
Termina nesta semana o prazo para a divulga��o dos projetos selecionados pelo Minist�rio das Cidades para as obras de mobilidade urbana das maiores regi�es metropolitanas do pa�s. Prevista inicialmente para o fim do m�s passado, a defini��o marcar� o in�cio do processo licitat�rio para a amplia��o do metr� da capital mineira, obra aguardada com ansiedade pelos belo-horizontinos e prometida para come�ar ainda neste ano. Tamb�m esperada por muitos anos, a obra de duplica��o da BR-381 � outra que sofreu com v�rias adiamentos nos �ltimos anos, mas ainda n�o v� qualquer sinal de que ser� priorizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Seja por falta de recursos, pouco prest�gio de pol�ticos do estado em Bras�lia ou por esbarrar na burocracia governamental, projetos como a duplica��o da 381 e expans�o do metr� passaram as �ltimas duas d�cadas em discursos e compromissos de campanha, mas continuam sendo pe�as de fic��o para os mineiros.
A decep��o e a indigna��o da popula��o aumentam quando vem � tona que j� existem solu��es que amenizariam a situa��o e se misturam com o des�nimo, quando as novas promessas s�o acompanhadas de repetidos atrasos.
Desde os anos 1960
Considerada a op��o mais adequada para a mobilidade em grandes centros urbanos, o metr� foi prometido pela primeira vez em BH ainda no final da d�cada de 1960, com o compromisso do ent�o prefeito Souza Lima de construir um transporte que atravessaria a cidade em poucos minutos. Apesar de reservar boa parte do or�amento da prefeitura em 1968 e negociar verbas com bancos internacionais, a ideia n�o foi colocada em pr�tica durante sua gest�o. Somente em 1981, no governo de Maur�cio Campos, come�aram as obras para o trem urbano da capital. Mas junto com elas vieram uma s�rie de promessas n�o cumpridas. O ent�o ministro Eliseu Resende, representando o presidente Jo�o Figueiredo, anunciou que, at� 1983, o trem estaria funcionando, mas o in�cio das opera��es foi autorizado em 1986 e a linha 1 (Eldorado-Vilarinho) s� foi conclu�da em 2002.
As obras para a constru��o de uma das novas linhas, entre o a esta��o do Calafate e a regi�o do Barreiro, chegou a ser iniciada em 2003. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) liberou cerca de R$ 80 milh�es para estudos de viabilidade no local e autorizou servi�os de terraplanagem no terreno que receberia os novos trilhos, mas logo no ano seguinte os repasses foram cancelados e a obra paralisada. A inclus�o do metr� da capital no Programa de Acelera��o do Crescimento 2 (PAC-2) reacendeu as expectativas da popula��o de que as duas novas linhas do metr� – que, segundo especialista, j� s�o consideradas insuficientes para a demanda atual – possa finalmente sair do papel.
Palavra de especialista
Nilson Nunes, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Popula��o e economia sofrem
“Nossa cidade precisa de um conjunto de a��es para melhorar as condi��es de mobilidade e a amplia��o do metr� estaria dentro delas. Mas o que est� sendo programado, com duas novas linhas, ainda ser� insuficiente para atender a demanda atual. Uma cidade como Belo Horizonte precisaria de 100, ou at� 150 quil�metros de metr�. Hoje, o custo social desse atraso � muito alto e afeta diretamente a popula��o e a economia da cidade. S�o servi�os de empresas que n�o podem ser feitos por falta de op��es para o transporte e um ar cada vez mais polu�do com o excesso de ve�culos nas ruas. Sem d�vida, temos hoje uma matriz equivocada, que aposta as fichas na op��o dos �nibus. Para vermos melhorias reais, � preciso um planejamento integrado, com equil�brio entre as alternativas para a locomo��o das pessoas.”
Campe�es do desprest�gio
Metr�
Valor estimado: R$ 3,1 bilh�es
Est�gio atual: Em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff anunciou em Belo Horizonte a nova proposta para a amplia��o do metr�. Os recursos ser�o divididos entre os governos federal, estadual e municipal, com apoio da iniciativa privada. O in�cio das obras est� previsto para este ano e a conclus�o para entre 2016 e 2017.At� o final desta semana, o Minist�rio das Cidades deve divulgar os projetos escolhidos para a licita��o da obra e os editais ser�o elaborados pela prefeitura, em parceria com o governo estadual.
BR-381
Valor estimado: R$ 4 bilh�es (duplica��o entre BH e Governador Valadares)
Est�gio atual: O novo desenho da BR-381 sonhado pelos
motoristas que passam pelo trecho prev� a duplica��o da pista e a elimina��o de curvas sinuosas, com redu��o de 13,2 quil�metros do tra�ado atual. O cronograma prometido pelo Dnit previa a licita��o
de dois lotes da obra at� dezembro de 2011, por�m o processo
n�o foi iniciado e o �rg�o n�o sabe informar a previs�o para a abertura das licita��es.
De 500 a 63 mil ve�culos
O trecho da BR-381 que recebeu o apelido do Rodovia da Morte, entre BH e Governador Valadares, foi constru�do com base em um caminho usado por tropeiros para transporte de burros de cargas que viajavam da capital at� Jo�o Monlevade. Ganhou asfalto na d�cada de 1950 com previs�o inicial para atender um fluxo m�dio de 500 ve�culos por dia. Hoje, o n�mero ultrapassa em mais de 120 vezes o limite original, chegando a 63 mil carros por dia em alguns trechos da via. A defasagem estrutural � ilustrada com os n�meros que se repetem todos os anos. Em 2009, a rodovia registrou 9.614 acidentes, com 280 mortes, e as estat�sticas pioraram no ano seguinte, com 9.890 acidentes, que resultaram em 334 mortes – n�mero que representou 25% das mortes em estradas mineiras durante 2010.
Em janeiro, o ex-diretor-geral do Dnit – demitido durante o esc�ndalo de superfaturamento de obras geridas pelo Minist�rio do Transporte – afirmou que a duplica��o da via come�aria em agosto de 2011, por�m a promessa ficou longe da realidade e o edital entrou na lista dos congelados pela pasta. A promessa foi lembrada por moradores vizinhos da rodovia, entidades civis e at� artistas, que se mobilizaram para reivindicar melhorias na via. J� com a nova diretoria � frente do �rg�o, foi divulgado um novo cronograma que previa at� dezembro o lan�amento das licita��es para dois lotes da duplica��o, em um trecho de 70 quil�metros que seria inteiramente reformulado e teria v�rias curvas eliminadas. Tr�s meses depois, o minist�rio n�o divulga qualquer informa��o sobre a obra e n�o tem previs�o de quando ser�o lan�adas as licita��es. (MF)