Em mais um movimento para retomar o controle do governo, abalado pela maior crise desde que tomou posse, o governador Agnelo Queiroz ampliou o espa�o do PT ligado ao ex-ministro Jos� Dirceu na equipe e designou o sindicalista Jacques Pena para a Presid�ncia do Banco de Bras�lia (BRB). Petista de carteirinha, egresso do Banco do Brasil, ele vai tomar conta da chave do cofre do governo, cujo or�amento, de cerca de R$ 25 bilh�es anuais, � todo centralizado no banco. Principal provedor de servi�os banc�rios da administra��o direta e das empresas p�blicas do DF, o BRB centraliza ainda o recebimento de todos os impostos, multas e taxas locais, como IPTU e IPVA. Mais da metade do or�amento do governo circula pelas contas dos 250 mil servidores ativos e inativos do GDF. Pena � ligado ao Construindo um Novo Brasil, corrente mais forte do partido, que tem como maior expoente o presidente Luiz In�cio Lula da Silva e entre seus caciques Dirceu, que comanda, em n�vel nacional, uma opera��o de socorro ao governador, alvo de den�ncias de recebimento de propina quando foi ministro do Esporte (2003-2006) e diretor da Anvisa (2007-2010). Em Bras�lia a corrente � comandada pelo pr�prio Agnelo e pelo deputado distrital Chico Vigilante. Esp�cie de coringa do governo, Pena substituir� um t�cnico, Edmilson Gama, da Caixa Econ�mica Federal, que sai desgastado por resistir �s tentativas de aparelhamento pol�tico do banco. A �ltima delas foi protagonizada, em agosto, pelo policial militar Jo�o Dias, delator do esquema de propina que derrubou o ministro do Esporte, Orlando Silva. Dias teve rejeitadas as contas de conv�nios, no valor de R$ 3,4 milh�es, assinados com duas ONGs que ele dirige - uma federa��o e uma associa��o de kung-fu. Para saldar a d�vida, cobrada pelo Minist�rio, o policial indicou um afilhado, Manoel Tavares, como diretor da corretora de seguros do BRB. A corretora fatura mais de R$ 400 milh�es ao ano e 5% desse montante, cerca de R$ 20 milh�es, s�o distribu�dos entre dirigentes da institui��o mediante crit�rios pouco transparentes. Dias esperava, com isso, drenar uma fatia da comiss�o que corre solta pelos diretores e assim liquidar a d�vida com o Minist�rio. Gama vetou o esquema e demitiu Tavares, que ficou apenas uma semana no cargo. O policial foi � forra e tornou p�blico o esc�ndalo dos conv�nios do programa Segundo Tempo. Pena come�ou como secret�rio do Gabinete Civil, ponto nevr�lgico do governo. Em mar�o, foi deslocado para a Secretaria de Desenvolvimento Econ�mico. Foco frequente de den�ncias de desvio de recursos para financiamento de campanhas eleitorais, o BRB foi alvo de auditorias do Banco Central e esteve a um passo de ser vendido ao Banco do Brasil no governo Jos� Roberto Arruda (ex-DEM), afastado e preso em 2010, durante a opera��o Caixa de Pandora. Recentemente o banco recuperou-se e registrou lucro nos �ltimos dois semestres. Ouvido pelo Grupo Estado, Pena disse que a venda do banco est� totalmente fora da agenda do atual governo e prometeu uma gest�o "com os seguintes atributos: moraliza��o, seriedade e profissionalismo, rigor t�cnico e compet�ncia". Prometeu ainda desenvolver um trabalho livre de inger�ncias pol�ticas e sanar os esquemas que sangraram as finan�as do banco nos governos anteriores. A blindagem do governador tem o aval do Pal�cio do Planalto e envolvimento direto da c�pula do PT. Na quinta-feira, a Comiss�o Executiva Nacional do partido divulgou resolu��o convocando a milit�ncia a se engajar na defesa de Agnelo. Em nota, o partido explica que Bras�lia foi alvo de esquemas de corrup��o e que Agnelo � v�tima da retalia��es. "Os operadores e benefici�rios desta corrup��o sist�mica s�o os respons�veis pela campanha difamat�ria contra o governador, nosso governo e nosso Partido", enfatiza. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.