Bras�lia – A Comiss�o Parlamentar Mista de Inqu�rito (CPMI) do Cachoeira deixou de votar nesta quinta-feira os requerimentos que pediam a quebra de sigilo da matriz da empresa Delta Constru��es e a convoca��o de seu ex-diretor, Fernando Cavendish. Os requerimentos, por decis�o do relator, Odair Cunha (PT-MG), foram retirados de pauta para vota��o posterior.
Durante a reuni�o, o relator alegou que ainda n�o havia identificado ind�cios de comprometimento da empresa Delta com a suposta organiza��o criminosa comandada pelo empres�rio goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O relator disse ainda que esses requerimentos poder�o ser apreciados no futuro.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) tentou derrubar a retirada dos requerimentos da pauta, mas foi vencido pelo plen�rio da CPMI, que aprovou a decis�o do relator. "� um mal come�o se n�s aprovarmos esse sobrestamento", avaliou.
Al�m da decis�o de ainda n�o investigar a Delta nacional, o relator tamb�m optou por n�o colocar em vota��o as convoca��es de tr�s governadores: o de Goi�s, Marconi Perrilo (PSDB), do Rio, S�rgio Cabral (PMDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). De acordo com o presidente da comiss�o, senador Vital do R�go (PMDB-PB), esses requerimentos poder�o retornar � pauta da comiss�o no dia 5 de junho, data marcada para a pr�xima reuni�o administrativa.
Na reuni�o de hoje, a CPMI aprovou a convoca��o de 51 pessoas para prestar depoimento e quebrou mais de 40 sigilos banc�rios de pessoas e empresas suspeitas de servirem de laranja na suposta organiza��o comandada por Carlinhos Cachoeira. Entre as quebras de sigilo, est�o as das filiais da empresa Delta nos estados da Regi�o Centro-Oeste.
A decis�o do relator, que recebeu o apoio dos deputados do PT, provocou muita discuss�o. O deputado C�ndido Vaccarezza (PT-SP) chamou de "devassa" o movimento para quebrar o sigilo da empresa. "Isso est� sendo feito pelas pessoas que querem politizar a nossa investiga��o", disse.
O l�der do PT na C�mara, deputado Paulo Teixeira (SP), tamb�m defendeu a restri��o da investiga��o das atividades da Delta na Regi�o Centro-Oeste. "Quem muito abra�a, pouco aperta", disse o deputado defendendo que a comiss�o deve buscar um foco.
J� o senador Pedro Taques (PDT-MT) contestou o entendimento do relator de que n�o h� ind�cios do envolvimento da empresa Delta Constru��es no esquema investigado pela Pol�cia Federal (PF). Ele citou um di�logo interceptado pela PF no qual Cachoeira conversa com o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cl�udio Abreu.
Na conversa, Abreu e Cachoeira combinavam um encontro do senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO) com o diretor executivo licenciado da Delta nacional, Carlos Pacheco. "Ele dizia que Pacheco precisava participar de uma conversa com Dem�stenes. Ele disse que um avi�o viria pegar Dem�stenes para um encontro com o Pacheco, que � diretor executivo nacional da Delta, que tem sede na Regi�o Sudeste", informou Taques.
O senador insistiu com o relator para que o requerimento fosse colocado em vota��o. "A �tica e o crime n�o respeitam geografia. O crime n�o ocorre s� em uma regi�o. N�o h� cabimento afastarmos o sigilo da Delta s� no Centro-Oeste. N�o h� que se falar em redu��o da investiga��o e, sim, universaliza��o. N�o se trata de devassa", defendeu o senador.
O l�der do PSDB no Senado, �lvaro Dias (PR), disse que, ao n�o colocar em vota��o o requerimento para quebra de sigilo da matriz da Delta, o relator estaria "selecionando alvos". "H�, no inqu�rito, o repasse de R$ 39 milh�es para empresas laranja do senhor Cachoeira. H� grava��o com o senhor Cachoeira dizendo 'eu sou a Delta'. H�, no inqu�rito, a informa��o de que Cachoeira tinha uma sala na empresa Delta. H� a suposi��o, inclusive no Minist�rio P�blico, de que Cachoeira � um s�cio oculto da empresa Delta ou o grande lobista que atuava para marcar os interesses nas esferas municipal, estadual e federal", considerou o senador.