Deputado tucano destaca 'amizade' com Cachoeira em depoimento na CPI

Na retomada dos trabalhos suspensos por mais de um m�s, a CPMI do Cachoeira ouviu o deputado Carlos Alberto Ler�ia (PSDB-GO), flagrado em mais de 100 liga��es com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O deputado passou boa parte de seu depoimento falando da amizade que mant�m desde 1987 com Cachoeira. Ele atribuiu a essa conviv�ncia o fato de ter recebido do contraventor um aparelho Nextel e dinheiro a "t�tulo de "empr�stimo".

"Se � amigo meu, � para andar comigo em qualquer lugar, mantive e mantenho relacionamento de amizade com Cachoeira", alegou. "Seria hipocrisia da minha parte dizer que mal o conhe�o, mesmo se ele tiver cometido erros, n�o vou deixar de ser seu amigo".

O deputado Doutor Rosinha (PT-PR) leu trechos de grampos feitos pela Pol�cia Federal da conversa entre Cachoeira e o tesoureiro do esquema, Geovani Pereira da Silva, no qual eles acertam a entrega de valores mensais para Ler�ia. Em uma ocasi�o, o valor de R$ 20 mil, teria sido entregue ao parlamentar embrulhado num jornal. "Se tiver um saquinho a�, alguma coisa, um jornal", sugere o contraventor ao dizer ao tesoureiro, que est� foragido, como disfar�ar o montante entregue a Ler�ia num restaurante.

Doutor Rosinha disse que os repasses mensais somam R$ 100 mil. Ler�ia disse que se tratava do empr�stimo de R$ 120 mil "parcelado", que recebeu de Cachoeira para suprir um compromisso depois de ter um empr�stimo banc�rio bloqueado. "Eu devo R$ 120 mil a Cachoeira", afirmou.

Quanto �s outras grava��es mostrando seu envolvimento com o grupo, ele respondia que o di�logo grampeado estava "fora do contexto". J� o Nextel, disse que recebeu de Cachoeira quando viajou com a fam�lia para os Estados Unidos e para refor�ar o estoque de cinco aparelhos semelhantes que disse ter comprado no Brasil em seu nome. Ler�ia disse que devolveu o aparelho "dois ou tr�s meses depois".

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o depoimento em nada contribuiu para as investiga��es da CPI. "O que ficou patente foi a ideia de considerar normal a rela��o com uma organiza��o criminosa", criticou.

O depoimento que tentou "ressuscitar" a CPI evidenciou a possibilidade de a investiga��o acabar em pizza. A reuni�o marcada para esta quarta para discutir os rumos da CPMI foi adiada para a pr�xima semana e em nenhum momento o relator, Odair Cunha (PT-MG) se mostrou favor�vel aos pedidos de prorrogar os trabalhos por mais tr�s meses. O relator respondeu que somente no prazo final dos trabalhos, dia 4 de novembro, � que vai avaliar se h� ou n�o necessidade de mais tempo para concluir as investiga��es.