Contrariando o governo, a CPI do Cachoeira obteve no Senado o apoio de 34 senadores - sete al�m do necess�rio - para prorrogar os trabalhos por mais 180 dias, como quer a oposi��o. Na C�mara, em um �nico dia, 80 deputados assinaram o requerimento estendendo a investiga��o at� maio. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) acredita que n�o haver� dificuldade em obter as 47 assinaturas que faltam. O problema � que as assinaturas restantes no Senado e na C�mara devem ser obtidas at� o dia 4 de novembro quando termina o prazo inicialmente previsto para o t�rmino do funcionamento da CPMI.
O l�der do PSDB, senador Alvaro Dias (PR) afirma que transformar a CPI em pizza, como quer o relator Odair Cunha (PT-MG), seria evidenciar a "liga��o prom�scua" do governo com a Construtora Delta. A empresa � a maior beneficiada por recursos do PAC,tendo recebido da Uni�o mais de R$ 3 bilh�es desde o in�cio do programa. O l�der embasa suas suspeitas no bloqueio feito pela bancada governista contra os requerimentos para quebrar o sigilo banc�rio e fiscal de 29 empresas de fachada, suspeitas de atuarem como bra�os da Delta. Ele lembra que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou "movimenta��es at�picas" em todas essas empresas. Ou seja, elas n�o produzem nada, mas recebem e repassam altas somas de dinheiro.
Na avalia��o do l�der do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), h� "ind�cios claros" de que essas empresas abasteceram partidos nas campanhas eleitorais de 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita. "Tentam blindar o acesso para esconder caixas de campanha", acusa. Ele lembra que o relator e o presidente da CPMI, Odair Cunha e senador Vital do Rego (PMDB-PB), v�m paralisando os trabalhos sob os mais variados pretextos. A �ltima alega��o de Cunha � a de que j� disp�e de dados para fechar seu relat�rio. Procurado, Cunha n�o atende ao telefone. Como a investiga��o n�o avan�ou, Rubens Bueno sup�e que o relator se contentar� em repetir no relat�rio fatos j� divulgados pela imprensa. A suspens�o dos trabalhos resultou no ac�mulo de 508 requerimentos que n�o foram votados, entre eles os 29 do l�der tucano pedindo a abertura das contas das "laranjas" da Delta.
No in�cio das atividades, a CPI foi atendida pela Pol�cia Federal no pedido de disponibilizar tr�s servidores para ajudar no trabalho de investiga��o. Como dois profissionais vieram das superintend�ncias fora de Bras�lia, receberam do Senado di�rias que totalizam R$ 101 mil, segundo levantamento da ONG Contas Abertas. A Comunica��o Social da PF informa que os tr�s delegados � disposi��o da comiss�o, Alexandre da Silveira Ibarrola e Christian Robert Wuestern, que receberam as di�rias, e Cairo Costa Duarte foram indicados "em virtude da grande experi�ncia que possuem em opera��es policiais complexas, notadamente em assuntos relacionados a crimes financeiros e lavagem de dinheiro".
O certo � que, por mais experiente que sejam, sem acesso a dados, eles nada puderam fazer. O Senado, que bancou as di�rias, esconde os valores, a exemplo do que faz em todas as ocasi�es em que se questiona o uso de dinheiro p�blico. Mas avisa que, se depender da Casa, a CPI pode prorrogar o quanto quiser os trabalhos porque n�o faltar� dinheiro. "Mesmo com o pagamento das referidas di�rias aos delegados federais e transcorridos quase seis meses de trabalho, a CPMI n�o consumiu todos os recursos financeiros que foram previstos em sua instala��o", informa a comunica��o social da Casa.