Bras�lia – Convencidos de que h� m� vontade da imprensa com o governo federal e ainda uma campanha para colocar uma sombra sobre os programas sociais do Poder Executivo �s v�speras do ano de elei��es municipais, a presidente Dilma Rousseff e sua equipe decidiram usar as den�ncias contra o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a seu favor. A ordem agora � segurar Lupi enquanto der, de forma a evitar que outros integrantes do primeiro escal�o virem alvo. Dentro do Planalto, a frase que mais se ouve � a de que � preciso dar um basta nessa onda que a cada 50 dias derruba um ministro. E a forma de faz�-lo, avaliam os assessores palacianos, � deixar Lupi ficar, ainda que � deriva e a toda hora respondendo a den�ncias.
Na semana passada, enquanto Lupi tentava explicar irregularidades apontadas na pasta, o Estado de Minas publicou reportagens sobre contratos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) com uma empresa que, embora vencedora do preg�o eletr�nico, estava em nome de laranjas. Dez dias depois, o Minist�rio da Educa��o mandou suspender o contrato e abrir investiga��o. No Minist�rio das Cidades, volta e meia surge alguma nuvem sobre a cabe�a do ministro M�rio Negromonte, que, recentemente, enfrentou fogo amigo dentro do partido, o PP.
Agora, enquanto os outros ministros conduzem os programas do governo, caber� a Lupi dar as respostas sobre malfeitos no Trabalho. Afinal, julgam os pol�ticos, n�o sobrou muito o que fazer na pasta. No pr�prio PDT, h� quem avalie que o Minist�rio do Trabalho virou praticamente uma carca�a. Lupi n�o ir� mais assinar conv�nios com ONGs, porque a pr�tica est� suspensa. Quanto aos programas de qualifica��o profissional, o Pro-Jovem, na pr�tica, mudou de nome e foi transferido para o Minist�rio da Educa��o. Sob as asas de Fernando Haddad, o pr�-candidato do PT a prefeito de S�o Paulo, virou Programa Nacional de Acesso ao Ensino T�cnico e Emprego (Pronatec) e ganhou um or�amento de R$ 1 bilh�o para capacitar 8 milh�es de pessoas no pa�s. Enquanto isso, o programa do Minist�rio do Trabalho ficou com menos de R$ 400 milh�es.
Di�rias Nesta sexta-feira, o ministro at� tentou criar uma agenda positiva que desviasse o minist�rio do tema da corrup��o, convocando coletiva para falar sobre emprego. Na entrevista ele adotou a estrat�gia de n�o responder a nenhuma quest�o sobre as den�ncias de irregularidades. “N�o vou falar sobre crise, eu tenho que trabalhar”, afirmou, pouco depois de a assessoria do Minist�rio do Trabalho ter divulgado que ele devolveria R$ 1.736,90 recebidos por di�rias de viagem ao Maranh�o em 2009 – em que mesclou agenda ministerial com partid�ria –, at� que a Controladoria Geral da Uni�o analise se o pagamento foi legal.
O azar de Lupi, entretanto, foram os resultados negativos do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged) . No governo, h� quem diga que, se Dilma decidir que o Minist�rio do Trabalho dever� usar a criatividade em busca de solu��es para alavancar a cria��o de empregos, ela dever� buscar um economista para o lugar de Lupi. Por tudo isso, avaliam alguns com acesso ao Pal�cio, Lupi ganhou tempo para se defender. E, enquanto n�o arranhar a imagem do Planalto, vai ficando. (Com Erich Decat)
Quebra de sigilo
A pedido do procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, o ministro do Superior Tribunal de Justi�a (STJ) Cesar Asfor Rocha determinou ontem a quebra dos sigilos fiscal e banc�rio do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PcdoB). O per�odo determinado para as investiga��es compreende de 1º junho de 2005 a 31 de dezembro de 2010. A decis�o tem como base inqu�rito que investiga supostos desvios de recursos p�blicos do principal programa do Minist�rio do Esporte, o Segundo Tempo, criado para atender crian�as e adolescentes carentes. Agnelo comandou a pasta entre 2003 e 2006, per�odo no qual era filiado ao PCdoB. Depois, Orlando Silva assumiu o minist�rio e ficou no posto at� 26 de outubro, quando pediu demiss�o ap�s ser alvo de uma s�rie de den�ncias.