
"Esta reforma pol�tica tem que pautar a igualdade de g�nero nas listas de candidatos, na altern�ncia de poder no interior dos partidos, na altern�ncia de candidaturas", destacou a ministra que defendeu uma mudan�a de mentalidade dentro dos partidos pol�ticos.
Filiada ao PT, Eleonora discorda de que as legendas no Brasil representam um entrave � ascens�o das mulheres, como defendem alguns estudiosos do processo pol�tico. "Os partidos que n�s temos s�o esses e temos que modific�-los, criticando quando necess�rio, modificando a estrutura interna deles. Se para esse debate n�o h� espa�o, as mulheres desanimam de participar", explicou.
"Evidentemente, a desigualdade de g�nero � muito grande na pol�tica porque a estrutura pol�tica dos partidos n�o contempla a universalidade do voto, a igualdade de mulheres e homens na altern�ncia de poder, na altern�ncias das chapas que s�o homologadas para as candidaturas. As cotas foram e s�o ainda uma afirma��o da discrimina��o. Nem sempre os partidos respeitam.”
No �ltimo dia 24 de fevereiro, o voto feminino no Brasil completou 80 anos. Na �poca, a conquista se deveu a um grupo de mulheres conhecidas como sufragistas que conquistaram, mesmo que de forma prec�ria, o direito de votar. As casadas s� podiam votar com a autoriza��o do marido. As vi�vas ou solteiras, s� com renda comprovada. "Foi uma conquista com limites. S� depois, no C�digo Eleitoral de 1934, que as mulheres conseguiram o direito ao voto pleno, ainda assim, a obrigatoriedade do voto das mulheres foi efetivada em 1946, depois do C�digo Penal", lembrou a ministra.
"Essa hist�ria � muito importante porque s�o 80 anos, mas s�o 80 anos de luta das mulheres pelo direito inalien�vel do voto. Isso para a sociedade brasileira tem um significado enorme. A trajet�ria da consolida��o do voto feminino se deu em paralelo � trajet�ria da consolida��o da nossa democracia", destacou.
Embora a conquista do voto tenha 80 anos, ainda � pequena a representa��o da mulher nas inst�ncias de poder. A atual bancada feminina na C�mara representa apenas 8,77% do total da Casa, com 45 deputadas. No Senado, h� 12 senadoras entre os 81 lugares. Essa baixa propor��o se repete em escala at� maiores nos legislativos estaduais e municipais.
Para Eleonora Menicucci, o governo precisa trabalhar no sentido de dar condi��es para que as mulheres possam participar mais do cen�rio pol�tico. Nesse caso, o governo, segundo ela, vai priorizar a implanta��o de creches. "Se a mulher tem creche para deixar a crian�a, ela pode se candidatar. Ela pode pensar na pol�tica. Agora, se ela n�o tem e exerce a dupla, a tripla jornada de trabalho, ela n�o tem tempo", disse.
"Essa quest�o nos remete ao uso do tempo feminino. Nosso tempo � muito voltado para o cuidado. � necess�rio que haja um compartilhamento entre homens e mulheres desse cuidado. E necess�rio tamb�m que o Estado garanta pol�ticas para que as mulheres possam exercer sua autonomia pol�tica”, completou.
Apesar da ainda baixa participa��o feminina nas inst�ncias de poder, para a ministra, h� de se comemorar as conquistas das mulheres nas �ltimas d�cadas. "As mulheres passaram a ser sujeitos de direitos com a conquista do voto. � quando a cidadania feminina come�a a ter express�o. E, na Constitui��o de 1988, essa cidadania � reafirmada em v�rios sentidos, como a maior participa��o das mulheres no acesso � educa��o, � sa�de. N�s chamamos isso de autonomia das mulheres", ressaltou. "E h� de se destacar que, se h� 80 anos as mulheres para votar tinham que pedir autoriza��o ao marido, hoje n�s elegemos uma presidenta. Temos que comemorar muito."