O julgamento do homem que j� foi apontado como o segundo mais poderoso da Rep�blica come�ou com um voto pela condena��o por corrup��o ativa. O relator, Joaquim Barbosa, considerou o ex-ministro-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu o mandante do esquema de desvios de recursos p�blicos e pagamento � base aliada do governo Lula.
Barbosa condenou tamb�m o ex-presidente do PT Jos� Genoino e o ex-tesoureiro do partido Del�bio Soares, al�m de Marcos Val�rio, dois ex-s�cios, o ent�o advogado do empres�rio, Rog�rio Tolentino, e a ex-diretora financeira da SMP&B Simone Vasconcelos. Absolveu o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e a ex-gerente financeira da ag�ncia Geiza Dias.
O aguardado julgamento dos petistas no processo do mensal�o come�ou com diverg�ncias sobre a atua��o dos r�us no esquema de pagamento de propina a pol�ticos. O revisor, Ricardo Lewandowski, surpreendeu o plen�rio ao anunciar, depois das 19h, que queria come�ar a leitura de seu voto ainda na sess�o de ontem. Em pouco mais de uma hora, ele condenou Del�bio, mas absolveu Genoino, de quem fez uma arraigada defesa. O voto de Lewandowski sobre Dirceu, entretanto, ficou para hoje.
Joaquim Barbosa acolheu na �ntegra as acusa��es contra Dirceu. Descreveu a atua��o do ex-ministro como chefe da quadrilha do mensal�o, conforme aponta a den�ncia. O relator refutou uma a uma as alega��es da defesa de que ele teria se afastado das atividades partid�rias depois de assumir a Casa Civil. “O respons�vel pela articula��o da base aliada era o r�u Jos� Dirceu. Com ele se reuniam cotidianamente os l�deres parlamentares que receberam dinheiro em esp�cie. O papel de Dirceu na condu��o dos rumos das vota��es da base � mais que conhecido”, afirmou o relator.
Barbosa acrescentou que Dirceu se reunia com os cabe�as do esquema e tinha rela��o pr�xima com Marcos Val�rio, apesar das negativas do ex-ministro. Ele observou que a pr�pria mulher de Val�rio, Renilda Santiago, relatou que Dirceu se reuniu com dirigentes das institui��es financeiras que emprestaram ao PT os recursos usados para alimentar o mensal�o. “No meu sentir, est� comprovado que Jos� Dirceu controlava os destinos da empreitada criminosa, especialmente mediante seus bra�os executores mais diretos, isto �, Marcos Val�rio e Del�bio Soares”, disse Barbosa.
Lewandowski acelera voto
Com um tom de voz mais alto, muito diferente do usado em votos anteriores, Lewandowski n�o levou mais que 10 minutos para condenar o empres�rio Marcos Val�rio, dois ex-s�cios e a ex-diretora financeira da SMP&B Simone Vasconcelos. E absolveu Geiza Dias e Rog�rio Tolentino, sob a alega��o de falta de provas.
Tamb�m de forma resumida, o ministro revisor condenou o ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares, a quem chamou de “onipresente” no esc�ndalo do mensal�o. “Ele agia com plena desenvoltura ao lado de Marcos Val�rio. Ao longo dessas 30 sess�es, este nome, Del�bio Soares, sempre foi uma constante”, afirmou Lewandowski.
O voto do revisor come�ou a se estender quando ele se pronunciou sobre as condutas apontadas contra o ex-presidente do PT Jos� Genoino. O ministro foi enf�tico ao rejeitar qualquer participa��o do petista no esquema de compra de apoio parlamentar ao governo Lula, citando que a Procuradoria Geral da Rep�blica n�o apontou, em momento algum, conduta individualizada em rela��o a Genoino. “N�o se pode condenar algu�m pelo simples fato de ocupar um cargo. Mesmo depois de encerrada a instru��o criminal, o Minist�rio P�blico n�o conseguiu apontar nem de longe os il�citos que teriam sido praticados por Jos� Genoino”, destacou Lewandowski.
Defesa
Ao fim da sess�o de ontem, o advogado de Jos� Dirceu, Jos� Luiz de Oliveira Lima, afirmou que vai entregar um memorial at� amanh� aos ministros do STF, contestando alguns pontos do voto do ministro Joaquim Barbosa. Ele preferiu n�o criticar o relator, mas voltou a alegar que n�o h� provas contra o petista. “Quero ratificar mais uma vez que tenho confian�a na absolvi��o do meu cliente, uma vez que as provas produzidas na A��o Penal 470 demonstram a total improced�ncia das acusa��es do Minist�rio P�blico”, disse o defensor.