Uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador de Goi�nia Wladimir Garcez, gravada pela Pol�cia Federal durante a Opera��o Monte Carlo, mostra que ambos trataram de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) destinadas a obras no Estado de Goi�s. Durante o di�logo, ocorrido em 26 de abril de 2011, Garcez diz a Cachoeira: “Eu num falei pro Cl�udio ainda, mas... parece que... aquela hora que eu tava com voc� no carro o secret�rio de Finan�as l� o... diretor financeiro que eu tinha ligado pra ele mais cedo, disse que o governador assinou o decreto, vai ser publicado, e que agora � r�pido, aquele pagamento l� da... do BNDES entendeu? (sic)”.
O governo de Goi�s, na gest�o de Marconi Perillo (PSDB), tinha � disposi��o R$ 85 milh�es do BNDES para obras - valor restante de um contrato de R$ 260 milh�es firmado na gest�o anterior de Alcides Rodrigues (PP). Perillo prometia usar os recursos em obras rodovi�rias. A Delta era uma das empresas que tinham contrato com a Agetop.
Em 29 de abril, tr�s dias ap�s o di�logo gravado pela Pol�cia Federal entre os contraventores, o governo de Goi�s publicou dois decretos suplementando o or�amento da ag�ncia de obras, um deles no valor de R$ 17 milh�es e outro no valor de R$ 1,4 milh�o. Duas semanas depois, um novo decreto suplementa o cr�dito da Agetop em R$ 69,5 milh�es.
A Agetop, que � presidida por Jayme Rinc�n, tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo goiano em 2010 e uma das figuras mais proeminentes da administra��o goiana, afirma ter pago � Delta entre 2011 e 2012 para conserva��o e constru��o de rodovias o montante de R$ 12,8 milh�es. O jornal O Estado de S. Paulo, por�m, localizou no Portal da Transpar�ncia do governo estadual pagamentos de R$ 51,1 milh�es � empresa somente no ano passado. O governo n�o explicou a diferen�a nos valores, que pode estar no fato de que a Delta tem contratos em outras �reas.
Atualmente, somente com a Agetop a empresa tem contratos que somam R$ 115 milh�es. Desses, segundo o governo, R$ 64,5 milh�es foram firmados na gest�o Alcides Rodrigues, e R$ 51,5 milh�es na atual.
Na conversa com Garcez flagrada pela PF, Cachoeira volta a citar Cl�udio Abreu: “Voc� que tem de cobrar o Cl�udio. Segunda-feira � que dia? Ter�a-feira tem de t� depositado esse trem”.
Outro lado
Questionados sobre o grampo, o governo de Goi�s e a Agetop afirmam que “o pagamento das obras rodovi�rias do conv�nio do BNDES foi realizado independente do interesse de qualquer empresa, j� que contemplou todas as empresas executoras das obras nele contidas”. “Em rela��o ao conv�nio com o BNDES informamos que todas as presta��es de contas e solicita��es de recursos s�o condicionadas � atualiza��o da regulariza��o fundi�ria e ambiental, o que foi providenciado no primeiro semestre do ano passado. Por meio de decretos governamentais essa regulariza��o fundi�ria e ambiental foi efetivada, n�o restando nenhuma pend�ncia para a presta��o de contas da Agetop” diz a nota.
Os advogados de defesa de Cachoeira e Wladmir Garcez n�o quiseram se manifestar.
O BNDES informou que ap�s conceder empr�stimos “realiza acompanhamento tanto da parte financeira, por meio da confer�ncia de documentos que comprovam a realiza��o dos gastos previstos na execu��o de determinada obra, quanto por meio de visitas de campo”. Sustentou que “n�o foi detectada nenhuma irregularidade na aplica��o dos recursos” da obra em quest�o.