No comando do rateio de recursos milion�rios do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, abrigou parte da c�pula do seu partido, o PDT, na pasta e encontrou brecha para turbinar centrais sindicais, impedidas pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) de receber dinheiro p�blico devido a irregularidades no passado. S� neste ano, entidades vinculadas a centrais j� receberam R$ 11 milh�es.
O ministro mant�m dez integrantes da Executiva do PDT em postos de comando do minist�rio e um outro personagem da c�pula partid�ria na Fundacentro, institui��o ligada � pasta. O tesoureiro do partido, Marcelo Panella, foi chefe de gabinete de Lupi at� o in�cio do m�s passado, auge da faxina ministerial, quando deixou o cargo a pretexto de cuidar de neg�cios pessoais.
“Todos s�o filiados ao PDT, o que pesou, sim, para suas nomea��es”, disse o ministro, confirmando a lista de correligion�rios que nomeou. “Reitero que todos os seus cargos s�o de livre provimento”, completou. No jarg�o burocr�tico, isso significa que ele entende que cabe a ele preencher os cargos da forma que entender melhor.
Panella e Lupi s�o amigos h� 25 anos, segundo o pr�prio ministro. Os dois chegaram a ser s�cios no Rio de Janeiro, no Auto Posto S�o Domingos e S�o Paulo, mas a falta de alvar�s n�o permitiu o funcionamento do neg�cio.
Sucessor de Leonel Brizola na presid�ncia do PDT, Lupi chegou ao bloco F da Esplanada dos Minist�rios em 2007, ap�s perder a disputa para governar o Rio e por ter apoiado a reelei��o de Luiz In�cio Lula da Silva. Ele tirou licen�a do comando do PDT para assumir o minist�rio, mas continuou mandando no partido, numa confus�o de fronteiras entre o cargo no governo e a milit�ncia.
Loteamento - O crit�rio pol�tico-partid�rio pesou na escolha de alguns dos principais cargos do minist�ro. Al�m de Lupi, o secret�rio executivo da pasta, Paulo Roberto Santos Pinto, tamb�m � integrante da Executiva Nacional. Da mesma forma, comandam o partido quatro assessores diretos do minsitro: o secret�rio de Pol�ticas para o Emprego, Carlo Roberto Simi, e a diretora de Qualifica��o, Ana Paula da Silva.
Completam a lista dois coordenadores-gerais: o respons�vel por Estudos, Anderson Brito Pereira, e Rafael Oliveira Galv�o, que cuida de empreendedorismo juvenil. A Fundacentro, institui��o de pesquisa sobre seguran�a do Trabalho, vinculada ao minist�rio, tamb�m � comandada por um membro da Executiva do PDT, Eduardo de Azeredo Costa. Neste ano, a Fundacentro recebeu R$ 45,7 milh�es.
O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que Panella tinha ascend�ncia sobre os demais pedetistas. A maioria dos secret�rios ia ao seu gabinete despachar. Isso significa que a proximidade com Lupi se impunha � hierarquia do minist�rio.
Manobra. No mesmo ano em que assumiu o minist�rio, Lupi abriu caminho para o repasse de verbas do FAT a centrais sindicais, por meio de conv�nios com sindicatos ligados �s centrais, proibidas pelo Tribunal de Contas da Uni�o de receber dinheiro p�blico por fraudes e irregularidades na presta��o de contas. A justificativa foi “a necessidade de novos parceiros” para cuidar da intermedia��o de emprego nas cidades de S�o Paulo e do Rio.
Sob Lupi, a For�a Sindical tomou a lideran�a do repasse de verbas para ag�ncias de emprego. O conv�nio em curso com a Confedera��o Nacional dos Trabalhadores Metal�rgicos soma R$ 46 4 milh�es. A confedera��o � comandada por Monica de Oliveira Louren�o Veloso, que tamb�m � diretora da For�a. A central sindical � presidida por Paulo Pereira da Silva, deputado federal pelo PDT.
Alfaiates - A brecha aberta em dezembro de 2007 tamb�m resultou na contrata��o de entidade que atende pelo anacr�nico nome de Sindicato dos Oficiais Alfaiates, Costureiras e Trabalhadores nas Ind�strias de Confec��o de Roupas e de Chap�us de Senhoras do Rio de Janeiro. A entidade usou parte do conv�nio de R$ 6 milh�es para reformar e mobiliar sua sede, reativando um Centro de Atendimento ao Trabalhador, no bairro de S�o Crist�v�o.
O sindicato � filiado � Uni�o Geral dos Trabalhadores (UGT). "Isso d� visibilidade �s centrais", disse o deputado Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da UGT, que intermediou o conv�nio. “Fiquei intercedendo junto ao Lupi, deu trabalho”, contou. Lupi alegou que a escolha das entidades obedeceu a um “edital de chamada p�blica de parceria” com ampla divulga��o no Di�rio Oficial.