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Estado de Minas OPERA��O MONTE CARLO

Acusado de comandar esquema do bicheiro Cachoeira, Queiroga Neto tenta se desfazer de propriedades

Segundo a PF, im�veis foram comprados com dinheiro do crime


postado em 16/09/2012 07:33 / atualizado em 16/09/2012 07:41

Galpão em área comercial da cidade-satélite de Santa Maria é oferecido a R$ 1,5 milhão (foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press)
Galp�o em �rea comercial da cidade-sat�lite de Santa Maria � oferecido a R$ 1,5 milh�o (foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press)

O patrim�nio da quadrilha do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, est� sendo vendido �s pressas e pela metade do pre�o nas regi�es administrativas do Distrito Federal e cidades do Entorno. Temendo uma poss�vel a��o da Justi�a, o grupo criminoso articulou uma rede de v�rios corretores para “fazer dinheiro” o mais r�pido poss�vel e se livrar dos bens adquiridos com as atividades il�citas. Durante a semana, o Estado de Minas visitou, acompanhado de alguns corretores, terrenos da organiza��o criminosa em Santa Maria e em Valpara�so (GO). A constata��o � que a opera��o do grupo para “queimar” todas as propriedades compradas com dinheiro sujo est� a pleno vapor. “T� mais barato (os im�veis) porque o cara t� precisando de dinheiro. Acabaram com a fonte de lucro dele”, resume um dos vendedores.

Os terrenos, de tamanhos variados, s�o comercializados por Jos� Ol�mpio de Queiroga Neto, um dos presos pela Opera��o Monte Carlo e apontado pela investiga��o da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico Federal como um dos principais bra�os de Cachoeira no DF e respons�vel por gerenciar as casas de jogo. Ele ganhou a liberdade, por for�a de habeas corpus, em 14 de junho.

Em Santa Maria, os corretores oferecem dois im�veis “a pre�o de banana”. Um deles �s margens da BR-040, no sentido Luzi�nia (GO), ao lado de um grande supermercado. No local, com 1,5 mil metros quadrados de �rea constru�da, h� um galp�o, que serve como dep�sito. Animados com a possibilidade de receber a comiss�o de at� 5%, os vendedores afirmam que o grupo entrega a �rea por R$ 1,5 milh�o. “O pre�o de mercado � R$ 2,5 milh�es. Tem um l� que estava vendendo por R$ 3 milh�es”, avisam.

LARANJAS NA FAM�LIA O terreno est� no nome da MZ Construtora LTDA. De acordo com documentos sigilosos do N�cleo de Intelig�ncia da PF obtidos pelo Estado de Minas, a empreiteira em quest�o � apontada pela investiga��o da PF e MPF como um canal “para movimentar ou fazer tr�nsito do dinheiro arrecadado com os jogos de azar no interesse e na manuten��o da estrutura criminosa organizada”. A empreiteira em quest�o est� nos nomes de Diego Wanilton da Silva Queiroga e Fernanda da Silva Queiroga, filhos de Jos� Ol�mpio de Queiroga Neto. A reportagem tentou contato com Diego e Fernanda, mas n�o obteve retorno.

Perto da �rea em Santa Maria o grupo criminoso oferece outro im�vel, de 1,5 mil metros quadrados, murado e com �rea constru�da, pela “pechincha” de R$ 1,5 milh�o. “O pre�o certo, pelo tamanho e localiza��o, � R$ 2,3 milh�es”, afirma o corretor. A �rea est� no nome da empresa Calltech Combust�veis, cujo s�cio majorit�rio, com 99% das cotas, � tamb�m o filho de Jos� Ol�mpio.

O Estado de Minas identificou pelo menos oito corretores incumbidos de comercializar os im�veis da quadrilha. Alguns n�o t�m cerim�nia ao falar das inten��es do grupo. “Os terrenos s�o do cara que era o bra�o do Cachoeira em Bras�lia. � do cara que cuidava das coisas dele aqui no Entorno. � um empregado dele (Cachoeira). O Ol�mpio comprou os terrenos para ele. N�o est� nem no nome do Ol�mpio. Est� no nome de outras pessoas.”

O mesmo vendedor revela os planos de Queiroga: “Ele est� precisando fazer dinheiro. A conversa que nos chegou � que ele quer ir embora para os Estados Unidos. Para fazer dinheiro, est� vendendo tudo”. Quando questionado se n�o h� problemas em adquirir um im�vel do grupo criminoso, o corretor responde: “S� vai pagar com escritura na m�o, chefe. N�o aparece nada (o nome dos integrantes da quadrilha). Isso � testa de ferro. Se tu t� fazendo neg�cio errado, tu tem que chamar um cara para n�o colocar no teu nome. Se colocar no teu nome, a Justi�a pega tudo”.

O homem forte do bicheiro
Na hierarquia da organiza��o criminosa chefiada por Carlinhos Cachoeira, Jos� Ol�mpio de Queiroga Neto era um dos homens que gozavam de maior prest�gio junto ao contraventor. Membro forte do grupo, o bicheiro confiou a ele todo o gerenciamento das casas de jogos de azar, instaladas principalmente nas cidades do Entorno de Bras�lia. Al�m de organizar a operacionaliza��o do esquema, era respons�vel por cuidar dos investimentos do patr�o. Na regi�o administrativa de Santa Maria, cidade-sat�lite de Bras�lia, � conhecido por possuir terrenos “at� onde a vista alcan�a”.

Grava��es da Pol�cia Federal autorizadas pela Justi�a revelaram que Queiroga foi o primeiro do grupo a alertar Cachoeira sobre o desencadeamento da Opera��o Monte Carlo. Vinte e um dias depois do aviso, os integrantes da quadrilha foram presos. Ele acreditava que o sistema de r�dio Nextel, usado pelos membros do grupo, n�o poderia ser grampeado pelos agentes da Pol�cia Federal.

