Durante sua passagem por Buenos Aires, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva negou-se nessa quarta-feira a falar com os correspondentes brasileiros na capital federal, mas concedeu uma longa entrevista exclusiva ao jornal local La Naci�n. Lula falou sobre temas espinhosos para o governo de Cristina Kirchner, entre eles infla��o, reelei��o de mais de dois mandatos consecutivos e liberdade de imprensa. O ex-presidente evitou fazer coment�rios diretos sobre o caso do mensal�o. Por�m, disse que n�o teme a possibilidade de tamb�m ser processado porque j� foi julgado pela popula��o, quando Dilma Rousseff foi eleita.
Em um momento em que o governo de Cristina Kirchner trabalha para obter maioria absoluta no Congresso com o objetivo de reformar a Constitui��o e garantir a possibilidade de concorrer a um terceiro mandato consecutivo, Lula opinou que "a democracia � um exerc�cio de altern�ncia de poder, n�o s� de pessoas, mas de setores da sociedade". Com base nessa cren�a, segundo explicou, proibiu seu partido de apresentar qualquer tipo de emenda constitucional propondo sua segunda reelei��o, mesmo tendo 87% de aprova��o popular. Ao comentar sobre Hugo Ch�vez, que recentemente conquistou seu quarto mandato presidencial na Venezuela, Lula elogiou o l�der e defendeu sua reelei��o, mas opinou que o venezuelano "deve come�ar a preparar sua sucess�o".
Perguntado sobre se voltaria a ser presidente do Brasil, Lula afirmou que "isso n�o se discute no Brasil porque creio que � um direito da presidente (Dilma) ser candidata � reelei��o". O ex-presidente afirmou que "um pol�tico nunca pode descartar" uma candidatura. "O problema � que, cada vez que fazem essa pergunta se eu digo que n�o descarto, a imprensa diz: 'Lula admite que vai ser candidato'. Se eu digo o contr�rio, dizem: 'Lula nunca mais vai ser presidente'. Eu sou um pol�tico e creio que j� cumpri minha parte", ponderou o ex-presidente.
Infla��o
O ex-presidente tamb�m opinou que "a infla��o � uma desgra�a para qualquer pa�s e, principalmente para os trabalhadores". Por isso, continuou, "quando assumi a presid�ncia e a infla��o estava em 12%, trabalhamos forte, estabelecendo uma meta de 4,5% e cumprimos essa meta e se est� cumprindo agora. E, isso � um benef�cio salarial extraordin�rio para os trabalhadores". Na Argentina, a infla��o oficial aponta um �ndice de 10%, enquanto todos os institutos privados e consultorias afirmam que a alta dos pre�os gira em torno de 25%.
O ex-presidente brasileiro comentou ainda sobre a liberdade de imprensa, outro assunto pol�mico na Argentina em fun��o dos controles exercidos pelo governo de Cristina Kirchner aos meios de comunica��o mediante a pauta publicit�ria oficial e da Lei de M�dia, desenhada especialmente para enfraquecer o grupo Clar�n, que edita o jornal hom�nimo. "Aprendi a n�o andar reclamando e dizer que a imprensa � culpada de tudo", disse Lula.