Reeleito para administrar Carm�sia, munic�pio de aproximadamente 3 mil habitantes no Vale do Rio Doce, o prefeito Roberto Keller (PMDB), afirma que a falta de licen�a ambiental o obriga a deixar o governo sem pavimentar ruas, iluminar e colocar rede de esgoto em um bairro que acabou de ser criado no munic�pio. Al�m de n�o ter obtido a documenta��o, outra dificuldade apontada pelo prefeito � a falta de recursos. Segundo ele, a obra no bairro, onde vivem cerca de 80 pessoas, custaria cerca de R$ 1 milh�o. “� um projeto que ficar� para o meu sucessor”, diz Keller, confiante de que o pr�ximo chefe do Poder Executivo na cidade ser� um aliado pol�tico.
Em Ponte Nova, cidade de 60 mil habitantes na Zona da Mata, o prefeito Jo�o Carvalho (PTB) diz que n�o ter� condi��es de construir uma esta��o de tratamento de esgoto (ETE). “Continuamos jogando todo o esgoto no rio Piranga que, juntamente com os rios Carmo e Gualaxo, formam o Rio Doce nove quil�metros depois de Ponte Nova”, lamenta.
Carvalho estima que a esta��o custaria entre R$ 25 milh�es e R$ 30 milh�es, e diz que o munic�pio n�o tem condi��es de bancar sozinho o projeto. “Tentamos com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), mas queriam colocar na negocia��o nosso departamento municipal de �guas, o que n�o � interessante para a cidade”, argumenta o prefeito que, apesar de a legisla��o permitir a sua reelei��o, garante que n�o vai se candidatar por ser contra os dois mandatos consecutivos.
Para Aparecido Maria da Silva (PSD), rec�m-empossado prefeito de Planura, cidade do Tri�ngulo Mineiro com 11,2 mil habitantes, o ideal seria encerrar o curto mandato pavimentando todas as ruas. “A cidade recebe muito dinheiro, mas falta fiscaliza��o dos governos estadual e federal para saber para onde os recursos est�o indo”, alega Aparecido, que era vice de Jo�o Gangini (PR), prefeito afastado de Planura por suspeitas de irregularidades em conv�nio fechado com o Minist�rio do Turismo para realiza��o do R�veillon de 2010. O novo prefeito tomou posse no dia 27 e, apesar de afirmar que os recursos da cidade s�o suficientes para as obras que o munic�pio precisa, diz que os “excessos” passados e a falta de tempo no poder o impedir�o de realizar as obras nas ruas de terra. Aparecido garante que n�o ser� candidato em outubro e que o servi�o ficar� para o sucessor.
Falta planejamento
Em Ponto Chique, na Regi�o Norte, o prefeito Jos� Boy Pre� (PSB) avisa que, por causa da burocracia ele vai deixar a prefeitura sem ter asfaltado as ruas. Ele garante que h� dinheiro “A dificuldade � a de conseguir liber�-lo”, comenta. � a mesma reclama��o do prefeito de Ibiraci, Ismael C�ndido (PT), que lamenta n�o ter conclu�do as obras do hospital municipal.
“A burocracia da Caixa Econ�mica Federal desanima”, ressaltou. Diferentemente de Jos� Boy, que poder� ainda asfaltar as ruas de Ponto Chique, caso ganhe as elei��es, Ismael, j� no segundo mandato, ter� de deixar para o pr�ximo prefeito.
A prefeita de Carm�polis de Minas, na Regi�o Centro-Oeste, Maria Lara (PSDB), jogou a culpa para a oposi��o na C�mara Municipal. “ Eu gostaria, por exemplo, de ter asfaltado e cal�ado as ruas, feito a drenagem fluvial, mas os vereadores n�o aprovaram o financiamento no Banco de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG)”, reclama a prefeita.
Para Ronaldo Gon�alves (PT), prefeito de Pains, os colegas choram muito, mas sem motivo. Ele garantiu que os munic�pios podem se sustentar com a pr�pria arrecada��o e depender menos dos governos federal e estadual. Para isso, seria necess�rio apenas planejamento. “Os prefeitos n�o cobram IPTU, por exemplo, com medo de perder votos”, conta. As alian�as pol�ticas que se desdobram em cargos de confian�a na prefeitura tamb�m atrapalhariam, na vis�o dele, a administra��o. “A gest�o p�blica tem de ser profissionalizada. Secret�rios s�o muitas vezes nomeados por causa de interesses pol�ticos e n�o por sua capacita��o t�cnica”, acrescentou o prefeito de Pains.