
Dilma tem no��o dessa perspectiva no curto prazo e ci�ncia das dificuldades pol�ticas, mas, como est� perto do fim do ano – o Congresso tem s� mais um m�s e meio de funcionamento antes do recesso, sua equipe acredita ser poss�vel prescindir da ajuda de Lula nesse per�odo at� fevereiro. Afinal, a contabilidade palaciana de avaliar poss�veis crises calcula que at� dezembro resta apenas a Desvincula��o de Receitas da Uni�o (DRU) como uma proposta que possa gerar conflitos. Quanto �s demais, a avalia��o � a de que tudo pode esperar, inclusive o projeto dos royalties do petr�leo, que o governo insiste em acompanhar ao largo. “Agora, no ano que vem, com a elei��o municipal a pino, � bom Lula estar recuperado, porque o governo vai precisar muito dele”, avalia uma assessora da presidente.
Ao longo dos �ltimos 10 meses, a presidente foi perdendo um a um de seus articuladores pol�ticos. Talvez por isso, dizem alguns, em todas as crises recorreu a Lula. Do triunvirato que coordenou o dia a dia da campanha, sobrou apenas o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo. O primeiro a cair foi Palocci, que durou menos de um semestre. Logo depois, foi a vez de o ent�o presidente do PT, Jos� Eduardo Dutra, sair de cena para tratar de uma depress�o.
Rui Falc�o assumiu a presid�ncia do PT, mas n�o tem com Dilma a mesma rela��o que Dutra consolidou ao longo da campanha de 2010. Desde a sa�da de Palocci, contam os petistas, era Lula quem cuidava daquilo que os deputados e senadores chamam de “relacionamento macro da pol�tica”, ou seja, aparar arestas, chamar aliados para conversar de forma a prevenir ou amortecer crises. Foi assim, por exemplo, em junho, quando depois da sa�da de Palocci os partidos aliados – e tamb�m o PT – reclamaram da falta de interlocu��o com o Pal�cio do Planalto. Lula passou por Bras�lia, reuniu os senadores petistas e, dois dias depois, quando eles foram almo�ar com Dilma, a situa��o j� estava bem mais calma. “Foi Lula quem colocou aquela bola no ch�o para Dilma chutar. Ela n�o tem muita paci�ncia com a pol�tica, � mais gestora, e Lula cumpre esse papel”, avalia um senador petista.
Esporte
Dentro do Planalto, embora a ministra de Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti, tenha experi�ncia de Senado e acesso direto � chefe, n�o tem voz de comando como Lula. Ela hoje cuida mais do dia a dia da base do que da pol�tica macro, no sentido de fortalecer os alicerces do governo com o Parlamento ou mesmo com os partidos aliados. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, embora seja senadora, tem hoje mais a fun��o de acompanhar a coordena��o de projetos do governo e a concep��o deles do que propriamente a vigil�ncia da pol�tica.
Quem tem feito o tal “relacionamento macro da pol�tica” � o secret�rio-geral da Presid�ncia da Rep�blica, Gilberto Carvalho. Foi ele, por exemplo, o portador do convite ao deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para que ele assumisse o Minist�rio do Esporte no lugar de Orlando Silva. Mas nada disso foi feito sem que Lula e Dilma conversassem ao telefone. No caso do Esporte, por exemplo, ela e Lula trocaram impress�es sobre a crise ainda em Manaus, onde o ex-presidente aconselhou a sua ex-ministra a n�o se deixar levar pelos jornais.
O vice-presidente Michel Temer, um “�s” nessa seara pol�tica, ficou fora dessa articula��o com o PCdoB. Temer tem ajudado em contatos com outros partidos, como o PSD de Gilberto Kassab, mas, dentro do PT, � visto como algu�m que cuida mais dos peemedebistas, o que j� � uma tarefa pesada, dadas as divis�es internas e as rusgas constantes entre C�mara e Senado. No caso do PMDB, h� dentro do PT quem diga que Lula ser� mais do que importante a partir do ano que vem no sentido de acalmar os aliados na hora da campanha.