Em 13 de junho, o juiz Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Regi�o, determinou a liberdade de Queiroga. Na ocasi�o, os advogados argumentaram que a soltura n�o representaria a continuidade da pr�tica criminosa. O irm�o, Raimundo Washington de Souza Queiroga, tamb�m preso durante a opera��o da Pol�cia Federal, havia sido solto dois meses antes.

O gerente de Cachoeira est� em liberdade. No entanto, � obrigado a comparecer mensalmente � 11ª Vara da Se��o Judici�ria de Goi�s, n�o pode deixar o Distrito Federal ou o pa�s sem autoriza��o da Justi�a e tamb�m � proibido de manter qualquer contato com os outros denunciados no processo. Ao receber o habeas corpus, o bra�o direito de Cachoeira teve o passaporte confiscado.

DRIBLE NA JUSTI�A De acordo com a Pol�cia Federal, Queiroga � respons�vel por v�rias empresas laranjas do grupo de Cachoeira. Para driblar a Justi�a, os empreendimentos s�o registrados em nomes de parentes. No nome do filho, Diego Wanilton da Silva Queiroga, h� seis empresas: MZ Construtora LTDA., Calltech Combust�veis e Servi�os, Lince M�quinas e Equipamentos, Riacho Conveni�ncias e Com�rcio, Emprodata Administra��o de Im�veis e Inform�tica e, por �ltimo, Instala��es e Reformas Alvorada.

O Estado de Minas tentou diversas vezes entrar em contato com o advogado Leonardo Gagno, respons�vel pela defesa de Queiroga e do irm�o Raimundo Washington de Souza Queiroga. O defensor n�o atendeu �s liga��es nem retornou os recados deixados na caixa-postal do celular.

Em 30 de maio, Queiroga compareceu � comiss�o parlamentar de inqu�rito (CPI) que investiga as rela��es de Cachoeira e integrantes da organiza��o criminosa com pol�ticos e agentes p�blicos. Ao ser questionado pelo presidente da CPI, senador Vital do R�go (PMDB-PB), preferiu ficar em sil�ncio e foi dispensado. No mesmo dia, compareceram – e tamb�m ficaram calados – os integrantes da quadrilha Lenine Ara�jo de Souza e Gleyb Ferreira da Cruz.

PATRIM�NIO Cruzamento de dados da Receita Federal, realizado pelos integrantes da CPI do Cachoeira, apontam que a organiza��o criminosa chefiada pelo contraventor acumulou, ao longo dos anos, patrim�nio estimado em mais de R$ 100 milh�es. O valor, no entanto, � bem maior. A grande dificuldade da Justi�a � rastrear todos os laranjas usados pela organiza��o criminosa. Grande parte dos bens de Cachoeira est�o em nome da ex-mulher Andrea Apr�gio de Souza e do ex-cunhado Adriano Apr�gio. (JV)

CONVERSA DE CORRETOR COM SUPOSTO COMPRADOR

Interlocutor – Os terrenos est�o no nome do pessoal do Cachoeira?
Corretor – N�o. Tudo � laranja.
Interlocutor – O pessoal dele tem quantos terrenos para vender?
Corretor – Ele (laranja) me ligou dizendo que, agora, neste momento, tem uns tr�s terrenos l�. Tem um corretor dele a� que cuida de todos os im�veis. Mas ele passou para a gente. Deu exclusividade.
Interlocutor – Por ser um terreno que deve ter algum problema seria mais barato?
Corretor – N�o � que o terreno tenha problema. T� mais barato porque o cara t� precisando de dinheiro. Acabaram com a fonte de lucro dele e ele ficou sem dinheiro. Ele era um dos bra�os do Cachoeira. � o Ol�mpio (Jos� Ol�mpio Queiroga).
Corretor 2 – Ele (Cachoeira) tem v�rios laranjas, n�? Em cada cidade, o cara tem um (laranja). O terreno, em termos de documenta��o, t� desenrolado. Tem um grande l� que j� vendeu com projeto para 120 apartamentos. J� cavou o buraco.
Interlocutor – Mas ele t� vendendo por quanto mais barato?
Corretor – Tem um l� que tava vendendo por R$ 3 milh�es. Ele, hoje, entrega por R$ 1,5 milh�o.
Interlocutor – Pela metade do pre�o?
Corretor – �. Para 120 apartamentos, j� com projeto aprovado, com alvar� de constru��o.


Mem�ria - A��o contra a jogatina
A Opera��o Monte Carlo, desencadeada pela Pol�cia Federal em 29 de fevereiro, prendeu 28 integrantes da quadrilha do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em Bras�lia e Goi�nia. A a��o, preparada para desarticular a organiza��o criminosa que explorava jogos de azar com o apoio de policiais e pol�ticos, originou a instala��o de uma comiss�o parlamentar de inqu�rito (CPI) no Congresso Nacional. O aprofundamento das investiga��es levou o ex-senador Dem�stenes Torres (ex-DEM-GO) a ser cassado em plen�rio em 11 de julho por quebra de decoro parlamentar. Intercepta��es telef�nicas feitas com autoriza��o da Justi�a flagraram o ex-parlamentar colocando o mandato a servi�o do crime organizado. Em di�logos com Cachoeira, o pol�tico goiano chegou a alert�-lo sobre poss�veis opera��es da PF em cidades do Entorno de Bras�lia. Na CPI, as investiga��es apontaram para a participa��o da empreiteira Delta em rela��es criminosas com o bicheiro. Cachoeira, segundo os trabalhos investigativos, seria s�cio oculto da empreiteira.


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