Petistas tentam se desvincular do estigma do "mensal�o do PT"

O mais esperado e importante julgamento da hist�ria recente do pa�s envolve r�us ligados a tr�s partidos. No entanto, embora os acusados do PTB e do PR corram o risco de ser condenados, o esc�ndalo ficou conhecido como o “mensal�o do PT”. A legenda desde ent�o tenta se desvincular do processo — iniciado ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) —, que tem origem em investiga��es de fatos ocorridos ainda na campanha presidencial de 2002, que elegeu pela primeira vez Luiz In�cio Lula da Silva.

O mensal�o est� ligado ao Partido dos Trabalhadores por ter sido arquitetado, segundo as investiga��es do Minist�rio Publico Federal (MPF), para o pagamento de d�vidas de campanha assumidas pela legenda 10 anos atr�s. Al�m de envolver comandantes do PT, como Jos� Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Lula, o esc�ndalo atingiu em cheio parlamentares petistas.

Os ministros do STF julgar�o sete r�us filiados ao PT: o ex-ministro Jos� Dirceu; o ex-tesoureiro Del�bio Soares; o ex-presidente do partido Jos� Genoino; os ex-deputados federais Jo�o Magno, Paulo Rocha e Professor Luizinho; al�m do deputado federal Jo�o Paulo Cunha (PT-SP).
Em 2002, os dirigentes do PT teriam concordado em pagar R$ 10 milh�es ao Partido Liberal (atual Partido da Rep�blica – PR) em troca de apoio da legenda � campanha de Lula. O PT ent�o teria recorrido ao empres�rio Marcos Val�rio para obter um empr�stimo e quitar as d�vidas de campanha. O dinheiro, por�m, foi usado, segundo a acusa��o, para a compra de votos de parlamentares em mat�rias de interesse do governo Lula no Congresso Nacional.

“Tudo tem in�cio com a vit�ria do Partido dos Trabalhadores nas elei��es de 2002. O objetivo era garantir a perman�ncia do partido no poder”, destacou o relator do processo do mensal�o, ministro Joaquim Barbosa, durante a leitura de seu relat�rio na sess�o de ontem.
O cientista pol�tico David Fleischer, da Universidade de Bras�lia (UnB), avalia que o surgimento do mensal�o coincide com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao governo e com a busca da legenda por alian�as com partidos que at� ent�o apoiavam o PSDB nos governos de Fernando Henrique Cardoso. “O mensal�o ficou conhecido como mensal�o do PT porque foi supostamente organizado pelo governo do PT para compensar os partidos aliados pela vota��o coesa com o governo”, destaca Fleischer.

Congresso

Para o l�der do DEM no Senado, Jos� Agripino Maia (RN), n�o h� como desvincular o mensal�o do PT. “Foi um instrumento de compra de votos no Congresso a partir do Pal�cio do Planalto, na �poca do governo do PT. Inclusive com a participa��o do tesoureiro do PT (Del�bio) e do comandante da Casa Civil (Dirceu), que foi presidente do partido”, acusa o parlamentar.

J� o l�der do PT na C�mara, Jilmar Tatto (SP), enfatiza que o mensal�o nunca existiu e culpa a imprensa por relacionar o caso ao PT . “Membros do PT n�o precisam receber dinheiro para votar. A m�dia conservadora golpista � que criou esse v�nculo. Tenho certeza de que todos os r�us do PT v�o ser absolvidos. Nenhum vai ser condenado. � uma farsa criada.”