Bras�lia – O depoimento do governador do Goi�s, o tucano Marconi Perillo, � Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) do Cachoeira hoje ser� a primeira grande batalha da guerra que come�a a ser travada entre PSDB e PT no colegiado. O discurso em defesa da apura��o isenta dos fatos, reafirmado desde o in�cio dos trabalhos da comiss�o, deu lugar a uma franca disputa partid�ria. Os petistas ser�o os primeiros a abrir fogo, usando os grampos telef�nicos feitos pela Pol�cia Federal (PF), com autoriza��o da Justi�a, que mostram a rela��o entre Perillo e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O contra-ataque dos tucanos est� marcado para amanh�, quando ser� ouvido o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
As declara��es de parlamentares do PT e do PSDB, ontem, deram a exata medida da disposi��o de ambos de tentar atenuar os danos aos seus respectivos correligion�rios e, ao mesmo tempo, bombardear o advers�rio. O clima no Congresso deixou claro que um suposto acordo firmado entre petistas e tucanos – para que ningu�m tensione a corda durante os depoimentos, com objetivo de poupar Perillo e Agnelo – n�o passou de esbo�o. Ainda assim, parlamentares de outras legendas desconfiam de uma manobra de �ltima hora. “S� amanh� (hoje) saberemos o que � boato e o que � acordo. Eu n�o acredito (em acordo), mas, caso haja, vai ficar muito claro ao longo da sess�o”, resumiu o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ).
Embora afirme que o governador goiano deve ser questionado com contund�ncia na CPI, o l�der do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), classifica as den�ncias contra Perillo como “fatos requentados”. “A vers�o que fica � que � publicada. Esperamos que se encerre esse cap�tulo hoje para podermos passar aos outros. O objetivo do PT � usar a CPI para tirar o foco do julgamento do mensal�o, e Marconi � usado para tirar o foco de outros fatos graves, como os que envolvem a construtora Delta e o governo federal. N�o queremos uma CPI chapa-branca, como est� sendo esta”, defendeu Dias.
Laranjas
As bancadas do PT na C�mara e no Senado se reuniram � tarde para tra�ar a estrat�gia que ser� adotada na visita de Perillo � CPI. Os petistas v�o concentrar a artilharia no neg�cio envolvendo uma casa que pertencia ao governador, onde Cachoeira foi preso pela PF, em 29 de fevereiro. At� agora, h� diferentes vers�es sobre a venda da mans�o, sobretudo no que diz respeito � forma de pagamento e ao verdadeiro comprador. Suspeita-se que o bicheiro tenha utilizado laranjas para adquirir o im�vel, localizado em um condom�nio de Goi�nia. Telefonemas mostrando uma suposta proximidade entre o governador e Cachoeira tamb�m ser�o explorados, assim como as den�ncias de pagamentos de propinas a ex-funcion�rios do governo.
“A rela��o da organiza��o criminosa em Goi�s � muito forte, e Perillo n�o fez nada contra isso. Quem diz isso � a Pol�cia Federal. J� o caso de Agnelo � completamente diferente. Ele foi v�tima da organiza��o criminosa e n�o tem nada a explicar sobre isso”, disparou o l�der do PT na C�mara, Jilmar Tatto (SP), dando uma pr�via dos ataques que ser�o feitos hoje. L�der do PDT no Senado, Pedro Taques (MT) criticou a partidariza��o do debate, deflagrada assim que as suspeitas se aproximaram de governadores de duas das principais legendas do pa�s: “A CPI n�o pode ser do PT contra PSDB nem o contr�rio, mas sim uma comiss�o que busca a verdade. A CPI n�o pode ser usada com um instrumento de persegui��o pol�tica”, afirmou Taques.
Ontem, � noite, estava prevista uma outra reuni�o entre petistas para discutir estrat�gias a serem adotadas durante o depoimento.