Com a conclus�o do segundo turno das elei��es municipais, a presidente Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador A�cio Neves (PSDB-MG) despontam como os tr�s principais personagens do tabuleiro pol�tico de 2014. Ao influenciar de forma decisiva a elei��o do petista Fernando Haddad para a Prefeitura de S�o Paulo, a presidente enterra a imagem de inabilidade pol�tica e se credencia como uma das principais negociadoras do PT, consolidando o projeto de reelei��o. Amparado por um PSDB que sai das urnas como o partido mais forte da oposi��o, elegendo nove prefeituras das 17 que disputou no segundo turno, A�cio se afirma como pr�-candidato tucano para 2014. Disputado por ambos, Campos emerge das urnas no comando de um dos partidos de melhor desempenho este ano, com cinco vit�rias nas 26 prefeituras.
Dilma se credenciou diante do partido e tamb�m dos aliados. “Agora, ela n�o � mais um produto de afirma��o do PT, ela tem for�a pr�pria e levar� isso para 2014”, observa o secret�rio-geral do PSD, Saulo Queiroz, preparando o embarque da legenda para uma base aliada que tende a encolher, sobretudo por conta do fortalecimento do PSB. A legenda de Eduardo Campos conquistou vit�rias de peso, inclusive contra o PT: em Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) venceu Patrus Ananias (PT).
No Recife, Geraldo J�lio atropelou o petista Humberto Costa, candidato do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. O partido ganhou ainda em cinco das seis cidades em que disputava o segundo turno, elegendo os prefeitos de Porto Velho, Cuiab�, Fortaleza, Campinas (SP) e Duque de Caxias (RJ), e saltou da nona para a sexta posi��o entre os partidos no ranking de prefeitos eleitos, ao conquistar o comando de 442 munic�pios.
Oposi��o
No caso do PSDB, a elei��o de prefeitos em 702 cidades, sendo quatro capitais, fortalece os tucanos e refor�a a imagem de A�cio como a aposta do partido para a corrida ao Pal�cio do Planalto. O senador trabalha por uma alian�a com Eduardo Campos, que, se consolidada, teria o poder de unir a influ�ncia do governador pernambucano sobre o eleitorado nordestino ao tr�nsito do senador mineiro na Regi�o Sudeste. Uma eventual alian�a entre esses dois atores para 2014 teria ainda o efeito colateral de fortalecer o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que chegou a ter amea�ada a presen�a em uma chapa presidencial com Dilma, mas se confirma hoje na posi��o de principal interlocutor entre a presidente e o principal partido aliado.
Reflexo das urnas
Veja a influ�ncia das elei��es deste ano para alguns personagens do cen�rio nacional
Dilma Rousseff
Descolada do PT, que foi ao banco dos r�us no julgamento do mensal�o, a presidente tem a colher os frutos de sua participa��o em palanques estrat�gicos do partido nas elei��es municipais, sobretudo S�o Paulo, mas deve enfrentar uma redu��o da base governista com o surgimento de novos advers�rios para 2014.
Luiz In�cio Lula da Silva
O principal projeto do ex-presidente este ano — a elei��o de Fernando Haddad em S�o Paulo — foi concretizado, dando palanque ao PT no maior col�gio eleitoral do pa�s, e a Lula a consagra��o de seu poderio como principal cabo eleitoral e articulador pol�tico do partido.
A�cio Neves
Depois de dois anos priorizando a movimenta��o nos bastidores do PSDB, o senador mineiro percorreu palanques em todo o pa�s, consolidando sua pr�-candidatura para a pr�xima disputa presidencial. Dentro do partido, a �nica oposi��o contabilizada � sua entrada na corrida pelo Pal�cio do Planalto � a de Jos� Serra, que ter� a influ�ncia no PSDB ainda mais reduzida ap�s a derrota de ontem.
Gilberto Kassab
Deixa a prefeitura de S�o Paulo com p�ssima avalia��o, mas com capital pol�tico significativo por ter conduzido a montagem e a consolida��o do PSD como a terceira for�a pol�tica do pa�s em n�mero de prefeituras, o que � fundamental para a forma��o de maioria na C�mara, em 2014.
Michel Temer
Principal interlocutor do PMDB nas negocia��es com o PT para 2014. Conseguiu pacificar as rela��es entre as bancadas do partido na C�mara e no Senado e pavimentou o apoio de Gabriel Chalita, derrotado no primeiro turno, ao candidato petista � Prefeitura de S�o Paulo, Fernando Haddad. Com esse capital nas m�os, articula a recondu��o � Presid�ncia do PMDB e se cacifa para continuar como vice de Dilma na chapa pela reelei��o.
Eduardo Campos
Formalmente aliado da presidente, o governador de Pernambuco acumulou muni��o suficiente para ser encarado tamb�m como uma amea�a em potencial para o projeto de reelei��o de Dilma, sobretudo pela proximidade com o mais prov�vel advers�rio do PT na corrida presidencial de 2014, A�cio Neves.
Jos� Agripino Maia
Conseguiu arquivar o progn�stico de extin��o do DEM e o de fus�o com outra sigla, o que reduziria ainda mais o poder de fogo da oposi��o. Considera uma poss�vel candidatura solo do partido para a Presid�ncia da Rep�blica.
S�rgio Guerra
Deve deixar a Presid�ncia do PSDB no pr�ximo ano, mas conquistou for�a dentro do partido como um dos caciques da ala que apoia a candidatura de A�cio Neves.
Absten��es preocupantes
A absten��o nas elei��es municipais de ontem foi a segunda maior na hist�ria dos segundos turnos do Brasil. Ao todo, 19,11% dos eleitores n�o compareceram �s urnas. O n�mero s� � menor do que nas elei��es de 1996, a primeira totalmente informatizada no Brasil, quando o �ndice chegou a 19,4%. O segundo turno come�ou a valer em 1992. O n�mero de ontem tamb�m � maior do que no primeiro turno de 2012, quando 16,4% dos eleitores n�o foram votar. Em 2008, o �ndice de absten��o foi de 18% no segundo turno e de 14,5% na primeira fase do pleito. A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra C�rmen L�cia, disse na noite de ontem que se “preocupa” com o �ndice alto de absten��o e que a Justi�a Eleitoral e especialistas dever�o analisar meios mais “eficazes” de convidar o eleitor a votar.