Intercepta��es telef�nicas feitas pela Pol�cia Federal durante a Opera��o Monte Carlo revelam que o secret�rio de Seguran�a P�blica de Goi�s, Jo�o Furtado Neto, teria recebido propina do esquema comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para supostamente liberar repasses para a Delta Constru��es. Em conversas grampeadas com autoriza��o judicial, Cachoeira e o ex-diretor da Delta Cl�udio Abreu demonstram irrita��o com o fato de Furtado Neto supostamente ter congelado o repasse de verbas para a empreiteira.
Segundo o ex-diretor da Delta, o secret�rio teria amea�ado n�o renovar ao final do ano passado o contrato para aluguel de carros caso n�o fosse honrado um compromisso com ele. Para a PF, o acerto seria o pagamento de propina, que, em vez de ter sido repassado ao secret�rio, estaria sendo embolsado pelo governador de Goi�s, o tucano Marconi Perillo (PSDB).
"Aquela suspens�o do cara (Jo�o Furtado) e passar para o n�mero 1 (segundo a PF, Marconi Perillo), o do babaca do Jo�o Furtado, declarou guerra para n�s viu? Travou todo meu procedimento da nota fiscal ir pro (sic) financeiro para me pagar e metendo os cravos em mim", reclamou Abreu, em telefonema para Cachoeira �s 12h49 de uma sexta-feira, dia 15 de julho do ano passado.
Cachoeira pede que o ex-diretor da Delta explique a situa��o novamente. Abreu conta-lhe que o secret�rio de Seguran�a teria colocado uma pessoa "no meio do percurso" para cuidar do pagamento das faturas da empreiteira. Ele disse ainda que, com a suspens�o acerto pessoal com Furtado Neto, os repasses foram congelados. "Ele (o secret�rio) travou nossas coisas l�. Travou tudo", disse Abreu.
"E a�", perguntou Cachoeira. "E a�, mandou recado, meu amigo. Se eu n�o voltar a cumprir com ele, vai ficar tudo travado e amea�ou chegar no final do ano e n�o renovar o contrato e licitar tudo de novo", respondeu o ex-diretor da Delta.
"Vagabundo, n�o �? Porque que ele n�o pagou antes? Vou falar com Edivaldo que ele t� indo l� agora com o governador (sic)", disse Cachoeira, referindo-se ao ex-diretor do Departamento de Tr�nsito em Goi�s Edivaldo Cardoso, que deixou o cargo no in�cio de abril ap�s terem sido reveladas grava��es de conversas dele com o contraventor.
Cerca de sete horas depois, os dois voltam a se falar ao telefone. O ex-diretor da Delta pergunta a Cachoeira como foi a conversa com o n�mero 1. N�o fica claro com quem o contraventor conversou. No grampo, Cachoeira diz que Perillo quer falar com ele "pessoalmente". E acrescenta que v�o se encontrar na casa de Edivaldo Cardoso. O contraventor acrescenta que vai para a conversa com Perillo com um "arsenal".
Sem precisar data, o governador admitiu � CPI ter se reunido com Cachoeira em uma ocasi�o na casa de Cardoso. Segundo ele, os dois conversaram rapidamente sobre incentivos fiscais para a empresa de medicamentos.
Outro lado
Em nota, a assessoria de imprensa do secret�rio de Seguran�a P�blica negou e repudiou "as ila��es" envolvendo-o baseadas no vazamento de conversas entre presos da Opera��o Monte Carlo. Segundo o �rg�o, os pagamentos para a Delta seguiram um "cronograma normal" desde que Furtado Neto assumiu o cargo, em janeiro de 2011.
O secret�rio disse, por meio da assessoria, que a pr�pria PF n�o encontrou "nenhuma prova contra o secret�rio no �mbito das investiga��es" e que n�o h� uma grava��o sequer de conversa dele com qualquer um dos indiciados pela pol�cia.
A assessoria de imprensa do governador de Goi�s afirmou que n�o houve nenhuma amea�a quanto � renova��o do contrato com a Delta, muito menos a interrup��o dos pagamentos. Ele disse ainda que h� "pessoas que retiram fragmentos de mais de 30 mil horas de grava��es com a clara inten��o de montar uma ila��o sobre propinas".
Perillo afirmou em nota que j� declarou "por diversas vezes" que Cachoeira jamais lhe fez qualquer tipo de cobran�a. "Nunca algum prestador de servi�os, nos governos comandados por Marconi Perillo, teve que pagar qualquer quantia em troca de benef�cios ou cumprimento de obriga��es contratuais", disse.
A Delta negou qualquer tipo de irregularidade no contrato. "A Delta venceu concorr�ncia p�blica, aberta e transparente destinada a fornecer ve�culos para a Secretaria de Seguran�a de Goi�s. Os autom�veis foram colocados � disposi��o do estado, sempre foram usados da forma contratada e sobre este servi�o prestado havia o pagamento devido estabelecido em contrato", afirmou, em nota.
Segundo a empresa, Abreu foi afastado da empreiteira em mar�o de 2012 em raz�o das acusa��es que pesam contra ele. "A empresa n�o tem conhecimento sobre a veracidade ou n�o de conversas mantidas por ele, nem do motivo delas", afirmou. "� falso afirmar que a Delta Constru��o se beneficiou indevidamente de contratos, ou beneficiou outrem", disse.