Escutas telef�nicas da Pol�cia Federal mostram a preocupa��o do senador Dem�stenes Torres (ex-DEM, sem partido) em esconder sua rela��o com a Delta Constru��es. Segundo a PF, o parlamentar era uma esp�cie de “s�cio oculto” da empresa. Em 8 de maio de 2011, o senador liga para Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e menciona uma poss�vel doa��o legal que teria recebido da empreiteira nas elei��es de 2010 e demonstra estranhamento e preocupa��o.
A apreens�o � tanta que o contraventor liga novamente ap�s dois minutos. “� uma usina de �lcool. Uma usina n�o sei o qu�”, diz. Aliviado, o senador responde que agora � hora de trabalhar para segurar qualquer investiga��o no Congresso. “A semana vai ser quente, mas depois esfria.”
A presta��o de contas apresentada pelo senador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que ele recebeu R$ 390 mil de cinco usinas de �lcool.
A conversa ocorreu durante uma crise envolvendo a empreiteira ap�s reportagem da revista Veja, que abordava contratos de consultoria da Delta Constru��es com o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu (PT). Os parlamentares da oposi��o cobravam a presen�a de Fernando Cavendish, ent�o presidente da Delta, no Congresso. As escutas da PF mostram que Dem�stenes cumpriu a promessa e atrapalhou o andamento das apura��es e preservou a Delta, a pedido do contraventor.
Orienta��o
Depois de conversar com o senador, Cachoeira liga para Cl�udio Abreu, ent�o diretor da Delta Centro-Oeste, e passa orienta��es. “T� triste, Cl�udio? Levanta a cabe�a. Passa. Dem�stenes ligou e falou que a imprensa nacional est� atr�s dele. Fala para o Fernando (Cavendish) que o �lvaro Dias (senador do PSDB) vai pedir a convoca��o dele, mas que n�o tem. O m�ximo que sair � convite. Ele vai se quiser, (fala) que � para ele n�o se preocupar.” E completa: “A oposi��o vai subir em cima. Ele (Dem�stenes) quer que a Delta se adiante. P�e uma nota amanh� cedo, na parte da manh�. O mais r�pido poss�vel para n�o dar muita moral para esse fato. N�o alastrar”.
Nesta ter�a, Dem�stenes prestar� depoimento no Conselho de �tica do Senado para apresentar sua vers�o. O script de sua defesa est� tra�ado: a inten��o � destacar sua biografia t�cnica, contribui��es nas comiss�es tem�ticas, passando ao largo das declara��es pol�micas. O senador pretende, ainda, ressaltar os votos obtidos em Goi�s e se deter nos argumentos levantados pelo relator do caso na comiss�o, senador Humberto Costa (PT-PE).