Ao assumir o governo do Rio de Janeiro em 2002, a hoje deputada federal Benedita da Silva (PT) era a imagem do preconceito. Tanto que as caracter�sticas “mulher pobre, negra e favelada”, como ela mesma se denominou durante a campanha, viraram forma de identifica��o da chefe do Executivo estadual e bord�o em conversas informais. Mesmo no comando de um dos estados mais importantes economicamente do Brasil, Benedita conta que enfrentou preconceito. “Voc� j� imaginou uma mulher negra com hist�rico de comunidade virar governadora do Rio de Janeiro? Era inimagin�vel”, conta a deputada prestes a completar os 70 anos de idade.
“� claro que a popula��o do Rio de Janeiro sempre me honrou. Fui vice-governadora, governadora, depois senadora e deputada federal. Foi o estado do Rio de Janeiro que me proporcionou [isso]. Mas � evidente que a minha presen�a, seja no Executivo, seja no Legislativo sempre � alvo de discrimina��o. O preconceito est� presente no modo de tratar uma campanha de mulher. At� quando essa mulher tem todas as condi��es, seja qualifica��o, conhecimento, postura, ela sofre preconceito”, destacou ela que, em 1998, foi a primeira mulher a presidir uma sess�o do Congresso Nacional.
“Esse compromisso dos partidos dos trabalhadores com as divis�o igualit�ria em rela��o ao g�nero n�o foi uma d�diva, foi porque n�s, mulheres petistas, conquistamos. Tamb�m estamos discutindo a reforma pol�tica, na qual queremos que se tenha uma lista parit�ria”, destacou a deputada.
Mesmo diante das resist�ncias internas, para a deputada, � necess�rio reconhecer a atua��o do partido nas �ltimas duas d�cadas no processo de dar cada vez mais visibilidade �s mulheres. “Foi o Partido dos Trabalhadores que primeiro colocou a quest�o das cotas. Foi por meio da ent�o deputada Marta Suplicy (PT) e de mim, quando era senadora, que se apresentou a pol�tica de cotas para mulheres. Hoje, todos os demais partidos j� t�m essa pol�tica”, destacou.
Al�m da paridade, outra resolu��o aprovada pelo partido foi o uso de parte do fundo partid�rio para a forma��o pol�tica de quadros femininos, com mais condi��es de disputar as elei��es. Essa divis�o, de acordo com Benedita, tem o objetivo de evitar uma pr�tica comum nas demais legendas, que para cumprir a Lei das Cotas, que exige 30% das vagas de candidaturas para mulheres, acabam lan�ando candidatas sem condi��es de disputa.
“Sou candidata para ganhar. Se h� 80 anos conquistamos o direito de votar, agora, n�s mulheres queremos ser votadas. Isso � um compromisso que a gente tem com as mulheres que lutaram pelo direito ao voto”, disse Benedita que considera os partidos importantes inst�ncia de luta feminina. “N�o adianta a gente fazer uma luta sem a presen�a dos homens. Do ponto de vista did�tico, � importante a luta das mulheres para o amadurecimento de todos”, completou.