Em mais um cap�tulo da troca de farpas entre Dilma e FHC, petistas e tucanos avaliam que as diverg�ncias se devem ao julgamento do caso do mensal�o e �s elei��es municipais
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso est�o amuados e o relacionamento pol�tico entre os dois n�o � mais como era antigamente. O julgamento do mensal�o, as disputas municipais %u2013 com �nfase na batalha pela Prefeitura de S�o Paulo %u2013 e o debate conceitual entre concess�es e privatiza��es marcaram uma semana que se iniciou com um artigo de Fernando Henrique Cardoso, prosseguiu com uma nota da presidente e terminou com um pronunciamento em cadeia de r�dio e televis�o. Em todos eles, farpas, diverg�ncias e um rompimento que n�o se sabe se ser� eterno.
Na noite de quinta-feira, em pronunciamento de r�dio e televis�o para celebrar a Independ�ncia do Brasil, Dilma anunciou a redu��o das tarifas de energia el�trica para consumidores residenciais e empres�rios. Mas n�o deixou de alfinetar os tucanos, ao falar sobre concess�es. %u201CAo contr�rio do antigo e question�vel modelo de privatiza��o de ferrovias, que torrou patrim�nio p�blico para pagar d�vida, e ainda terminou por gerar monop�lios, privil�gios, frete elevado e baixa efici�ncia, o nosso sistema de concess�o vai refor�ar o poder regulador do Estado para garantir qualidade, acabar com os monop�lios e assegurar o mais baixo custo de frete poss�vel%u201D, disse a presidente.
Petistas e tucanos t�m suas pr�prias justificativas para o fim da lua de mel pol�tica. L�der do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) afirma que, na verdade, as palavras da presidente embutem o desespero petista de naufragar nas elei��es municipais de outubro. Vai al�m: afirma que a poss�vel rejei��o dos candidatos do PT %u2013 em Recife, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte, por exemplo, a legenda enfrenta dificuldades %u2013 n�o � apenas motivada por an�lises administrativas.
Segundo ele, os eleitores est�o levando em conta o julgamento do mensal�o, no Supremo Tribunal Federal, para descartar um voto em candidatos petistas, e Dilma, ao assumir o papel de cr�tica acirrada de Fernando Henrique, repete o receitu�rio que sempre foi adotado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. %u201CO discurso proferido � ufanista e n�o � sincero%u201D, disse.
Alvaro Dias viu poucas novidades na fala da presidente. %u201CEla fez apenas uma repeti��o de an�ncios. Concess�o � o apelido moderno de privatiza��o. Em sua fala, apresentou-se ao povo brasileiro como generosa porque vai reduzir a conta de energia, mas n�o salientou que isso s� ocorreu em virtude de uma decis�o do Tribunal de Contas da Uni�o.%u201D
O l�der do PT na C�mara, Jilmar Tatto (SP), divertiu-se ao saber que os tucanos seguem comparando as concess�es do governo Dilma com as privatiza��es do governo FHC. %u201CIsso s� pode ser brincadeira. Eles fogem do debate porque sabem que v�o perd�-lo.%u201D Para o l�der petista, a interven��o da presidente foi importante, justamente, para se contrapor ao discurso entoado pelo tucanato. %u201CA presidente precisava marcar essa diferen�a%u201D, completou.
Al�m do mensal�o e do debate concess�o versus privatiza��o, o aumento no tom dos discursos tem como pano de fundo as elei��es municipais de S�o Paulo. Coincid�ncia ou n�o, nesta semana tanto Fernando Henrique Cardoso quanto a presidente Dilma Rousseff entraram oficialmente nas propagandas eleitorais. Dilma gravou para o candidato do PT, Fernando Haddad, enquanto Fernando Henrique participou do hor�rio eleitoral de Jos� Serra.