A altern�ncia no poder tem sido a t�nica nas prefeituras mineiras nos �ltimos 20 anos. Desde o fim do bipartidarismo nas elei��es municipais, em 1985 – durante o regime militar a disputa era apenas entre Arena e MDB –, o prazo m�ximo em que representantes de uma das tr�s maiores legendas – PT, PSDB e PMDB – ficaram � frente de uma administra��o foi 16 anos. Mesmo assim, esses casos s�o raros. Ter o mesmo partido no poder por duas d�cadas, ent�o, � uma situa��o in�dita. Levantamento feito pelo Estado de Minas com base nos resultados dos pleitos de 1992 at� 2008 mostra que a rotatividade � caracter�stica absoluta no comando dos munic�pios de Minas e que quando o assunto � lideran�a local o nome do candidato importa mais do que a sigla.
Na lista de munic�pios que tiveram prefeitos de uma mesma legenda por quatro mandatos seguidos, aparece Ibiraci, no Sul do Estado, onde o PT conseguiu essa fa�anha. J� o PSDB repetiu o feito em Itabirinha, na Regi�o do Rio Doce; Presidente Juscelino e Santa B�rbara do Tug�rio, na Regi�o Central; Santo Ant�nio do Grama, na Zona da Mata; e em Senador Jos� Bento, no Sul. Apesar de serem mais frequentes, os casos em que os partidos se prolongam � frente da administra��o municipal por tr�s mandatos consecutivos n�o chegam a ser comuns no estado, sendo que os petistas mant�m o comando de tr�s cidades por 12 anos e os tucanos continuam com cinco prefeituras desde 2000. J� o PMDB, apesar de ser o segundo em n�mero de prefeituras mineiras (veja quadro), n�o faz parte do “clube”.
Para o consultor pol�tico Gaud�ncio Torquato, a rotatividade revela uma caracter�stica das disputas por votos no Brasil. Com pouca diferen�a entre as propostas apresentadas nos palanques eleitorais, na vis�o dele, o fator que mais pesa na hora em que o eleitor est� diante da urna � considerar o que foi prometido pelo candidato. “Essa altern�ncia deixa claro como no Brasil, quando o assunto � elei��o, os indiv�duos est�o acima dos partidos. A for�a de cada candidato junto aos eleitores de sua cidade acaba sendo mais intensa do que o sentimento de partidarismo. Hoje, as siglas s�o muito iguais, com um discurso bem pr�ximo em rela��o �s principais demandas da popula��o, por isso a diferen�a entre os candidatos � o que pode definir uma elei��o municipal”, explica Gaud�ncio.
Rotatividade Segundo o especialista, se por um lado o levantamento deixa claro que os principais partidos pol�ticos j� n�o se apoiam mais em posi��es ideol�gicas para conquistar o eleitor, por outro lado mostra que as pessoas est�o cobrando propostas mais concretas de cada candidato. Caso elas n�o sejam cumpridas, n�o ser� o fato de pertencer a uma determinada legenda que vai garantir a perman�ncia no cargo.
“A rotatividade entre os maiores partidos do pa�s no estado com o maior n�mero de prefeituras (Minas) � algo muito positivo para nossa democracia. Mostra que o eleitorado est� atento aos problemas e n�o se constrange em mudar os respons�veis pela administra��o de suas cidades, evitando que os partidos fiquem no poder por muitos anos. Como as posi��es ideol�gicas se tornaram enfraquecidas nos discursos partid�rios, � muito bom que os pol�ticos passem a ser cobrados por a��es feitas quando estiverem no poder”, explica Gaud�ncio Torquato.