
Cinco anos depois de renunciar � presid�ncia do Senado para n�o ser cassado, o l�der do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), trabalha politicamente para pavimentar o retorno dele ao cargo. Luta contra a desconfian�a do Planalto e o inc�modo do atual presidente, Jos� Sarney (PMDB-AP), queixoso de que est� com pouca for�a para fazer o sucessor. Renan atua silenciosamente, distribui agrados aos colegas da bancada para, no momento em que julgar adequado, cobrar a gratid�o daqueles a quem estendeu a m�o nos momentos em que "estavam na chuva".
Dilma j� disse pessoalmente a Renan que acha temer�rio o desejo dele de retornar ao posto de maior visibilidade do Senado. N�o adiantou muito. O Planalto, ent�o, come�ou a articular um plano B, a candidatura do ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o. Senador respeitado entre seus pares, a indica��o do maranhense serviria para agradar ao conterr�neo Sarney, permitindo que este permane�a dando as cartas, mesmo ap�s deixar o comando oficial do Congresso. A estrat�gia, contudo, esfarelou. Estimulados pela trupe renanzista, senadores fizeram chegar aos ouvidos da presidente que um nome "chancelado pelo Planalto" seria uma candidatura natimorta aos olhos da Casa. Sarney come�ou, ent�o, a ficar desconfiado de que n�o conseguiria eleger Lob�o e, ainda, perderia seu �ltimo basti�o de poder no setor el�trico. Dilma j� colocou todos os t�cnicos que queria nas estatais Furnas, Eletronorte e Eletrobras, desalojando apadrinhados.
Nos �ltimos anos, Sarney ditou as regras do setor, com o controle pol�tico do Minist�rio de Minas e Energia, incluindo os oito que durou o mandato do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Al�m disso, como a filha, Roseana Sarney, n�o poder� concorrer a um novo mandato de governadora do Maranh�o, Lob�o � um nome natural para que o grupo pol�tico que controla o estado h� d�cadas permane�a alojado no Pal�cio dos Le�es.
Renan Calheiros, ent�o come�ou a agir. Como l�der da bancada, n�o trombou de frente com o novo l�der do governo na Casa, Eduardo Braga (AM), respons�vel pela exonera��o de Romero Juc� (RR) do cargo. Com isso, sedimentou a rela��o com um dos l�deres do antigo G8, grupo de oposi��o � c�pula peemedebista dentro da bancada. Aproveitou ainda para n�o deixar ao relento o sem cargo Juc�: nomeou-o relator da Comiss�o Mista de Or�amento.
Renan passou a distribuir tamb�m relatorias de medidas provis�rias para os descontentes e emplacou Vital do R�go na presid�ncia da CPI do Cachoeira. Para conseguir a neutralidade na disputa de fevereiro, at� o senador Roberto Requi�o (PR) foi enquadrado: ganhou a presid�ncia da representa��o brasileira no Mercosul. "Isso significa que Requi�o vai votar em Renan para presidente? Provavelmente, n�o. Mas ficar� constrangido em fazer campanha contra", explicou um analista dos meandros peemedebistas.
Oficialmente, Renan diz que n�o est� fazendo campanha para nada. "As elei��es s� ser�o em fevereiro. A �nica coisa que ningu�m contesta � que cabe � maior bancada o direito de indicar o presidente. Essa bancada � o PMDB", disse ele, acrescentando que "n�o existem mais divis�es internas na legenda, como ocorria antigamente". Mas, se a press�o contra for insuper�vel, poder� apoiar outro nome, alegando que, na pr�tica, jamais pensou em voltar � presid�ncia da Casa.
Trabalha tamb�m com a diminui��o da resist�ncia ao seu nome no Planalto. Segundo apurou o Estado de Minas, se Dilma n�o faz vetos diretos ao nome do l�der peeemedebista – como j� fizera em um passado recente –, ela teme que a Casa fique ingovern�vel sob o comando de Renan, com a retomada de den�ncias antigas – como a venda de gado para frigor�ficos sem notas fiscais – respons�veis pela derrocada do senador alagoano.