A tr�s meses das elei��es municipais, o governo abriu o cofre e despejou dinheiro nas emendas de parlamentares ao Or�amento da Uni�o, escapando assim das restri��es da lei eleitoral. O mapa da distribui��o das verbas mostra que, na partilha do bolo, os partidos da base aliada levaram mais de 90% dos recursos empenhados, enquanto a oposi��o e os independentes ficaram com menos de 10%.
Em seis dias �teis de julho, foram empenhados R$ 947,2 milh�es em emendas. Na maior parte, os recursos foram para emendas gen�ricas e de bancadas - aquelas que socorrem obras estruturantes, como a transposi��o do S�o Francisco, somando R$ 694,7 milh�es. O valor ficou 10% acima de todo o m�s de junho (R$ 627 milh�es) e tr�s vezes mais que o empenhado no primeiro quadrimestre, de janeiro a maio (R$ 214 milh�es).
Dois pesos
No varejo, a distribui��o de pouco mais de R$ 150 milh�es a toque de caixa para os parlamentares, ao ser analisada por partido, mostra a discrimina��o em favor da base aliada. A maior fatia, R$ 28,5 milh�es, foi para rateio dos 99 parlamentares do PMDB - m�dia de R$ 287 mil para cada um dos 80 deputados e 19 senadores do partido. J� o PT, que tem 86 deputados e 13 senadores, levou no total R$ 23,5 milh�es, ou R$ 237,8 mil de refor�o a cada um.
J� a oposi��o foi tratada a p�o e �gua. O PSDB conseguiu apenas R$ 4,1 milh�es (69 mil por parlamentar) e o PPS, R$ 16,7 mil - s� R$ 1,8 mil para cada um. O PSOL n�o recebeu nada. Para a oposi��o, o governo despreza a Rep�blica e repete pr�ticas patrimonialistas. "� um claro abuso do poder pol�tico e econ�mico (do governo) na medida em que turbina recursos para sua base e influencia o resultado da elei��o", disse o l�der do PPS, Rubens Bueno (PPS-PR).
O deputado Felipe Maia (DEM-RN) foi mais longe. "N�o � um caso comum de discrimina��o, � crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff porque ela usa a pe�a or�ament�ria para fins nitidamente eleitorais", reclamou. "Todos os governos, em maior ou menor grau, fizeram isso ao longo do tempo, mas esse ultrapassou todos os limites do fisiologismo."
Os quatro principais partidos da base (PT, PMDB, PP e PDT) abocanharam juntos R$ 84,2 milh�es, enquanto os quatro da oposi��o (PSDB, DEM, PPS e PSOL) levaram R$ 7,6 milh�es, pouco mais de 9%. Se forem acrescidas as verbas mandadas para outros aliados, como PSB, PTB, PRB e PC do B, o montante chega a R$ 120 6 milh�es.