Mesmo ap�s escapar da convoca��o para depor na CPI mista do Congresso, o governador do Rio de Janeiro, S�rgio Cabral (PMDB), n�o resistiu ao estrago que o esc�ndalo tem provocado na imagem dos homens p�blicos flagrados com algum tipo de rela��o com os esquemas do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. E a pouca atua��o partid�ria faz com que o PMDB comece a ter ressalvas na hora de defend�-lo. Governador reeleito, lembrado como exemplo de gestor na �rea de seguran�a p�blica gra�as � implanta��o das Unidades de Pol�cia Pacificadoras (UPPs), Cabral est� arredio, evita as entrevistas e v� amea�ados os sonhos pol�ticos p�s-2014, quando deixar� o Pal�cio das Laranjeiras. De postulante ao cargo de vice em uma eventual chapa presidencial, come�a a contentar-se com uma cadeira no Senado e vislumbra a disputa pela Prefeitura do Rio em 2016.
Mandato de senador, Cabral j� teve. E na prefeitura ele substituiria o grande afilhado pol�tico, Eduardo Paes (PMDB), que come�a a ensaiar um distanciamento de seu ex-mentor. Precavido, Paes sabe que o desgaste de Cabral pode respingar na pr�pria corrida por um novo mandato a partir de 2013. Desde que o esc�ndalo envolvendo a Delta Nacional estourou, o abismo entre governador e prefeito aumentou ainda mais. “Antes, todos viam Paes como um secret�rio do governo Cabral. Agora, ele faz quest�o de mostrar que tem brilho pr�prio”, diz o dirigente de um partido aliado ao PMDB na prefeitura carioca.
Paes n�o tem Cabral como inimigo. Nem poderia. Ele amargava um ostracismo no PSDB em um momento no qual o Rio de Janeiro vivia uma “paix�o lulista”. O governador o levou para os quadros peemedebistas e convenceu o ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva a perdo�-lo dos ataques desferidos durante o auge da crise do mensal�o, em 2005. Hoje, Paes est� voando nos �ndices de popularidade e v� a reelei��o � prefeitura praticamente assegurada. E, claro, n�o quer enfrentar problemas desnecess�rios nessa caminhada.
A rigor, as chances de o governador fluminense atravessar uma turbul�ncia pol�tica s� devem acontecer ap�s a CPI receber a quebra do sigilo nacional da Delta. S� no Rio de Janeiro, a construtora tem, desde o in�cio do governo Cabral, em 2007, R$ 1,49 bilh�o em obras contratadas. Quando a CPI come�ou a se preparar para quebrar o sigilo da construtora e convocar governadores, Cabral se movimentou. Aproximou-se dos amigos no Senado e, no PSDB, pediu para ser poupado. Conseguiu. “N�o foi uma jogada pol�tica. Cabral tem muitos amigos no PSDB, ele j� foi dos quadros do partido”, declarou o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), um dos aliados de Cabral na CPI.
Mas a situa��o gerou estresse em alguns setores do tucanato. No mesmo dia da vota��o na CPI, que aprovou as convoca��es dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF), no dia 30, o l�der do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), lamentou a aus�ncia de S�rgio Cabral. No dia seguinte, durante almo�o com o presidente nacional do partido, deputado S�rgio Guerra (PE), Alvaro Dias foi r�spido: “Eu estou tentando salvar o nosso partido e voc� deixa isso acontecer? O PSDB salva o Cabral?”, protestou, segundo apurou o Estado de Minas. Duas semanas depois, Guerra fez o mea-culpa e admitiu que o governador Marconi Perillo ficou mais em evid�ncia ap�s Cabral ser “desindexado” das investiga��es da CPI. O al�vio moment�neo n�o foi suficiente para o governador fluminense e as press�es continuam.