Depoimentos de governadores v�o trazer tens�o � CPMI do Cachoeira

Marcados para amanh� e depois, os depoimentos dos governadores de Goi�s, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), devem acirrar os �nimos entre governistas e oposicionistas nesta que promete ser a semana mais tensa da CPI do Cachoeira desde sua instala��o. A bancada petista trabalha para emplacar a quebra dos sigilos telef�nico e banc�rio de Perillo, com base nas d�vidas levantadas em torno da evolu��o patrimonial do governador e das contradi��es em torno da negocia��o da casa que ele teria vendido ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.

A estrat�gia do partido � disseminar o entendimento de que o tucano abriu as portas de seu governo para a organiza��o criminosa comandada pelo contraventor. Perillo precisar� explicar as incongru�ncias entre sua vers�o para a venda do im�vel — segundo ele, adquirido pelo empres�rio Walter Santiago por R$ 1,4 milh�o, pago em dois cheques de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil — e a vers�o do empres�rio, que afirma ter pago o montante em esp�cie.

Outro ponto a ser esclarecido por ele � a den�ncia do radialista Luiz Carlos Bordoni de que teria sido pago pela empresa Alberto & Pantoja Constru��es por servi�os prestados durante a campanha de Perillo ao governo de Goi�s. As poss�veis rela��es entre a ex-chefe de gabinete de Perillo Eliana Gon�alves Pinheiro e a quadrilha de Cachoeira tamb�m devem ser um flanco de ataque para os petistas. Eliana foi flagrada em conversas telef�nicas gravadas pela Pol�cia Federal avisando o prefeito de �guas Lindas de Goi�s (GO), Geraldo Messias, que agentes da PF fariam uma busca em sua resid�ncia. Ap�s as revela��es, ela pediu sua exonera��o do cargo.

A estrat�gia do partido durante o depoimento de Perillo ser� definida hoje, em reuni�o da bancada do PT. “O que h� de mais problem�tico para o governador explicar � a exist�ncia, em sua conta banc�ria, de dep�sitos de cheques assinados por membros da quadrilha”, acredita o deputado C�ndido Vaccarezza (PT-SP).

Na avalia��o do deputado, os depoimentos dados at� agora levam a duas hip�teses que incriminariam Perillo. Na primeira, o im�vel foi vendido por R$ 2,8 milh�o, e n�o pelo valor declarado pelo governador, de R$ 1,4 milh�o. “O restante teria ido para um caixa dois de Perillo”, explica Vaccarezza. Outra possibilidade explorada pela bancada � de que parte do dinheiro pago pela casa tenha sido referente a outras negocia��es entre o tucano e a quadrilha, diz o deputado. “Existem muitos ind�cios de que h� uma liga��o forte entre o governador e Cachoeira, desde as negocia��es financeiras at� a exist�ncia de uma cota de funcion�rios do bicheiro dentro da estrutura do governo do estado”, afirma Vaccarezza.

Tucanos se armam

No lado oposto do tabuleiro pol�tico da comiss�o, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) afirma que se limitar� a “perguntas t�cnicas” no questionamento ao governador Agnelo Queiroz. “Tudo ter� a ver com o foco das investiga��es da CPI”, afirma o parlamentar. A bancada tucana, contudo, pretende tamb�m alvejar Agnelo com quest�es relacionadas a sua atua��o no Minist�rio do Esporte. “Minha principal preocupa��o ser� esclarecer a quest�o dos contratos da Delta em Bras�lia na �rea da coleta de lixo urbano e a tentativa da empresa de obter o contrato com o DFTrans de concess�o do servi�o de bilhetagem eletr�nica de �nibus na capital”, diz Francischini.

Colega de partido de Perillo, o deputado acredita que o governador dever� se concentrar nas contradi��es em torno da compra do im�vel onde Cachoeira acabou sendo preso pela Pol�cia Federal. “Ele ter� oportunidade de esclarecer as informa��es j� fornecidas pelo empres�rio Walter Santiago e pelo ex-vereador Wladimir Garcez. O mais importante ser� desfazer todas as contradi��es que apareceram nos depoimentos at� agora”, observa.

O desempenho dos dois governadores ser� decisivo para a vota��o dos requerimentos de quebra de sigilo fiscal, banc�rio e telef�nico de Agnelo e Perillo, que deve acontecer j� na quinta-feira. No mesmo dia, a comiss�o dever� analisar nove pedidos de convoca��o do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot. “Eu vou me sentir envergonhado perante meu eleitor se Pagot n�o vier ser ouvido”, afirma Francischini. “Ele tem colocado em xeque toda a CPI com suas declara��es. Ser� uma grande desmoraliza��o se ele n�o vier”.

Semana quente

» Amanh�
Depoimento do governador de Goi�s, Marconi Perillo (PSDB)

» Quarta-feira
Depoimento do governador do DF,
Agnelo Queiroz (PT)

» Quinta-feira
Vota��o de requerimentos. Fazem parte da lista a quebra de sigilo de Marconi Perillo e de Agnelo Queiroz; convoca��o do ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot; e a convoca��o do dono da Delta Constru��es, Fernando Cavendish