Documentos da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em poder da CPI do Cachoeira revelam que o gabinete do senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO) funcionava como uma esp�cie de central de despachos do laborat�rio Vitapan, empresa farmac�utica que seria controlada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Nesta segunda-feira, o Conselho de �tica do Senado se re�ne para votar o processo de cassa��o de Dem�stenes.
Os dados comprovam que a equipe do senador enviava e-mails � Anvisa marcando encontros e representantes do laborat�rio usavam a assessoria parlamentar da ag�ncia para repassar demandas variadas. Em setembro de 2011, a diretora executiva da Vitapan, Silvia Salermo, encaminha e-mail para a funcion�ria do gabinete do senador Soraia Barros, com um anexo: “Assuntos que gostar�amos de tratar na nossa reuni�o na Anvisa.”
O material tamb�m mostra que, entre 2010 e 2012, representantes do laborat�rio tiveram 24 reuni�es na Anvisa, inclusive com o presidente e seus diretores. �udios da Opera��o Vegas sugerem, no entanto, que a interven��o de Cachoeira na ag�ncia reguladora � anterior. H� registros desde 2008, per�odo em que no rol de diretores estava o governador do DF, Agnelo Queiroz, j� ouvido pela CPI.
Encontro
Segundo as escutas, em 13 de outubro de 2008, Cachoeira combina com Andreia Apr�gio, sua ex-mulher e laranja na Vitapan, encontro com o ent�o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello. “Quinta-feira, 9 horas da manh�, com o presidente da Anvisa. Quinta”, refor�a o contraventor. Em 17 de outubro, Cachoeira liga para seu advogado Jeovah Viana Borges J�nior e questiona o resultado da reuni�o na Anvisa. “N�o foi 100%, mas foi boa. Pegamos v�rias orienta��es e, na semana que vem, vamos protocolizar o recurso que estamos precisando aqui no colegiado” responde. “Vai resolver tudo?”, indaga o contraventor. “A ideia � essa. O diretor-presidente entrou na sala na hora da reuni�o e falou para protocolar. S�o cinco pessoas e vamos alterar alguma coisa, de acordo com as sugest�es que eles deram aqui, no nosso recurso. A� acho que vai dar certo. Vai dar certo sim.”
Cachoeira insiste se eles estiveram com o presidente e o advogado confirma que sim. Quatro dias depois, Jeovah comenta com o contraventor que o recurso ficou pronto e que vai “protocolizar l� na Anvisa amanh�.” Agnelo reconheceu que esteve uma vez com Cachoeira durante visita ao laborat�rio, “em 2009 e 2010”, quando o governador era diretor da ag�ncia.
Lavagem
Investiga��es da Pol�cia Federal indicam que Cachoeira usava o laborat�rio para lavar dinheiro da m�fia dos ca�a-n�queis. Um m�s antes de a opera��o Monte Carlo ser deflagrada, o laborat�rio recebeu o Certificado de Boas Pr�ticas de Fabrica��o da Anvisa.
O parecer t�cnico apontava problemas na inspe��o no laborat�rio em An�polis (GO), como a presen�a de mofo e besouros no local. Em 14 de junho deste ano, novo parecer atestou a regularidade do laborat�rio, que est� em nome da ex-mulher e do ex-cunhado de Cachoeira.
O hist�rico em poder dos parlamentares da CPI indica ainda que a Vitapan respondeu administrativamente pela distribui��o de medicamentos com desvio de qualidade. Mesmo com testes e provas, o laborat�rio conseguiu se livrar de parte das multas aplicadas pela Anvisa. Autos de infra��o sanit�ria tamb�m foram aplicados � empresa pela venda de rem�dios sem autoriza��o.
A CPI tamb�m recebeu dados sobre o faturamento do Vitapan. Em 2001, foi de R$ 5,5 milh�es. No ano seguinte, R$ 21 milh�es. Em 2011, R$ 30 milh�es.