputado federal Marcus Pestana. “Elei��o municipal n�o tem a carga ideol�gica de uma disputa para o governo do estado ou para o Congresso Nacional. O que est� em jogo � a manuten��o das vias, o funcionamento das escolas municipais e o acesso � sa�de”, argumenta. Ao mesmo tempo, Pestana garantiu di�logo com poss�veis candidatos do PSDB e de outras legendas, como os deputados estaduais D�lio Malheiros (PV), Jo�o Leite (PSDB) e Luzia Ferreira (PPS).
Na mesma linha, Lopes n�o descarta a possibilidade de uni�o com o PSDB, esclarecendo que uma alian�a formal precisa ser aprovada pelo diret�rio estadual petista. Em rela��o � participa��o informal, como em 2008, lavou as m�os: “O que eu posso fazer? Mandar prender?”
Sozinho
� o cen�rio menos prov�vel. O PSB, partido de Lacerda, n�o tem for�a dentro da prefeitura. A legenda n�o comanda nenhuma regional, al�m de n�o ter secret�rios em pastas que costumam influenciar nas elei��es, como Sa�de e Servi�os Urbanos. Al�m disso, provocaria a chamada guerra em dois flancos, com o PT de um lado e o PSDB do outro. O prefeito teria problemas ainda dentro do pr�prio partido. Lacerda tamb�m n�o conta com o apoio de toda a milit�ncia do PSB. Parte dela ficou ressentida quando o prefeito aceitou a press�o do PT e n�o indicou dois suplentes de vereador do partido, Daniel Nepomuceno e F�bio Caldeira, para cargos no primeiro escal�o.
Seja qual for o caminho adotado, n�o ser� anunciado t�o cedo por Lacerda. A inten��o � evitar contra-ataques imediatos na C�mara, por exemplo, comandada pelo PSDB, no caso de a op��o for pelo PT. Com tantas trilhas para escolher, � poss�vel que Lacerda, no momento, prefira ficar parado.