O diretor do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), Elias Fernandes, acabou tra�do pela estrat�gia do PMDB para tentar mant�-lo no posto e deixou o cargo nessa quinta-feira, alvejado por den�ncias. Apesar de a nota oficial do governo federal dizer que Elias pediu demiss�o, ele foi demitido pelo ministro da Integra��o, Fernando Bezerra (PSB), a pedido do Pal�cio do Planalto. A avalia��o do governo foi de que a situa��o dele ficou insustent�vel com as novidades trazidas pelo notici�rio. Primeiro, vieram mais den�ncias de corrup��o, incluindo favorecimento ao filho, o deputado estadual Gustavo Fernandes (PMDB-RN).
A p� de cal, no entanto, foi a postura do pr�prio PMDB, de confronto ao Planalto e � Controladoria-Geral da Uni�o (CGU). O secret�rio nacional de Irriga��o, Ramon Rodrigues, assume interinamente o cargo, at� que o l�der do PMDB na C�mara, Henrique Eduardo Alves (RN), dono da cadeira e padrinho pol�tico de Elias, indique um substituto.
Conforme revelou o Correio na edi��o dessa quinta-feira, o Dnocs — sob o comando de Elias — firmou diversos conv�nios num total de R$ 9,3 milh�es com 27 munic�pios do interior do Rio Grande do Norte e recebeu como contrapartida o apoio dos prefeitos para a campanha de Gustavo. Al�m da ajuda dos pol�ticos beneficiados, o filho do ex-diretor recebeu R$ 50 mil em doa��es da Empresa Industrial T�cnica (EIT). A firma ganhou pelo menos R$ 21 milh�es em contratos realizados em 2010 com o Minist�rio de Integra��o — �rg�o ao qual � vinculado o Dnocs.
A t�tica tra�ada pelo padrinho pol�tico de Elias, o deputado Henrique Eduardo Alves, para tentar livr�-lo da demiss�o acabou colaborando para a sua queda. Primeiro, o peemedebista desmereceu as investiga��es feitas pela CGU e adotou o discurso de que apenas o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) seria capaz de averiguar se houve irregularidades no Dnocs. Num segundo momento, Alves foi al�m e passou a dar declara��es desafiando o Pal�cio do Planalto a demitir Elias. As afirma��es do parlamentar, de que o governo n�o teria coragem de peitar o principal aliado, ecoaram no gabinete da presidente Dilma Rousseff. A rea��o �s declara��es veio na manh� de ontem, quando o vice-presidente da Rep�blica e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, recebeu o recado da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, de que Elias estava fora do governo.
Henrique Eduardo Alves foi ent�o comunicado por Temer de que a situa��o do diretor-geral tinha ficado insustent�vel. Minutos depois, correu ao Twitter para disparar mensagens de apoio ao afilhado pol�tico e voltou a desafiar a CGU. “Esta �ltima quest�o que envolve tamb�m a CGU (den�ncias), com todo respeito, s� cessar�, para ele (Elias) e para mim, com decis�o do TCU”, escreveu Henrique. No fim, ainda demarcou o espa�o no �rg�o. “Pe�o alguns dias para sugest�o de novo nome para representar o RN e o PMDB na Dire��o do Dnocs”, avisou.
Rea��o criticada
A avalia��o de integrantes da c�pula do partido foi de que, ao abrir o confronto com o Planalto, Henrique desnecessariamente “esticou a corda”.
O receio dentro do PMDB foi de que o mal-estar permanecesse nas p�ginas dos jornais dos pr�ximos dias, levando a um desgaste irrevers�vel com o Planalto. “N�o foi o melhor caminho. Henrique assumiu o �nus de defender Elias. Talvez o recado n�o era para o Planalto, mas para a base eleitoral dele”, avaliou um aliado do parlamentar.
Ap�s participar de reuni�o de trabalho no Minist�rio da Integra��o, Elias foi convocado para ir ao gabinete do ministro Fernando Bezerra, onde foi comunicado da demiss�o. A queda de o diretor-geral ocorre tr�s dias depois do diretor-administrativo do Dnocs, Albert Brasil Gradvohl, ser exonerado do cargo na mesma esteira das den�ncias apresentadas no relat�rio do CGU. A degola de Gradvohl tamb�m causou revolta na bancada do PMDB do Cear�, respons�vel pela indica��o.