Uma foto de sat�lite que fosse feita sobre Minas Gerais em primeiro de janeiro de 2013, focalizando apenas as cores dos dois principais partidos rivais do cen�rio pol�tico brasileiro – que devem polarizar a disputa � Presid�ncia da Rep�blica em 2014 –, mostraria um estado pulverizado em azul e amarelo com enormes bols�es vermelhos. A mistura de tons foi definida nas elei��es do dia 7. O PSDB ficou com o maior n�mero de prefeituras, 142, contra 114 do PT. A legenda da estrela, no entanto, foi encarregada de administrar uma prefeitura a mais que os tucanos nas 50 maiores cidades do estado: petistas ficaram com dez prefeituras, contra nove do advers�rio. Na soma do eleitorado desses munic�pios, o PT leva larga vantagem sobre o PSDB. O partido vai comandar cidades que somam hoje 1,4 milh�o de votos, contra 899 mil eleitores dos munic�pios que ser�o governados pelos tucanos.
A diferen�a pode aumentar ainda mais. O PT estar� nas urnas novamente em 28 de outubro para disputa em duas das quatro cidades mineiras onde h� segundo turno: Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte; e Juiz de Fora, na Zona da Mata, respectivamente terceiro e quarto maiores col�gios eleitorais do estado. O PT j� conquistou o segundo maior, Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro. Ao contr�rio do advers�rio, o PSDB n�o tem candidato pr�prio em nenhuma das cidades em que vai acontecer novo turno de vota��o.
Em meio � onda vermelha que se formou com a abertura das urnas no primeiro turno em Minas, os tucanos garantiram ao menos uma grande jangada. Arrancaram do PT, em confronto direto, a cidade de Betim, tamb�m na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, o quinto maior col�gio eleitoral de Minas. O PSDB assegurou ainda a perman�ncia no poder em Divin�polis, Regi�o Centro-Oeste, a 11ª do estado em total de moradores aptos ao voto.
Por outro lado, tiveram uma derrota menos expressiva em termos de eleitorado, mas extremamente marcante pela simbologia. O PT venceu o candidato apoiado pelo senador A�cio Neves (PSDB) em S�o Jo�o del-Rei, na Regi�o Central de Minas, cidade onde nasceu o av� do parlamentar, Tancredo Neves, respons�vel pelos primeiros passos do neto na pol�tica.
2014 Escolhido como o articulador do PSDB para as elei��es de 2012, o deputado federal Domingos S�vio, vice-presidente da legenda no estado, afirma que a vit�ria nas urnas n�o se consolida apenas na elei��o do prefeito. “� preciso analisar tamb�m a quantidade de votos que tivemos”, argumenta o parlamentar. Para ele, o resultado em Minas, segundo maior col�gio eleitoral do pa�s, n�o causar� impacto na corrida presidencial de 2014. “A disputa eleitoral influencia muito mais na composi��o das c�maras e da Assembleia Legislativa. No plano nacional, o voto � dado com base em um ambiente macro, como a sa�de da economia, por exemplo”, acredita.
O presidente do PT estadual, o tamb�m deputado federal Reginaldo Lopes, tem avalia��o diferente do colega de Congresso. O parlamentar afirma que o resultado vai pavimentar a vit�ria de Dilma Rousseff (PT) em Minas na briga pela reelei��o em 2014. “Sou capaz de apostar n�o haver agora qualquer chance de a presidente perder a disputa no estado. O PSDB foi derrotado em Minas”, preconiza. At� mesmo a vit�ria de Marcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte, com o apoio dos tucanos, foi colocada em segundo plano pelo deputado. “O partido vencedor apoia a presidente da Rep�blica”, alega.
Preju�zo Para tentar refor�ar a participa��o no governo das cidades em que haver� segundo turno, o PSDB adotou a estrat�gia de apoiar at� mesmo quem � aliado do PT no plano nacional, como em Contagem. Na cidade, o partido da presidente Dilma enfrentar� o PCdoB, que tem Carlin Moura como candidato e j� acenou com a possibilidade de ter os tucanos ao seu lado no palanque. O candidato do PSDB em Contagem, Ademir Lucas, ficou em terceiro lugar.
Situa��o parecida com a de Contagem dever� ocorrer em Juiz de Fora, onde o PT enfrenta o PMDB, do vice-presidente Michel Temer, no segundo turno. Tamb�m na cidade, o candidato do PSDB, o prefeito Cust�dio Mattos, que buscava a reelei��o, ficou em terceiro lugar. “Eu n�o teria problemas em apoiar o PT, mas o partido ataca os tucanos de forma t�o virulenta que a rela��o chegou a um n�vel muito acirrado”, avalia Domingos S�vio. Para o deputado Reginaldo Lopes, a explica��o � outra: “Os tucanos v�o tentar pegar carona em alguma candidatura para dizer que se salvaram, que ajudaram algu�m a vencer o PT”.
