Comiss�o da Verdade vai receber dossi� sobre acidente que matou Juscelino Kubitschek

As circunst�ncias da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek voltar�o a ser investigadas depois de 35 anos do acidente que o matou. O presidente da Comiss�o de Direitos Humanos da Se��o Mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Willian Santos, est� concluindo um dossi� para entregar aos membros da Comiss�o da Verdade, criada nesta semana, e que vai apurar as viola��es aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, per�odo que engloba os anos de chumbo da ditadura militar.

De acordo com Santos, os documentos ser�o entregues no in�cio do pr�ximo m�s. Quem referenda a reabertura das investiga��es pela morte de JK � Serafim Jardim, secret�rio particular de Juscelino de 1967 at� a data da morte do ex-presidente, em um acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, pr�ximo a Resende (RJ). Jardim vasculhou todo o processo, as per�cias, os depoimentos e n�o acredita que a morte do ex-presidente tenha sido uma fatalidade.

Serafim Jardim conseguiu viabilizar a exuma��o do corpo do motorista do Chevrolet Opala de JK, Geraldo Ribeiro. A exuma��o ocorreu em 1996, 20 anos ap�s o acidente. Um objeto met�lico foi encontrado no cr�nio de Geraldo, o que refor�ou a teoria daqueles que acreditam em um atentado a bala como causa do acidente. Por�m, o laudo apontou que o objeto met�lico era um prego do caix�o. A vers�o oficial � que o Opala foi fechado por um �nibus da Via��o Cometa, perdeu a dire��o e se chocou com uma carreta.

O ex-secret�rio particular, que hoje comanda a Casa JK, em Diamantina, n�o se conforma e aponta ainda uma s�rie de erros no inqu�rito, ampliados quando se leva em conta que o pa�s vivia um regime de exce��o. “Os tr�s que formavam a Frente Ampla durante a ditadura morreram em circunst�ncias estranhas”, afirma Serafim Jardim. Al�m de JK, ele se refere a Carlos Lacerda e ao ex-presidente Jo�o Goulart, sendo que os tr�s morreram em um intervalo de nove meses.

Outro documento apresentado por Jardim, que ser� anexado ao dossi� da OAB-MG, � a carta do coronel chileno Manuel Contreras ao general de divis�o Jo�o Baptista Figueiredo, que era chefe do Servi�o Nacional de Informa��es (SNI) em 1975. O documento discorre sobre a possibilidade de vit�ria do democrata Jimmy Carter nos EUA, o que influenciaria a "estabilidade no Cone Sul". O general chileno cita que JK e o ex-ministro do exterior do governo do chileno Salvador Allende, Orlando Letelier, poderiam receber apoio. No ano seguinte, os dois morreram. A morte de Contreras foi atribu�da ao servi�o secreto liderado por Contreras, a Dina. JK morreu um m�s antes, quando buscava restabelecer a democracia no Brasil.

GRUPO A

Comiss�o da Verdade tem sete integrantes: Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justi�a (STJ); Jos� Carlos Dias, advogado e ex-ministro da Justi�a; Rosa Maria Cardoso da Cunha, advogada; Cl�udio Fonteles, ex-procurador-geral da Rep�blica; Paulo S�rgio Pinheiro, soci�logo; Maria Rita Kehl, psicanalista; e Jos� Paulo Cavalcanti Filho, advogado.