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Estado de Minas elei��es 2022

Retrato do futuro? Avenida Brasil tem dia de serenidade em elei��o tensa

Na via da �rea central de BH que leva o nome do pa�s, clima no dia decisivo da elei��o foi de conviv�ncia pac�fica ap�s campanha com �nimos acirrados


31/10/2022 04:00 - atualizado 31/10/2022 00:20

Gustavo Werneck e Daniel Barbosa
 
Antigos colega
Antigos colegas de escola e hoje em lados politicamente distintos, o advogado Diogo Papa e o administrador Lee Disney Pena votaram em clima de respeito (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
 

No abra�o entre dois velhos amigos do ensino m�dio uma demonstra��o de que, mesmo com as diferen�as partid�rias, � poss�vel manter la�os fraternos para garantir a uni�o do Brasil e superar a polariza��o pol�tica. Enquanto todo o pa�s ia �s urnas, na tarde de ontem, na Avenida Brasil, em Belo Horizonte, o administrador Lee Disney Pena, morador do Bairro Funcion�rios, e o advogado Diogo Papa, morador de Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, lembraram diante do Col�gio Arnaldo, na Regi�o Centro-Sul da capital, onde estudaram e votam, que esta segunda-feira � outro dia e deve prevalecer o respeito – e, dependendo do cen�rio familiar, ambiente de trabalho, contato com a vizinhan�a e demais rela��es cotidianas, deve-se buscar o entendimento.
 
Christiene Gomes
Christiene Gomes espera retomada de programas para a educa��o (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
 
 
Perto da placa da Avenida Brasil e diante do Col�gio Arnaldo, Lee, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, mostrou a tatuagem que traz no antebra�o: o mapa do Brasil com Minas Gerais e um foguete, s�mbolo das startups, sendo lan�ado de BH. “Sou um patriota. Favor�vel ao liberalismo econ�mico e contra a m�o pesada do Estado interferindo na vida das pessoas”, afirmou Lee Disney, casado e sem filhos. Para ele, esse pensamento se reflete na gera��o de empregos.
 
Avenida Brasil
Nas duas vias da Avenida Brasil, apoiadores de Bolsonaro e de Lula desfilaram suas bandeiras no dia decisivo para a elei��o do presidente (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
 
 
A partir de suas postagens nas redes sociais defendendo posicionamentos de apoio a Bolsonaro, Lee Disney conta que perdeu muitos seguidores. “Embora o Diogo pense diferente, continuamos amigos”, afirmou ao lado do colega, com quem se formou em 2006, no ensino m�dio. “Temos muitas hist�rias de vida e dos tempos de col�gio”, acrescenta Diogo, com um adesivo do ex-presidente Lula. Casado, pai de duas meninas (de 9 e 5 anos) e de um menino de 1 ano e meio, Diogo espera do governo petista de Luiz In�cio Lula da Silva que haja melhoria social e um olhar mais cuidadoso com os vulner�veis. “Que seja feito o que n�o p�de ser feito antes”, disse o advogado.

CIDADE EM MOVIMENTO Nas duas pistas da Avenida Brasil, que pode ser vista como um retrato do pa�s que escolheu ontem seu presidente, pontuavam ontem, aqui e acol�, cenas envolvendo apoiadores de Bolsonaro ou Lula. Carros com bandeiras, faixas nas janelas de apartamentos, eleitores com camisas vermelhas ou verde-amarelas, bandeiras do Brasil ba- lan�ando ao vento, ao longo de seus dois quil�metros de extens�o, da Pra�a Marechal Floriano, no Bairro Santa Efig�nia, at� a Pra�a da Liberdade.
 
A movimenta��o de pessoas, no entanto, foi pouco expressiva a partir do cair da tarde, quando veio uma chuva fina persistente. No in�cio da noite, os bares situados no primeiro quarteir�o da avenida, no Bairro Santa Efig�nia, estavam todos fechados. Por volta das 18h30, havia apenas um grupo de meia d�zia de apoiadores do presidente eleito.
 
Na outra extremidade, na Pra�a da Liberdade, tamb�m poucos eleitores com camisas, bon�s e bandeiras vermelhas dividiam espa�o com um grupo de aproximadamente 30 pessoas que ostentavam o verde e amarelo associado � campanha bolsonarista. O grupo cantava o Hino Nacional e entoava em coro "j� ganhou" e "vai embora", se dirigindo aos eleitores de Lula.
 
Em toda a extens�o da avenida, apenas dois bares estavam abertos. Em um deles, um pouco mais cheio, havia uma mesa na cal�ada com um grupo de aproximadamente oito eleitores do candidato vencedor do pleito e outras duas com casais trajando a camisa da Sele��o Brasileira.
 
Quando quase todas as urnas j� haviam sido apuradas e a vit�ria de Lula estava tecnicamente consolidada, os apoiadores de Bolsonaro pediram a conta e foram embora. Poucos minutos depois, a mesa com os clientes que trajavam vermelho comemorava. Usando um bon� do MST, a designer Luana Cardoso dosava a alegria pela vit�ria de seu candidato com a preocupa��o com as condi��es de governabilidade. “O estrago feito ao longo dos �ltimos quatro anos foi grande. N�o vai ser f�cil botar o pa�s nos eixos, ainda mais com um Congresso cheio de bolsonaristas. De qualquer forma, acho que a amea�a maior passou. Fico com a sensa��o de que estamos come�ando a sair de um pesadelo”, disse.
 
Mais cedo, em outro ponto da mesma Avenida Brasil, a professora Christiene Gomes, formada em direito e educa��o f�sica, falou de sua admira��o pelo ex-presidente Lula. “Espero que tenham continuidade todos os programas do governo petista, especialmente na �rea da educa��o”, contou a professora, na- tural de Rio Parana�ba, na Regi�o do Alto Parana�ba. Espe- ran�osa com novos tempos, Christiene acredita que seja revogada a flexibiliza��o de armas no pa�s.
 
Na hora do almo�o, bares e restaurantes estavam bem movimentados, com fam�lias inteiras curtindo o domingo. “Est�vamos comendo uma picanha”, brincou a auditora Luciana Madureira, que estava com o marido, Bruno Grossi, e os filhos Guilherme, de 7, e Gabriela, de 5. No carro da fam�lia, bandeiras do Brasil de todos os tamanhos.
 

J� na Pra�a da Liberdade, uma cena comovente. Pedindo anonimato e sem falar sua prefer�ncia, uma mulher aposentada comprava uma bandeira do Brasil e avisava que era para estend�-la no seu cora��o. “Pe�a a Deus pelo nosso Brasil, que nada de mal nos aconte�a. Precisamos de paz,
tranquilidade e detrabalho para o povo. Esse � meu desejo”, revelou a mulher, que guardou a bandeira em um saco pl�stico e depois seguiu para casa, em completo sil�ncio e enxugando as l�grimas.
 
Como na maior parte do pa�s, com exce��o de ocorr�ncias pontuais, o retrato deste Brasil no domingo de elei��es mostrava uma avenida de duas vias aparentemente aliviadas pelo fim da batalha eleitoral; uma delas provavelmente mais feliz que a outra, mas ambas seguras de que venceu a normalidade democr�tica em um pa�s que precisa ser de todos os brasileiros. 


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