O governo blindou hoje o ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio, Fernando Pimentel (PT), e impediu sua convoca��o pela Comiss�o de Fiscaliza��o Financeira e Controle da C�mara por 13 votos a cinco. A estrat�gia do Pal�cio do Planalto de privilegiar o petista desagradou parlamentares de outros partidos da base aliada. Desde o esc�ndalo envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci, a ordem da presidente Dilma Rousseff era para que os ministros alvo de den�ncias fossem ao Congresso se explicar. Dessa vez, no entanto, o governo lan�ou m�o de sua ampla maioria para evitar a convoca��o de Pimentel.
"Querem discutir a vida pregressa de um ministro que n�o ocupava cargo p�blico. Isso aqui vai virar o que a gente n�o quer que vire: vamos fazer pequenas CPIs de quest�es municipais e estaduais n�o relacionadas com a Uni�o", argumentou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Os ministros vir�o na hora que a gente quer, do jeito que a gente quer", decretou o peemedebista. "O ministro n�o est� se furtando a dar explica��es. Essas explica��es est�o nos mesmos jornais que trazem den�ncias, que s�o da vida privada do ministro", disse o deputado Odair Cunha (PT-MG).
Insatisfeitos com o tratamento dado a seus ministros, parlamentares do PDT, PC do B e PP preferiram se ausentar da vota��o da Comiss�o de Fiscaliza��o e Controle durante a an�lise do requerimento do PSDB com o pedido de convoca��o de Pimentel. Foi essa mesma comiss�o que aprovou nos �ltimos meses requerimentos da oposi��o para que fossem ouvidos ministros envolvidos em esc�ndalo, como Carlos Lupi (PDT) e Orlando Silva (PC do B). Na semana que vem, o ministro das Cidades, M�rio Negromonte (PP), vai depor na comiss�o.
Na avalia��o da oposi��o, a blindagem do ministro est� relacionada com o fato de Pimentel ser "da cota pessoal da Dilma". "Eles s�o amigos de longa data, por isso mesmo n�o pode pairar sobre ele nenhuma suspens�o. N�o h� como separar sua vida p�blica da privada. As duas caminham juntas", afirmou o l�der do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP). "Se o Pimentel n�o vier aqui e n�o se explicar, a presidente Dilma Rousseff deve se desculpar com o Palocci e o trazer de volta para o governo", continuou o tucano.
Para os oposicionistas, a den�ncia contra Pimentel � semelhante a de Antonio Palocci, que aumentou seu patrim�nio em mais de 20 vezes num per�odo de quatro anos. Segundo o jornal O Globo, a empresa de consultoria de Pimentel teria praticado tr�fico de influ�ncia em licita��es da Prefeitura de Belo Horizonte, al�m de n�o ter prestado servi�os pagos pela Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). "Por que o Pimentel n�o pode vir aqui? A suspeita naturalmente � que ele n�o possa comprovar a origem dos recursos de sua consultoria", disse o l�der do DEM na C�mara, Antonio Carlos Magalh�es Neto (BA).
Os tucanos protocolaram hoje representa��es na Comiss�o de �tica P�blica da Presid�ncia da Rep�blica e no Minist�rio P�blico Federal do Distrito Federal pedindo investiga��es sobre neg�cios Pimentel. � Comiss�o de �tica, o PSDB pede abertura de processo administrativo para apurar as den�ncias por causa "da poss�vel pr�tica de ato atentat�rio contra os princ�pios �ticos que norteiam as atividades dos �rg�os superiores da Presid�ncia da Rep�blica e a quebra de decoro". Ao Minist�rio P�blico, os tucanos solicitam a abertura de inqu�rito civil para apurar "suposta pr�tica de improbidade administrativa" e "tr�fico de influ�ncia".