
A escolha da ordem de apresenta��o dos advogados de defesa est� ligada diretamente � sequ�ncia em que os r�us aparecem na den�ncia. Jos� Dirceu foi apontado pelo ent�o procurador-geral da Rep�blica, Ant�nio Fernando de Souza, como o “chefe da quadrilha” que operou, de acordo com alega��es do atual procurador-geral, Roberto Gurgel, “o mais ousado e escandaloso esquema de corrup��o e desvio de dinheiro p�blico descoberto no Brasil”. Del�bio e Genoino, os respons�veis por operar o esquema no PT, e Marcos Val�rio — ao lado de Hollerbach — escalados para intermediar os recursos perante os bancos BMG e Rural.
O advogado de Jos� Dirceu, Jos� Lu�s Oliveira Lima, afirmar� que n�o h� provas do envolvimento de seu cliente, acusado de forma��o de quadrilha e corrup��o ativa, com o esquema de corrup��o. Dirceu alega que n�o tinha mais qualquer rela��o com o PT ou com Marcos Val�rio, j� que, assim que tomou posse como ministro, seguiu orienta��o da dire��o partid�ria de abandonar qualquer posto de comando na legenda e se concentrar no governo.
No ataque
A defesa afirma ainda que o mensal�o foi criado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), acuado diante das den�ncias de corrup��o nos Correios — a grava��o envolvendo o ex-diretor Maur�cio Marinho — e que n�o existe qualquer rela��o entre os empr�stimos, os saques e as vota��es no Congresso. O Correio apurou que uma das tentativas centrais ser� desqualificar a acusa��o de forma��o de quadrilha, que, na opini�o de aliados de Dirceu, “essa foi a maneira de incluir Dirceu na den�ncia, j� que n�o existem quaisquer provas materiais de corrup��o envolvendo o nome do ex-chefe da Casa Civil”.
Parte da defesa de Genoino ampara-se, justamente, na decis�o do ent�o diret�rio nacional petista de que ministros do governo Lula n�o poderiam acumular postos de comando na hierarquia partid�ria. “Genoino assumiu a presid�ncia em um diret�rio j� eleito anteriormente, que tinha definido Del�bio como o respons�vel por sanar os problemas financeiros da legenda”, disse ao Correio o advogado de Genoino, Luiz Fernando Pacheco. Segundo Pacheco, seu cliente assinou os contratos de empr�stimo com os bancos BMG e Rural “porque administrativamente essa era a fun��o que lhe cabia”. Al�m disso, n�o manteve qualquer rela��o ilegal com os partidos da base aliada, travando apenas discuss�es pol�ticas para forma��o da coaliz�o que apoiaria o governo rec�m-eleito do PT.
O ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares admite que cabia a ele a miss�o de organizar as d�vidas do partido. Que, sem deliberar com a ent�o dire��o nacional do partido, procurou o empres�rio Marcos Val�rio, pois soube que ele tinha bom tr�nsito com algumas institui��es financeiras. Mas nega que os empr�stimos — segundo ele e seu advogado, Arnaldo Malheiros Filho, j� quitados — tenham sido feitos com dinheiro p�blico. Tamb�m garante que n�o h� como estabelecer um v�nculo direto entre essas verbas e a compra de apoio parlamentar no Congresso.
Na �ltima sexta, antes da acusa��o feita pelo procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, o advogado de Del�bio, Arnaldo Malheiros Filho, chamou aten��o para as dificuldades econ�micas vividas por seu cliente. “N�o conhe�o ningu�m que tenha roubado e more na casa da sogra.”
Desmembramento
Os advogados de defesa de Marcos Val�rio e Ramon Hollerbach afirmam que seus clientes n�o sabiam que o destino dos recursos dos empr�stimos, julgando que, de fato, auxiliariam na quita��o de d�vidas eleitorais. E que n�o existe qualquer rela��o entre eles e a chamada quadrilha, tendo aparecido na den�ncia apenas por conta de seus conhecimentos societ�rios e profissionais. Hollerbach afirma ainda que s� aparece no processo por ser s�cio da SMP&B.
O defensor de Marcos Val�rio, Marcelo Leonardo, tamb�m deve voltar � tese do desmembramento do processo — que provocou uma discuss�o acalorada entre o ministro-relator, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski. A expectativa � que ele fa�a um longo arrazoado mostrando que em diversos julgamentos do pr�prio tribunal os r�us sem foro privilegiado tiveram seus processos remetidos para as inst�ncias inferiores.
Na sexta-feira, Marcelo Leonardo recorreu a uma t�tica protelat�ria: como Marcos Val�rio foi citado 197 vezes por Gurgel na acusa��o, tentou estender de uma para duas horas o prazo para a defesa de seu cliente. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, negou o pedido. “Que isso fique registrado para a hist�ria”, ponderou Marcelo.
“N�o conhe�o ningu�m que tenha roubado e more na casa da sogra”
Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Del�bio Soares
“Genoino assumiu a presid�ncia (do PT) em um diret�rio j� eleito anteriormente, que tinha definido Del�bio como o respons�vel por sanar os problemas financeiros da legenda”
Luiz Fernando Pacheco, advogado de Jos� Genoino
