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Estado de Minas

Velha disputa entre UDN e PSD volta � tona nas �ltimas semanas em Mariana

Ex-prefeita teria transferido biblioteca que ficava na casa onde morou Pedro Aleixo, fundador da UDN, como repres�lia aos opositores do seu ex-marido, que pertencia ao extinto PSD


postado em 22/02/2012 07:44 / atualizado em 22/02/2012 08:11

A velha disputa entre UDN e PSD, que marcou a pol�tica brasileira at� meados dos anos 1960, voltou � tona nas �ltimas semanas no munic�pio de Mariana, na Regi�o Central do estado. Tudo porque a biblioteca p�blica municipal, que funcionava na casa onde morou Pedro Aleixo (1901-1975) – estadista mineiro que participou da funda��o da UDN –, foi retirada do lugar no in�cio deste m�s por determina��o da prefeitura e transferida para o Centro de Conven��es da cidade. No im�vel desapropriado vai funcionar um cursinho pr�-vestibular. A mudan�a desagradou a parte da popula��o, que questionou as raz�es da decis�o e levantou a possibilidade de a troca ter sido motivada por uma rixa entre antigos rivais. Isso porque Jo�o Ramos Filho, ex-prefeito que foi assassinado em maio de 2008, e marido de Terezinha Ramos (PTB), prefeita cassada na semana passada, era integrante do antigo PSD.

O ex-prefeito do munic�pio e respons�vel pela cria��o da biblioteca p�blica em homenagem a Pedro Aleixo, Celso Cota (PSDB), lamentou a decis�o da prefeitura, que, segundo ele, passaria a usar um espa�o destinado inicialmente para eventos de neg�cio e turismo para outra finalidade. “A biblioteca ficava bem localizada na �rea central e prestava homenagem ao ex-presidente Pedro Aleixo, com um acervo rico em exemplares �nicos que retratam a hist�ria de Minas. Lev�-la para o centro de conven��es � um erro, j� que o espa�o foi criado para receber eventos maiores da cidade e est� virando uma extens�o da prefeitura”, afirma Cota.

Para o ex-vereador Luciano Rolla, a mudan�a de lugar da biblioteca pode sim ter sido uma retalia��o de Terezinha Ramos aos advers�rios de seu marido – e hoje seus advers�rios. Quem fica no preju�zo, na sua opini�o, s�o os moradores, que perdem um espa�o p�blico que fazia refer�ncia a uma figura ilustre da cidade.

J� a vereadora Aida Anacleto (PT) criticou a falta de di�logo entre a prefeitura e a C�mara Municipal na hora de definir mudan�as que afetam a popula��o da cidade. “S� tomei conhecimento quando passei por aqui e vi a mudan�a. Mas a proposta n�o foi discutida com ningu�m. A casa de Pedro Aleixo atendia muito bem a cidade, j� que estava em um lugar tranquilo e perto de tudo. Foi um espa�o projetado pelo Iphan (Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional) e atendia muito bem aos usu�rios. � mais uma mudan�a absurda a que assistimos sem poder participar”, disse a parlamentar.

O secret�rio de Educa��o de Mariana, Rinaldo Urzedo, negou qualquer motiva��o pol�tica para a troca e afirmou que a pol�mica foi criada por pessoas que n�o concordaram com a mudan�a. “Essa quest�o pol�tica envolvendo UDN e PSD foi inventada por mentirosos para criar uma justificativa sobre a mudan�a, mas n�o teve nada disso”, explica. Segundo ele, a inten��o � aumentar o n�mero de usu�rios e o novo curso pr�-vestibular vai ser coordenado pela pr�pria prefeitura, para atender alunos das escolas p�blicas do munic�pio. “Queremos colocar a biblioteca em um espa�o mais pr�ximo da popula��o e dinamizar seu uso. O lugar em que ela funcionava era destinado ao lazer e n�o ao setor cultural, o que fazia com que ela virasse um dep�sito de livros”, afirmou.

