O bicheiro Carlinhos Cachoeira se aproximou de empreiteiras estrat�gicas para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e benefici�rias de repasses milion�rios do �rg�o. Al�m das negociatas para favorecer a Delta Constru��es, a empreiteira com a maior fatia do dinheiro do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC), o contraventor manteve contatos com representantes da Data Traffic, respons�vel por obras de fiscaliza��o eletr�nica em rodovias, e da JM Terraplanagem e Constru��es, que constr�i rodovias em �reas isoladas da Regi�o Norte. O Dnit, para Cachoeira, passou a ser um �rg�o estrat�gico: o bicheiro tentou emplacar superintendentes e usou a espionagem de seu grupo criminoso para vasculhar a vida do diretor-geral do �rg�o, Jorge Fraxe, nomeado pela presidente Dilma Rousseff durante a faxina no Minist�rio dos Transportes, em setembro do ano passado.
A JM Terraplanagem e Constru��es, empresa sediada no DF, tamb�m obteve contratos milion�rios do Dnit. Mesmo com os apontamentos de superfaturamento em obras rodovi�rias no Acre, feitos pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), a JM continuou a ser beneficiada pelo �rg�o, vinculado ao Minist�rio dos Transportes. Os 10 contratos somam R$ 220,5 milh�es. O �ltimo, no valor de R$ 54,6 milh�es, � uma rumorosa dispensa de licita��o para a constru��o de estradas que integrariam duas aldeias ind�genas � BR-163, no Par�. Foi a maior dispensa de concorr�ncia j� feita na gest�o do general do Ex�rcito Jorge Fraxe. Depois de o caso ter sido revelado, em 1º de abril, Fraxe comunicou a suspens�o do contrato e dos pagamentos e a realiza��o de uma nova licita��o.
Inspe��o veicular
Os di�logos telef�nicos interceptados na Opera��o Monte Carlo trazem uma prov�vel refer�ncia � empreiteira. Cachoeira conversa com o ex-vereador Wladmir Garcez, tamb�m denunciado pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF) por integrar o alto escal�o da organiza��o criminosa, num di�logo gravado em junho de 2011. Wladmir menciona o “J�lio da JM” ao bicheiro, “aquele cara que viajou com n�s pra Cuiab�”, conforme a transcri��o. Em entrevista ao Estado de Minas, o diretor comercial da JM Terraplanagem, J�lio C�sar de �vila Oliveira, disse nunca ter visto ou conversado com Cachoeira. Mas admitiu que “batia papo” com Cl�udio Abreu, ex-diretor da Delta, que hoje est� preso por envolvimento no grupo criminoso. A JM Terraplanagem participa de um cons�rcio com a Delta Constru��es, no valor de R$ 223 milh�es, para duplicar 50 quil�metros da BR-060, em Goi�s.
A Delta foi apontada como ligada a Cachoeira a partir da revela��o de um grampo telef�nico em que o bicheiro cobra de Cl�udio Abreu a devolu��o de R$ 500 mil. Cachoeira faz refer�ncia ao ex-senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB), que exerce o cargo de secret�rio de Rela��es Institucionais no governo de Tocantins. O pai de Eduardo, Siqueira Campos (PSDB), � o governador de Tocantins. “Computa proc� aqueles 500 l�, viu? N�o quero nem ver aquele Eduardo”, diz Cachoeira. Cl�udio defende o filho do governador. “Eduardo tamb�m � bom. Ele mandou dar pra n�s a inspe��o veicular.” Na entrevista � imprensa de Tocantins, em que explicou a exist�ncia dos R$ 500 mil, Eduardo disse se tratar da doa��o feita pela JM Terraplanagem ao comit� financeiro do PSDB no estado nas elei��es de 2010. A empreiteira doou R$ 500 mil ao comit�.
O diretor comercial da JM diz ter feito a doa��o ao comit� do PSDB porque a empresa pretendia estabelecer uma parceria p�blico-privada com o governador eleito de Tocantins. J�lio C�sar afirma que n�o sabia das liga��es de Cl�udio Abreu com Cachoeira.