Tentando disfar�ar o clima de receio com discursos coletivos de “ampla investiga��o”, parlamentares governistas e oposicionistas deram in�cio ontem � coleta das assinaturas para a cria��o da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito Mista (CPMI) do Cachoeira. O requerimento para abertura das investiga��es ser� lido na ter�a-feira, em sess�o do Congresso Nacional, mas pode sofrer altera��es de �ltima hora. Apesar de representantes dos partidos dizerem publicamente ser a favor da cria��o do colegiado, chamou a aten��o o fato de que apenas dois l�deres partid�rios estiveram presentes ao ato de apresenta��o do requerimento.
Por n�o terem n�mero suficiente de parlamentares para garantir uma cadeira na comiss�o, integrantes do PSOL fizeram apelo para a amplia��o do n�mero de postos, dividido atualmente em 15 senadores e 15 deputados. “Restrita em seu foco e em seu tamanho, a CPMI corre o risco de ser uma farsa”, diz trecho de nota publicada pelo partido.
Tent�culos
No texto do requerimento, ficou estabelecido que a comiss�o investigar� pr�ticas criminosas desvendadas pelas opera��es Vegas e Monte Carlo, da Pol�cia Federal, com o envolvimento de Carlinhos Cachoeira, e agentes p�blicos e privados nos crimes apurados, sem preju�zo de investiga��es de fatos correlatos. Para integrantes da oposi��o, essa reda��o assegura “ampla” investiga��o de Cachoeira, podendo se estender at� o caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil na gest�o Lula. “Chegamos a um texto que d� a seguran�a de uma investiga��o ampla e abrangente”, avaliou Ara�jo. “Essa unidade de todos os partidos � necess�ria para que n�s possamos fazer uma investiga��o a fundo”, ressaltou Tatto.
Caso seja confirmada a instala��o da comiss�o de inqu�rito, o pr�ximo passo ser� a escolha do presidente e do relator. Os dois postos devem ficar, respectivamente, com o PMDB do Senado e o PT da C�mara. Minoria no colegiado, a expectativa da oposi��o � de que sejam criadas sub-relatorias para, dessa forma, tentar influenciar na elabora��o do relat�rio final. A dura��o da CPMI tem previs�o de 180 dias e os custos est�o estimados em R$ 200 mil.
As rela��es do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes p�blicos tamb�m podem ser alvo de investiga��es na Assembleia Legislativa de Goi�s. Ontem, o deputado estadual Lu�s Cesar Bueno (PT) apresentou requerimento para a instala��o de uma CPI para investigar o suposto envolvimento de autoridades locais com o esquema de contraven��o comandado por Cachoeira. Segundo o presidente nacional do PT, Rui Falc�o, falta apenas uma assinatura das 14 necess�rias para chegar ao n�mero regimental para o pedido ser protocolado no colegiado.
Troca de farpas
O presidente nacional do PSDB, deputado federal S�rgio Guerra (PE), rebateu ontem as declara��es do presidente do PT, Rui Falc�o, de que a CPI do caso Cachoeira vai apurar o "esc�ndalo dos autores da farsa do mensal�o". Em seu perfil no Twitter, Guerra disse que o presidente do PT quer usar o caso para "abafar o mensal�o", que o deputado chama de "o maior esc�ndalo do governo Lula". "O mensal�o foi desvendado h� sete anos e at� hoje ningu�m foi punido. Pelo contr�rio, o PT fez quest�o de tentar reabilitar os mensaleiros", diz o tucano. Em seguida, diz que a sigla tenta confundir a popula��o. "Ao fazer isso, o presidente do PT mente e tenta confundir a opini�o p�blica, numa atitude que n�o honra a democracia brasileira." Na quarta-feira, Falc�o divulgou um v�deo postado no site de seu partido em que pede apoio para instalar a CPI, ao afirmar que a comiss�o vai apurar o "esc�ndalo dos autores da farsa do mensal�o".