ADVERS�RIOS

Proibidos durante o Estado Novo (1937-1945), os partido pol�ticos voltaram a ser legalizados em 1945. A partir de ent�o, a vida pol�tica brasileira ficou polarizada entre os partidos getulistas, PSD e PTB, e o principal partido antigetulista, a UDN. Mesmo com a morte de Get�lio Vargas, em 24 de agosto de 1954, suas ideias permaneceram com grande influ�ncia nas disputas partid�rias at� 1964.

UDN – Uni�o Democr�tica Nacional
» A legenda foi fundada em abril de 1945 e surgiu como um grupo contr�rio ao regime do Estado Novo de Get�lio Vargas e suas pol�ticas de governo. Sua ideologia ficou caracterizada pelo forte apego ao moralismo, a defesa do liberalismo cl�ssico e pelas cr�ticas �s pol�ticas populistas. Em Minas, os udenistas ganharam duas elei��es para governador. Em 1947, com Milton Campos, e em 1960, com Magalh�es Pinto. Nacionalmente, os udenistas foram derrotados em tr�s pleitos consecutivos (1945, 1950 e 1955), ganhando a elei��o de 1960, quando apoiou a candidatura de J�nio Quadros.

PSD – Partido Social-Democr�tico
» Formado em julho de 1945 pelo grupo mais conservador que integrava a base de apoio do governo de Get�lio Vargas, o PSD era composto por interventores nomeados por Get�lio, lideran�as rurais e por altos funcion�rios estatais. O partido foi majorit�rio no parlamento brasileiro durante duas d�cadas e elegeu dois presidentes da Rep�blica. Eurico Gaspar Dutra, em 1945, e Juscelino Kubitschek, em 1955.

» A partir do decreto que criou o Ato Institucional nº2 (AI-2), em 27 de outubro de 1965, ficou permitida a exist�ncia de apenas duas agremia��es pol�ticas nacionais, sendo que nenhuma delas poderia usar a palavra “partido”. Formaram-se ent�o a Arena (Alian�a Renovadora Nacional) – base de sustenta��o civil do regime militar composta em grande parte por ex-integrantes da UDN e pol�ticos que deixaram o PSD – e o MDB (Movimento Democr�tico Brasileiro), grupo que deveria fazer uma oposi��o bem-comportada em rela��o ao regime militar.

Saiba mais

Pedro Aleixo
1901-1975

O marianense foi inclu�do na lista dos ex-presidentes da Rep�blica em setembro do ano passado, quando a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei reconhecendo que, em 1969, houve um desrespeito � Constitui��o quando Pedro Aleixo era vice-presidente e foi impedido pelos militares de assumir a Presid�ncia no lugar de Costa e Silva, que havia sofrido um derrame cerebral. Formado em direito na Universidade Federal de Minas Gerais, em 1927 Pedro Aleixo elegeu-se conselheiro municipal em Belo Horizonte – cargo correspondente hoje ao de vereador. Em 1933, elegeu-se deputado federal e, em 1937, se tornou presidente da C�mara dos Deputados, colocando-se contr�rio ao Estado Novo de Get�lio Vargas, que fechou todas as casas legislativas do pa�s. O pol�tico mineiro n�o aceitou participar do regime ditatorial de Vargas e recusou o convite do interventor mineiro, Benedito Valadares, para que assumisse a prefeitura da capital mineira. Em 1945, participou da funda��o da Uni�o Democr�tica Nacional (UDN), legenda de oposi��o �s pol�ticas getulistas. No Congresso, foi um dos opositores ao governo de Jo�o Goulart e participou nas articula��es do golpe militar de 1964. O mineiro foi eleito pelo parlamento, para a Vice-Presid�ncia da Rep�blica, na chapa do general Costa e Silva, mas n�o tomou posse quando o militar se afastou.


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